Exposição de foto-performances 'Triângulo das Águas', de Bianca Amoras, estreia em Belém
Na mostra, o elemento água surge como fio condutor entre paisagens

A artista e escritora paraense Bianca Amoras lança, nesta segunda-feira, 20 de outubro, às 19h, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral, sua nova exposição individual, “Triângulo das Águas”, com curadoria de Melissa Barbery e produção e montagem de Isabela do Lago.
Nascida em Belém, tendo vivido por anos em Marabá, e hoje radicada no Rio Grande do Norte, Bianca trabalha, em sua trajetória artística, com o símbolo da água como metáfora de vida, deslocamento e ancestralidade.
“Triângulo das Águas” é, segundo a artista, um encontro poético e imagético das águas dos três lugares que compõem sua própria história: a Baía do Guajará, em Belém; os rios Tocantins e Itacaiúnas, em Marabá; e o rio Potengi, em Natal. “São águas que me atravessam, que moldaram meu corpo e minha sensibilidade. Essa obra é uma forma de refazer com os meus passos a caminhada dos meus ancestrais, criando pontes entre os rios da minha infância e o mar que hoje me acolhe”, explica a artista.
Mestra em Artes pela Universidade Federal do Pará e iyawô de Oxum — iniciada no Ilé Asé Dajó Oba Ogodó, em Extremoz (RN) —, Bianca dá continuidade à pesquisa iniciada ainda no mestrado e que culminou em 2019 na exposição “Elemento TransitóRIO – Caminho de volta para o mar”, com curadoria de Orlando Maneschy.
Nesta nova mostra, o elemento água surge como fio condutor entre paisagens, memórias e espiritualidades, criando um triângulo simbólico entre as geografias que marcaram sua vida.
O projeto, contemplado pela Lei Aldir Blanc Natal, na categoria circulação, é também resultado de uma travessia coletiva e amorosa. “Este trabalho contou com muitas mãos para acontecer — foi ousado, exigiu deslocamentos interestaduais, e só se fez possível porque foi feito em comunidade. Meu marido, Charles, que também assina parte das fotografias; minha avó, que costurou figurinos e performou comigo; meu filho, que participou das montagens; e tantas amigas e amigos que estiveram comigo nesse processo. Isso demonstra o poder comunitário, vivenciado no candomblé e transfigurado na arte”, diz Bianca.
Segundo a artista, as cores presentes nas obras funcionam como mapas afetivos, demarcando as particularidades de cada região, e, também, as tangências entre elas. “Na região do Guajará e Salgado Paraense, por exemplo, o verde e o amarelo queimado predominam; em Marabá, o vermelho e os tons terrosos se destacam na paisagem; já em Natal, o azul é soberano. O encontro destas cores traduz a sinestesia das minhas memórias e das experiências que vivi em cada um desses lugares”, revela a artista.
Além de imagens produzidas pela própria artista, a exposição reúne registros fotoperformáticos de Charles Vasconcelos, Gilberto Guimarães, Bruno Kayodê, Bruna Garrido e Rayda Lima.
Etapas e circulação
A exposição teve sua etapa inaugural em Natal, em setembro, com vernissage realizada na UERN e apresentação do Afoxé Estrela da Manhã, marcando o início de uma circulação. Em Belém, a mostra foi contemplada pelo edital de pautas do Centro Cultural da Justiça Eleitoral, e ficará em exposição até o dia seis de janeiro. A próxima parada será Marabá, em 2026, fechando o percurso deste triângulo simbólico e afetivo que une Norte e Nordeste sob o signo das águas.
Serviço
Exposição Triângulo das Águas, de Bianca Amoras
Curadoria: Melissa Barbery
Produção e Montagem: Isabela do Lago
Abertura: Segunda-feira, 20 de outubro, às 19h
Local: Centro Cultural da Justiça Eleitoral
Visitação: até 6 de janeiro
Entrada Franca.
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