Literatura está de luto com a morte de Vicente Cecim

O escritor paraense morreu vítima da Covid-19

Bruna Lima/ O Liberal
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O escritor paraense Vicente Franz Cecim morreu vítima da Covid-19, nesta segunda-feira (14). A informação foi confirmada no final da tarde, por familiares e amigos do escritor. Cecim estava internado no Hospital Ophyr Loyola, e na terça-feira passada,  teve uma alteração no quadro de saúde e precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva da unidade  para receber ventilação mecânica. 

A notícia sobre o agravamento do quadro foi informada pela filha de Vicente, Virgínia Cecim, que usou as redes sociais para falar sobre a situação do pai. O fotógrafo Bruno Cecim, que também é filho do escritor e já realizou alguns trabalhos ao lado do pai, disse que o momento é difícil e que tem orgulho da trajetória dele.

"O meu pai além dessa importância como escritor, sempre foi uma pessoa muito boa, honesta e muito sensível. Ele não aceitava que não matassem uma formiga perto dele. Ele ficava com raiva. Era uma pessoa que ajudava quem precisava. O meu pai para mim é como se fosse meu guru. Foi um privilégio ser filho dele", disse Bruno.

A família ainda está resolvendo sobre questões de velório e enterro.

O escritor

Vicente é autor de mais de 15 obras literárias e seu último livro foi lançado no ano passado, "Viagem de Andara", que reúne 18 livros em 1.238 páginas, incluindo três obras inéditas da saga. 

A literatura de Vicente Franz Cecim é multifacetada e marcada pela presença da natureza e de diversos elementos da Amazônia. O autor chama de livros visíveis os livros que escreve, mas os reúne na obra imaginária “Viagem a Andara oO livro invisível”, que não escreve e só existe na alusão de um título.

Segundo Cecim, Andara é literatura fantasma. E à medida que sua obra se faz e desfaz, ela contamina a própria noção de realidade, interrogando o que se oculta sob a aparência do mundo. Até pouco tempo, ele fez parte da equipe do caderno de cultura de O Liberal, onde escreveu matérias e artigos de literatura.

O escritor fez um apelo à insurreição da Amazônia em seu Manifesto Curau, lançado durante o Congresso da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, de 1983, realizado em Belém.

Antes de iniciar a carreira de escritor, Vicente começou com o ciclo de filmes Kinem Andara, na década de 70. O material já está em versão digital. Em 2007, ele voltou a filmar e produziu “Marráa Yaí Makúma- Aquele que dorme sem sono” na companhia do filho Bruno Cecim. Entre seus filmes mais recentes consta: A Lua é o Sol. O uso das imagens é também uma característica da sua obra literária. Sob a forma de ícones, mesclando som e movimento virtuais.

Vicente Franz Cecim, jornalista e publicitário, nasceu em Belém do Pará, onde vive até hoje. Seus avós pa­ternos eram libaneses e italianos que imigraram para a Amazônia no início do século 20. Da mãe brasileira, paraense nascida em Santarém, a escritora Yara Cecim (1916-2009), o escritor herdou o gosto pelo mundo natural.

Em 1980, recebeu o prêmio Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos de Arte (Apca), por sua segunda obra, “Os animais da terra”. Em 1981, “A noite do Curau”, primeira versão do terceiro livro de Andara, “Os jardins e a noite”, recebeu menção especial do Prêmio Plural, no México.

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