Livro traz conhecimento e comida amazônica para a sala de aula
A publicação pretende alfabetizar por meio de receitas de sabores amazônicos
Moradora do bairro Barreiro, Francisca Costa, 64, está na escola e aprende sobre vogais, números e corpo humano por meio de alimentos da Amazônia. É um projeto implementado em 30 escolas da rede municipal de Belém, que ofertam a Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai), no âmbito do Movimento Alfabetiza Belém (Mova Belém). E, nesta terça, 6, às 19h30, por meio de uma transmissão ao vivo, através do Google Meet, foi lançado o instrumento pedagógico “Alfabetização à mesa: aprendendo com os sabores amazônicos”, da coordenação da Ejai e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), que tem como autores os professores Miguel Picanço e Carlos Santos.
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“Audaciosamente, o livro pretende alfabetizar por meio de deliciosos sabores amazônicos, dialogando intrinsecamente com a pedagogia de Paulo Freire, na qual a cultura dos sujeitos ocupa lugar fundamental”, ressalta Picanço, também coordenador da Ejai. E diz que o livro surge para atender a demanda do projeto “Alfabetização à mesa”, junto aos alunos do Mova Belém. A publicação apresenta atividades didático-pedagógicas pautadas em conhecimentos alimentares da Amazônia. Há exercícios elaborados que ressaltam a mandioca e seus derivados como, beiju, caribé, chibé, farinha, maniçoba, tucupi, pato no tucupi e tapioca.
“Eu achei legal. Uma aula diferente. As palavras que os professores escreveram no quadro geraram outras, fazendo disso um ato de leitura importante para nós aprendermos a partir dos ingredientes do chibé”, disse a estudante Costa, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Comandante Klautau, do bairro Sacramenta.
E sua colega, Danielle Neves, 38, comentou: “Minhas memórias afetivas começam quando eu era criança. A nossa vó vinha com uma vasilha com água e farinha. Dizia que era chibé... provamos, comemos com peixe.” Para Picanço, o projeto “Alfabetização à mesa” propõe valorizar e recontar histórias, memórias afetivas e gustativas, além de trazer a comida cabocla e amazônica para a cena dos processos de alfabetização. “A comida, como linguagem de identidade e pertencimento, é concebida como fio condutor, ou como diria Freire, como tema gerador dos processos de alfabetização de jovens, adultos e idosos”, acrescenta.
A professora Raquel Santos, 34, há oito anos na Ejai, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Solerno Moreira, do bairro Terra Firme, ressalta: “Acredito que a proposta venha a ser um instrumento pedagógico enriquecedor para a sua prática e interação com os educandos. A forma como a nossa cultura ancestral, através da alimentação, é resgatada e dimensionada para a reflexão e o cotidiano da sala de aula, nos dá possibilidades no fazer pedagógico.”
Segundo Picanço, o livro tem um viés de sustentabilidade e de preservação da cultura alimentar ancestral. “E apresenta essa discussão e debate por meio de imagens, textos e conversas em sala de aula, considerando o fato de estarmos às vésperas da COP-30, que acontecerá no próximo ano”, finaliza.
Serviço:
Lançamento do livro “Alfabetização à mesa: aprendendo com os sabores amazônicos”, produzido e elaborado no âmbito do Coejai/Semec/PMB
Dia: 6 de fevereiro de 2024 - terça
Hora: 19:30
Local: Google Meet
Participação: Professores alfabetizadores da Ejai, professores e especialistas em educação
Informação: semecimprensa@gmail.com
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