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Festival de Ópera do Theatro da Paz retorna com montagem brasileira 'Ópera dos Terreiros'

Edição XXI do festival estreia na sexta-feira, com produção inédita de Aldo Brizzi

Lucas Costa
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O palco do Theatro da Paz volta a ter todo o seu colorido restabelecido com a abertura do XXI Festival de Ópera. A programação faz seu retorno nesta sexta-feira, 28, com a estreia da “Ópera dos Terreiros”, obra inédita de Aldo Brizzi, produzida pelo Núcleo de Ópera da Bahia. A montagem retrata um “Romeu e Julieta” na história dos negros escravizados no Brasil. O espetáculo que abre o festival terá sessões diárias até o domingo, dia 30, sempre às 20h.

Em "Ópera dos Terreiros", o público embarca na história de amor entre um homem banto e uma mulher nagô, ocorrida na Bahia entre os anos de 1830 e 1850. De um lado os Bantos, primeiros africanos que chegaram ao Brasil, eram destinados ao trabalho árduo nas plantações de cana-de-açúcar e café, e na extração mineral. Do outro lado os Nagôs, trazidos posteriormente, foram destinados aos trabalhos domésticos. A ópera, que se apresenta em estilo tradicional, é descrita como uma montagem também contemporânea e com referências à ancestralidade, misturando vozes ligadas à grande tradição lírica europeia com a percussão polirrítmica ao vivo. O Coro Carlos Gomes faz parte da montagem.

image 'Ópera dos Terreiros' (Lucas Rosário/ Divulgação)

Em um ambiente majoritariamente habitado por produções estrangeiras, de clássicas histórias contadas a partir de perspectivas de pessoas brancas, Aldo Brizzi propõe uma ópera com cara de Brasil. “A representatividade é muito forte, mas não é que tenha sido feita uma ópera para representar alguma coisa, foi feita uma ópera para ser algo que fique, que seja de grande valor”, defende Brizzi, que também dirige a montagem.

“Foi uma operação pensada de forma poética, e não política. Não para ir no palco e gritar slogan, mas para mostrar eventos de forma muito poética  e filosófica, para que seja muito mais profundo que um slogan ou uma frase assim da moda”, diz o diretor.

Produzida pelo Núcleo de Ópera da Bahia, o espetáculo chega aos palcos de Belém, cidade onde a comunidade negra é tão representativa quanto na capital baiana. Brizzi celebra esta conexão.

“Isso faz com que o fato de apresentar a ópera aqui tenha uma força ainda maior. É como fazer na Bahia. Lá, quando fizemos, pessoas de várias comunidades se reconheceram nessa história. É uma forma de contar a história do Brasil através da verdade e não através de mensagem de uma parte”, diz Brizzi.

A volta das grandes montagens

O Festival de Ópera do Theatro da Paz volta a ocupar o calendário cultural do Pará este ano, com a estreia da “Ópera dos Terreiros”. Ao longo do ano, haverá ainda duas outras grandes montagens: “As Bodas de Fígaro”, de W. A. Mozart, programada para março; e “Armide”, de Jean-Baptiste Lully, marcada para dezembro.

O Theatro da Paz segue operando com sua capacidade máxima desde o final do ano passado, e o Festival de Ópera seguirá da mesma forma, seguindo um rigoroso controle sanitário.

image 'Ópera dos Terreiros' (Lucas Rosário/ Divulgação)

Para acesso aos espetáculos, além do uso obrigatório e permanente de máscaras, são exigidos o documento de identificação e o comprovante de vacinação completo contra a covid-19. A venda de ingressos para a “Ópera dos Terreiros” já está aberta, na bilheteria do Theatro da Paz. Cerca de 40% são comercializados pelo site ticketfacil.com.br.

Edição sustentável

Com o tema “O ar que respiramos: Vozes pela Amazônia”, o XXI Festival de Ópera do Theatro da Paz deste ano traz uma proposta desafiadora - a realização de um ecofestival, engajado na defesa do meio ambiente e da sustentabilidade.

"O ar que respiramos não é somente essencial à vida, como é a ferramenta primordial para o canto lírico. Vozes pela Amazônia faz referência a um movimento internacional em defesa da Amazônia, em que as vozes dos cantores líricos ao redor do mundo se unirão pela preservação da floresta, de seu ecossistema e dos povos tradicionais que defendem o equilíbrio ambiental e climático de nosso planeta”, destaca a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal. 

Ao longo dos três últimos anos, o Festival de Ópera do Theatro da Paz manteve grande reconhecimento no cenário nacional e ampliou seu alcance internacional, não apenas pela qualidade das produções, como pelo formato inovador e criativo desenvolvido como uma resposta desafiadora durante a pandemia de covid-19, que afetou profundamente todo o setor cultural.

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