Marchinhas tradicionais ainda são influentes nas festas de carnaval

As tradicionais marchinhas de carnaval ganham força nesta época do ano, e são muito procuradas pelos principais serviços de streaming

Bruno Menezes | Especial para OLiberal
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O Carnaval é composto por uma pluralidade de produções artísticas dos mais variados gêneros. Na música, além dos clássicos sambas-enredos que tomam conta da avenida, a folia também abre espaço para as tradicionais marchinhas, canções populares que envolvem os brincantes e fazem parte da identidade cultural desta festa.

O Pará não fica de fora da diversão proporcionada por essas músicas. Diversos artistas paraenses já compuseram suas próprias marchinhas, as quais sempre embalam os foliões nos bloquinhos de rua e nas festas espalhadas nos municípios do estado.

Marcelo Nassilva é um músico conhecido por suas marchinhas de carnaval autorais. Ele conta que sua relação com esse tipo de música começou desde a infância, graças a influência musical de seu pai.

“Na infância, eu me recordo que meu pai comprou uma vitrola e ela veio com todos os tipos de vinis que você possa imaginar. A primeira música que eu me lembro é a ‘Moleque Indigesto’, que fala assim: ‘Eta, moleque bamba Pega a cabrocha, pisca o olho e cai no samba’, foi a primeira marchinha de carnaval que eu ouvi e desde esse momento eu comecei a me interessar pelas marchinhas de carnaval”, relata o artista paraense.

Assim como Marcelo, pessoas de todo o Brasil possuem uma memória afetiva muito forte ligada às marchinhas. Segundo Felippe Llerena, diretor da Nikita Music, durante o período do carnaval, a procura por essas músicas em plataformas de streaming chega a aumentar em 2500%.

De acordo com um levantamento da Ecad, a música mais popular do país ´se chama “Mamãe eu Quero”, da banda Gol. Outras músicas extremamente populares são: "Me Dá Um Dinheiro Aí", "Jardineira", "Allaah-La-Ô", "Ta-hi (Pra Você Gostar De Mim)", "Cidade Maravilhosa", "Marcha da Cueca", "Saca-rolha", "Vassourinhas" e "Sassaricando".

Todas essas músicas serviram de inspiração também para Marcelo Nassilva, que ainda jovem, começou a compor suas marchinhas. Uma das primeiras canções escritas por ele chama-se “Eu Vou Tomar no Saco e Vocês Tomam no Caneco”, uma música cheia de duplo sentido e que geralmente faz os ouvintes darem muita risada.

“A criação dela ocorreu de forma inusitada. Há muito tempo, na época em que eu bebia, eu fui buscar cerveja num bar e o rapaz colocou a cerveja num saco plástico. Neste momento eu conversava com um senhor no local e ele me disse ‘tu vai tomar no saco’, e eu retruquei falando ‘e você vai tomar no caneco’. Assim que cheguei em casa peguei o violão e comecei a compor”, conta Marcelo se divertindo ao lembrar da situação.

image Marcelo Nassilva é autor de diversas marchinhas que já viralizaram no Pará (Foto: Arquivo pessoal Marcelo Nassilva)

Outra criação do cantor de muito destaque se chama ‘Carnaval no Pará’, que foi vencedora do Concurso de Marchinhas da TV Liberal. A música foi vencedora através da escolha popular e recebeu 49,10% dos votos.

O compositor afirma que ‘Carnaval no Pará’ saiu de forma totalmente espontânea, mas por pouco ele quase perdeu as inscrições do concurso.

“Eu nem sabia do concurso que tava acontecendo. Numa madrugada, a minha irmã me ligou e perguntando se eu tinha me inscrito no concurso da Liberal. Eu vi que faltava um dia pra fechar as inscrições. Fiquei na dúvida se eu me inscrevia ou não. Aí fui no banheiro e quando voltei já veio uma linha melódica na cabeça. Eu comecei a desenvolver e naquela mesma noite a letra já estava concluída, foi uma composição relâmpago”, diz o artista, que foi responsável por tocar todos os instrumentos para gravar a música.

Para o cantor, as marchinhas são parte da essência do carnaval e estão ligadas a festas tradicionais que ele sempre viveu, algo que ele lembra com saudosismo.

“A marchinha ela vem da fanfarra, é uma vertente, uma célula do samba. La no início as pessoas iam pra rua com um bumbo, dois pratos de chimbal e faziam a festa. Não precisava de muito incentivo, as pessoas só se reuniam pra fazer sua brincadeira, uma união em um só coração, e essa é a essência do carnaval. É preciso relembrar aquele sentimento. Eu sou saudosista, mas não do tipo que traz marasmo, um saudosismo alegre, de ver as pessoas se divertindo, sempre com consciência, responsabilidade e respeito”, pontua Marcelo Nassilva.

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