Evento tem dia dedicado à voz das mulheres brasileiras, no Hangar

Entre as convidadas da programação estão a jornalista paraense Cristina Serra e a escritora Djamila Ribeiro

Vito Gemaque
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A crise ambiental com as queimadas na floresta Amazônica, no cerrado e na Mata Atlântica é fruto de retrocessos ambientais que o país estaria atravessando na avaliação da jornalista Cristina Serra. A profissional, que ficou conhecida pelos 26 anos de trabalho em coberturas e reportagens especiais na TV Globo, atualmente se dedica ao jornalismo ambiental. 

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Ela participará nesta quinta-feira, dia 29, da palestra “Literatura e Jornalismo Ambiental em tempos de retrocesso”, a partir das 18h, na Arena Multivozes. A atividade faz parte da programação da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro, realizada no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, que nesta quinta-feira tem como tema ‘Vozes da Mulher’. A noite da feira do livro terá os shows de Luê, às 21h, e de Keila, às 22h. Nos próximos dias a feira terá  a participação ainda de Eliane Potiguara, Edyr Proença e Xico Sá.

Neste mês uma nova crise agrava a credibilidade do presidente Jair Bolsonaro, o crescimento das queimadas na Amazônia e as respostas que o governo federal deu para o problema. Por causa do que foi considerado um desprezo do governo pela questão ambiental, França e Irlanda ameaçaram votar contra o acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia. Na avaliação de Cristina Serra, mesmo sem que tenha havido mudança na legislação, ações do  governo federal desde o início deste ano tem encorajado o crime ambiental.

“O retrocesso não é só mudança de legislação, o presidente não precisa mudar a legislação, basta que ele estimule a infração penal e o crime ambiental para que este retrocesso se transforme em realidade”, enfatiza.

“O maior retrocesso que estamos vivendo na área ambiental é o crime que está em andamento na floresta amazônica. Este crime foi estimulado pela linguagem do governo atual, que é uma mensagem encorajadora. Quando o presidente aparece ao lado do ministro do Meio Ambiente desmoralizando o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], dizendo que não se deve cumprir a lei, que os fiscais do órgão não devem queimar ou destruir os equipamentos dos infratores, está estimulando o crime ambiental”, complementa.

Cristina que acompanhou por muitos anos o meio político diretamente em Brasília revela que a experiência lhe ajudou para que hoje saiba o impacto em todo o Brasil das pequenas mudanças de  regimentos e normas internas feitas pelos governos. “O presidente está mudando muita coisa de gestão, ao desarticular os órgãos ou ao desestruturar o que se tinha por decretos, muito embora não seja visível, são mudanças de microscópio, em decretos, portarias, e regimentos. Só quem acompanha com lupas estes processos consegue acompanhar”, explica.

A jornalista se aprofundou no estudo das questões ambientais lançou no ano passado o livro “Tragédia em Mariana – História do maior desastre ambiental do Brasil”. Nestes momentos de encontro com o público a escritora aproveita para trocar ideias.  Desta vez, Cristina está mais ansiosa por esta conversa ser no Estado do Pará, local em que nasceu. “Para mim é mais rico o que as pessoas tem a dizer do que eu tenho para falar. Gosto muito de desenvolver a participação das pessoas”, diz.

Um dos sonhos profissionais que a escritora ainda deseja realizar é escrever um livro específico sobre a Amazônia e se dedicar somente ao jornalismo ambiental na região. “O meu sonho como jornalista é trabalhar apenas cobrindo Amazônia. Esse é um sonho de muitos anos que ainda quero realizar antes de pendurar a chuteira”, brinca.

Atualmente, Cristina está produzindo uma nova obra sobre uma experiência científica brasileira exitosa que conseguiu repovoar a Mata Atlântica com o mico-leão-dourado e tirá-lo da lista de espécies seriamente ameaçadas de extinção. “Este livro que estou terminando de escrever conta uma história de sucesso ambiental. Geralmente, a gente só fala de problemas, de tragédias e crimes, mas tem muita gente lutando pela preservação das florestas, dos recursos e dos animais. Tem experiências muito boas”, fala.

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