Gravado na Ilha do Combu, clipe ‘Sou Preto’ marca nova fase do artista paraense Diego Xavier
Produção tem participação de grupos parafolclóricos e destaca ancestralidade e identidade preta
O cantor, compositor e multi-instrumentista paraense Diego Xavier lançou, no último sábado (29), o clipe da canção “Sou Preto”, disponível no YouTube. A produção integra o projeto homônimo, contemplado pelo edital de incentivo cultural Paulo Gustavo, e marca um novo momento na trajetória do artista. A canção, segundo ele, representa uma autoafirmação de raça e cor, além de um canto de conexão com a ancestralidade e identidade cultural preta afroamazônica.
O clipe contou com uma equipe majoritariamente formada por pessoas pretas ou pardas e foi desenvolvido após vivências culturais e oficinas voltadas para ritmos afro-diaspóricos. As imagens do clipe foram gravadas na Ilha do Combu, em Belém, e contam com a participação dos grupos parafolclóricos Sabor Marajoara e Frutos do Pará.
Para Diego, o projeto sintetiza trajetória, pertencimento e futuro. “A música fala sobre olhar para a própria pele, para as memórias da família, para as tradições do povo preto e dizer: eu me vejo, eu me reconheço, eu honro os meus”, explicou.
Antes do lançamento oficial, Diego promoveu, no dia 20 de novembro - Dia da Consciência Negra -, uma roda de conversa para convidados especiais, onde apresentou uma prévia do clipe. Em dezembro, ele prepara o lançamento de uma nova versão em áudio da música.
Composta em 2022, em parceria com Pepê Fortunatto, a canção conquistou o primeiro lugar no Festival da Canção Ouremense naquele mesmo ano. Para Diego, a música nasceu durante um período de reconexão com suas raízes. “‘Sou Preto’ é, antes de tudo, um retorno ao início, ao que me formou, ao que vive em mim antes mesmo do meu nascimento. A mensagem central da música é a afirmação da identidade preta como força, raiz e caminho”, afirmou.
O artista explica que a composição surgiu de uma troca à distância com Pepê, que atualmente vive no Japão. A partir de uma melodia inicial, a letra foi construída com referências à estética cultural banto e aos ritmos de ijexá e marabaixo. “Comecei solfejando algumas frases como ‘Eu sou Nagô’, ‘Sou Preto’ e partilhei com ele sugerindo a construção desta canção com esse tema. Depois de alguns dias, ele me ligou e disse que havia uma letra para aquela melodia. A conexão da nossa identidade preta se fez canção”, contou.
A vitória no festival representou um marco na carreira do artista. “Essa canção foi nossa primeira parceria, e ao cantá-la vi que a canção tinha grande potencial para passar no festival. A conquista representou muito mais que um prêmio, foi a confirmação de que minha arte era potente e merecia um audiovisual que representasse o orgulho e a força da ancestralidade afro-amazônica”, relembrou.
Diego iniciou a carreira musical ainda na infância, influenciado pela mãe, Odinea Xavier, e pelo avô, o mestre Vaíco. Desde então, passou por grupos de choro, parafolclóricos e orquestras, além de atuar como educador musical e produtor em diversos projetos. Entre as experiências, destaca gravações, festivais, shows e colaborações com artistas locais e nacionais.
“Sempre fui muito diverso, iniciei muito cedo, por isso tive a oportunidade de passar por experiências que me moldaram como artista e profissional”, disse.
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