Entrevista: Tico Santta Cruz fala de show em Belém, novo disco e política
Vocalista do Detonautas desembarca em Belém para show neste sábado

O Detonautas é uma das atrações do Manga Pub Festival, que promove uma série de shows para Belém neste sábado (7). O evento terá ainda a banda Dead Fish e mais seis bandas paraenses, no Insano Marina Club.
Tico Santta Cruz, vocalista da banda veterana conversou com O Liberal na tarde de sexta-feira (6), em uma live transmitida pelo Instagram, onde falou sobre a passagem por Belém; o disco mais recente da banda, “Esperança”; e também sobre o contexto político do país.
“O Detonautas é uma banda que tem uma história bacana com Belém, então a gente tá ansioso com esse festival, com a oportunidade de tocar com outras bandas”, adianta Tico.
Assista na íntegra:
O Detonautas chega à Belém com o repertório de “Esperança”, álbum mais recente do grupo, lançado em fevereiro deste ano. No trabalho, no qual a política passa longe, os Detonautas regravaram “Amanhã é 23” (Kid Abelha). O disco também conta com a participação de Frejat na música “Medo”, que é um poema de Bráulio Bessa.
Cada detonauta gravou sua parte de “Esperança”, oitavo álbum do grupo, em casa, cabendo a produção a Marcelo Sussekind. A mixagem e masterização ficaram a cargo de Arthur Luna. O álbum foi gravado no início da pandemia, entre abril e agosto de 2020. Ano passado os Detonautas lançaram o “Álbum Laranja”, com faixas polêmicas como “Kit gay”, “Político de estimação”, “Mala cheia” e “Micheque”.
“Foi um disco feito durante a pandemia, logo no comecinho, quando decretou o lockdown, naqueles quatro meses que foram de muito medo, angústia, a gente não sabia direito o que tava acontecendo”, conta o vocalista.
Com um tom mais sentimental, resgatando a identidade marcante do Detonautas, o disco tem alguns destaques como “A Quem Precisar de Mim”. A fixa de tom mais vulnerável começa com o verso “Eu já descobri que eu não sei amar assim/ Como vocês esperam de mim/ Me desculpe se eu te machuquei/ Não foi minha intenção/ Eu não entendo bem meu coração”.
“Eu acordei nesses dias melancólicos de pandemia, peguei o violão e ela [a música] desceu inteira. Acho que era um sentimento que estava retido. É uma forma de confessar a dificuldade que a gente tem às vezes, até mesmo de demonstrar afeto”, explica Tico.
“Esperança” traz ainda uma canção em parceria com Frejat, de quem Tico não esconde a admiração. “Medo”, um poema de Bráulio Bessa, foi musicado pela dupla ainda antes da pandemia. Mas gravado de forma remota por conta do lockdown.
Outra faixa escrita por outra pessoa que ganha a voz de Tico é “Amanhã é 23”, do Kid Abelha. Ele conta que a ideia de regravar veio depois de uma série de lives realizadas por ele durante o lockdown, onde interpretava canções de outros artistas.
Durante a entrevista, pergunto se Tico se relaciona com a letra por ela falar de um confronto com a passagem do tempo.
“É uma música que eu sempre gostei de ouvir, sempre me chamou a atenção, e eu também achava que era sobre isso [passagem do tempo]”, responde ele, que acabou descobrindo que a história da composição de Paula Toller trata de uma relação pessoal.
“O Paulo Junqueiro, presidente da Sony e também quem produziu o disco do Kid Abelha que tem essa música na época, contou que a Paula Toller fez ela falando da relação dela com a mãe, que é complexa”, detalha Tico.
“Fala dessa visão dela ao passar do tempo e a relação com a mãe, essa coisa da falta de afeto. É curioso que quando você conhece a história da composição, ela ganha outra conotação. Quando o Paulo me contou eu entendi o que ela tava falando ali”, completa.
Em uma banda com 25 anos de estrada, Tico não evita falar da passagem do tempo, e diz sentir-se feliz com a possibilidade de se conectar com gerações mais novas. Recentemente a banda foi uma das atrações do Lollapalooza Brasil.
“Acho que o rock é - pelo menos desejo que seja - cíclico. Que a gente se reconecte com a galera mais nova, porque ficar falando só para tiozão que tá reclamando da vida[...]. Acho que a renovação vem quando você consegue trazer a juventude para o diálogo, por isso o rap e o hip hop estão conseguindo se comunicar tão bem”, comenta.
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