‘Leia Mulheres’: clube de Belém completa 8 anos com mediação na Ilha do Combu; saiba como participar

O encontro ocorrerá neste sábado, 25 de maio, em um restaurante da ilha. Às 9h, os interessados devem se encontrar na Praça Princesa Isabel

Amanda Martins

O movimento internacional Leia Mulheres se espalhou por mais de 100 cidades brasileiras, contando com mais de 400 mediadoras espelhadas pelo país. No Pará, o projeto está presente em Belém, Capanema, Bragança, Salinópolis e Ananindeua. Este mês, o clube da capital paraense celebra seu oitavo aniversário, dando continuidade em uma trajetória de encontros que começaram em maio de 2016, com a leitura de “Poética” de Ana Cristina César. 

Atualmente mediado por Juliana Sepêda, Erika de Aquino e Alynne Rodrigues, o Leia Mulheres Belém continua a ser um espaço de acolhimento e diálogo sobre a representatividade feminina na literatura, e, a transformação de leituras em experiências coletivas.  

Erika, que se juntou ao clube em 2021 como leitora, compartilhou a importância do projeto em sua vida. Ela passou a frequentá-lo para se sentir estimulada a ler durante a pandemia. “Os encontros retornaram de maneira on-line e pude voltar a me encontrar com as palavras, ouvir a percepção dos outros, formular as minhas. Encontro em encontro fui criando comprometimento de estar junto, de ler os livros”, afirmou a professora de literatura e língua portuguesa.

Ter se tornado mediadora para Erika foi uma verdadeira virada de chave. Uma das primeiras mudanças que ela, Larissa Rosendo -mediadora na época - e Alynne realizaram foi em relação à curadoria das leituras, garantindo uma variedade de estilos, temas e lugares. “Ser mediadora é exercer muito a escuta e isso é um desafio social: acolher o que a outra pessoa diz”, complementou Aquino.

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A professora afirmou que completar oito anos de existência e permanência no clube de leitura é demostrar que, além de ter dado certo, ele é muito necessário para a sociedade. “Eu me orgulho de fazer parte de um grupo que se acolhe até nas discordâncias e que se importa com o que o outro tem a dizer, pois nos esforçamos para que todos sintam que o nosso clube é um espaço seguro de trocas”, declarou Erika.

Para a arte educadora e professora de literatura, Juliana Sepêda, que iniciou esse ano como mediadora, entrar no clube serviu como uma válvula de escapa física e mental, e a “resgatou de si mesma”. 

Ela destacou que a representatividade é fundamentalmente para o projeto: “A importância de ler mulheres é encontrar narrativas que dialoguem com o nosso dia-a-dia. Histórias narradas pela perspectiva da mulher, diferente do que encontramos no cenário história da literatura”. 

Já Erika relembra que muitas escritoras tiveram que sacrificar seus próprios nomes, substituindo-os por um nome masculinos, outras perderam seus trabalhos para outros homens ou não conseguiram publicar em sua época. Então, para ela, ler mulheres é um ato político. 

“Ler mulheres, há nessa composição um verbo no imperativo, leia, que me faz pensar nesse ato. Não podemos em nossa época não ter esse olhar ampliado para a diversidade autorias”, afirmou a professora. 

LEITURAS QUE MARCAM

Muitas foram as leituras que marcaram a vida literária de Erika e Juliana ao longo de quase uma década de mediação no clube. Aquino destacou “Tudo sobre amor”, de bell hooks; “Eu, Tituba, bruxa negra de Salém” de Maryse Condé e “Flor de Gume” de Monique Malcher,  como obras que a encontraram na hora certa. 

Juliana mencionou ter se sentindo tocada por discussões sobre livros com temática de maternidade, especialmente “A filha primitiva” de Vanessa Passos. “Foi algo difícil de ler e que acessou uma discussão profunda tanto em mim quanto nas pessoas que participaram desse encontro”, acrescentou a arte educadora. 

CURADORIA 

As mediadoras explicaram, que esse ano, a curadoria dos livros que serão lidos ao longo do ano pelo clube Leia Mulheres Belém, foram pensados no critério da diversidade e em assuntos que estão em evidência no momento. Já a ordem das leituras, foram intercaladas entre complexas e tema mais leves. 

Ao longo de 2024, passaram pelo clube os livros "Sacrifícios Humanos", de Maria Fernanda Ampuera; "Originárias: uma antologia feminina de leitura indígena", de Trudruá Dorrico e Maurício Negro; "Tornar-se Palestina", de Lina Meruane.

Como participar do clube Leia Mulheres Belém este mês?

Para este mês de meio, é a vez de “Os sete maridos de Evelyn Hugo”, de Taylor Jenkins Reid. “É uma leitura mais leve para comemorar o aniversário do Leia Mulheres. Pensamos, então, em colocar um best seller que prende o/a leitor (a) a querer saber, afinal, o que Evelyn Hugo tem a revelar?”, disse Juliana. 

De forma excepcional, o encontro comemorativo aos 8 anos do clube de leitura, será realizado na Ilha do Combu com a roda de leitura e depois almoço, no próximo sábado (25/5). Os interessados em participar, devem se dirigir a Praça Princesa Isabel, às 9h, onde os leitores partirão para o encontro literário. 

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SAIBA COMO PARTICIPAR DO CLUBE 

O clube tem o objetivo de ser uma roda de conversa em que as mediadoras deixam todos à vontade para compartilhar suas impressões sobre a leitura. Os encontros são gratuitos e, este ano, estão divididos entre o Centro Cultural Sesc Ver-o-Peso, no bairro da Campina, e a Casa da Linguagem, no bairro de Nazaré, todo último sábado de todo mês, às 10h. 

“Então, para frequentar, basta ter lido o livro do mês, mas tudo se não tiver lido também, desde que não se importo com spoiler, e, aparecer na data marcada que divulgamos todos os meses no Instagram @belem.leiamulheres”, informou Erika. 

Os encontros ocorreram como uma partilha de leitura e vivência de cada pessoa. “Todas as pessoas são bem-vindas. O clube é para ler mulheres, mas a discussão é aberta a todas, todos e todes que se sentiram motivados a participar”, acrescentou a mediadora. 

Os próximos livros que serão lidos pelo clube são, respectivamente, nos meses:

  • Junho - "Na Casa dos Sonhos", de Carmem Maria Machado;
  • Agosto - "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves;
  • Setembro - "Abraço sua Crina", de Antônia Nayane;
  • Outubro - "O Desejos dos Outros", de Hanna Limulja;
  • Novembro - "Continuo preta: A vida de Sueli Carneiro", de Bianca Santana;
  • Dezembro - "Quase tudo são flotes", de Karipola.





 

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