Exposição performática traz narrativas de re-existências LGBTQIAPN+ ao público paraense
A abertura de “Degenerado Tibira’’ terá performance de Leona Vingativa.

Estreia nesta terça-feira (12), às 19h, no Museu de Arte da Unama da Alcindo Cacela, a exposição “Degenerado Tibira: O Desbatismo”. Leona Vingativa leva o seu pocket show para a abertura da programação.
A mostra apresenta uma vivência em Belém, que busca trazer reflexões de re-existências LGBTQIAPN+ através de obras performáticas assinadas por artistas do Norte, Nordeste e América Latina. A inspiração veio do Tibira do Maranhão, pertencente ao povo Tupinambá, documentado como primeiro assassinato por LGBTFobia do Brasil, a exposição conta com a curadoria de Eduardo Bruno (Fortaleza/CE), Waldirio Castro (Campina Grande/PB) e curadoria adjunta de Paola Maués (Castanhal/PA). A visitação acontecerá até o dia 26 de abril, das 14h às 20h, com entrada gratuita.
Além da exposição, a abertura contará com a performance “Defumação” de Pedra Silva, artista e travesti de Fortaleza-CE, que inicia a ocupação do museu e seus entornos com o ritual de defumação, a fim de equilibrar as energias e afastar o mal, como forma de recobrar a memória da cidade do ato simbólico e ritualístico de defumação, remetendo a ancestralidade outrora esquecida e desmontada pela colonização. Finalizando a estreia com pocket show de Leona Vingativa, que performará alguns de seus maiores sucessos e, ainda como parte de sua participação, o clipe “Frescáh no Círio”, ficará em exibição como uma das obras que compõem a exposição.
A programação segue ao longo da semana com performances e mesas de multi-artistas locais e do Nordeste. O encerramento será na sexta-feira (15), às 18h, com a ocupação “Caraball”. Nesta ativação, a Haus Of Carão convida o público a ocupar o espaço do museu de forma inovadora, experienciando a Cultura Amazônida com a presença da Aparelhagem Rubi Light, um dos maiores símbolos da cultura periférica paraense, em uma Ballroom. Além disso, é um espaço democrático, onde esses corpos LGBTQIAPN+ podem resistir e existir sem preocupações.
A itinerância em Belém é uma forma de fortalecer a produção artística LGBTQIAPN+ da região Norte, onde artistas da casa também expõe suas obras, valorizando suas narrativas em seu próprio território e dando respostas às violências impostas, principalmente do colonialismo e do cristianismo, a esses corpos ao longo da história.
Uma dessas artistas é Rafaela Moreira, com a obra Uiaras defendendo o paraíso (2019) que faz parte do Acervo da Coleção Amazoniana de Arte da UFPA, parceira do projeto, Rafaela busca desenvolver trabalhos artísticos a partir da reimaginação de contextos históricos e imagéticos em confronto com sua perspectiva de travesti na Amazônia urbana de Belém.
“Historicamente as obras de artistas do Norte e Nordeste só são valorizadas quando elas descem pro eixo Sudeste, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, então queríamos fugir dessa armadilha, construindo um espaço de valorização de vida e produção artística de narrativas LGBTQIAPN+ nos nossos territórios, indo contraponto da violência histórica que essas regiões sofrem, construindo essa itinerância em Belém.” conta Eduardo Bruno, pesquisador, doutorando em Artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e um dos curadores.
PROGRAMAÇÃO DE ABERTURA
12/03 (Terça-feira) a partir das 19h
19h - Performance “Defumação para afastar o Alzheimer Colonial”, de Pedra Silva (Fortaleza-CE)
20h - Pocket show de Leona Vingativa (Belém/PA)
13/03 (Quarta-feira) a partir das 19h
19h - Performance “O que pode um corpo?” de Céu Vasconcelos (Pacajus/CE)
14/03 (Quinta-feira) a partir das 19h
19h - Conversa de Galeria com Eduardo Bruno (Fortaleza/CE), Waldírio Castro (Campina Grande/PB) , Afonso Medeiros (Belém/PA), mediação: Paola Maués (Castanhal/PA)
15/03 (Sexta-feira) a partir das 18h
18h - Ocupação “Caraball’, Haus of Carão (Belém/PA)
Agende-se
Data: 13 de março a 26 de abril de 2024
Hora: das 14h às 20h.
Local: Museu de Arte da Unama - Endereço: Av. Alcindo Cacela 287, Belém
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