Documentário Munduruku 'Floresta Doente' conquista Prêmio no Festival Olhar Film

O curta aborda a resistência indígena na luta pela preservação da floresta e denuncia os impactos causados pelo garimpo ilegal na Amazônia

Amanda Martins
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O documentário "AWAYDIP TIP IMUTAXIPI" (traduzido para a língua portuguesa, lê-se ‘Floresta doente’), produzido pelo Coletivo Audiovisual Wakoborun, fez sua estreia em festivais de cinema no Brasil na noite desta sexta-feira (30/09), no Festival Olhar Film, que ocorreu no Sesc Ver-o-Peso, no bairro da Campina, em Belém. Na ocasião, o coletivo idealizado pelo coletivo conquistou o Prêmio Olhar de Melhor Filme Amazônida. Essa é a primeira produção de uma série planejada pelo Coletivo, que desde 2018 registra a realidade de seu povo.

Realizado por jovens do Povo Munduruku, do Alto Tapajós, o curta aborda a resistência indígena na luta pela preservação da floresta e denuncia os impactos causados pelo garimpo ilegal na Amazônia. 

Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Ozinaldo Aka, um dos cineastas responsáveis pelo documentário, afirmou que o convite para participar de festivais trouxe grande satisfação ao coletivo de jovens cineastas Munduruku.

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A atriz também é a protagonista do longa.

"A gente se sentiu muito feliz que o pessoal quer ver o nosso filme e nos convidaram para assistir e premiar o nosso filme, que é Floresta Doente. [...] Muitas pessoas querem ver com curiosidade o que a gente está passando no nosso território, e é por isso que fizemos esse filme", disse Ozilnado.

Ele também destacou o avanço da produção, que tem sido exibida em cinemas de grande porte e conquistado a atenção de novos públicos, levando a mensagem do povo Munduruku para além das fronteiras do Brasil. O cineasta explicou que o curta nasceu como uma resposta à devastação ambiental que afeta suas terras. 

"A ideia do filme surgiu entre nós como jovens. [...] A gente viu nosso território que está sofrendo, que está sendo destruído. [...] Pensamos para criar um filme sobre o impacto do garimpo", relatou.

Aka destacou ainda que, além do garimpo, outras práticas ilegais, como a exploração de madeira e a pesca predatória, têm agravado a situação no território Munduruku. "Muitas coisas estão acontecendo no nosso território, e por isso nós pensamos em fazer esse filme", explicou.

No documentário, a produção percorre aldeias da região, dando voz a lideranças e retratando o cotidiano dos Munduruku, ao mesmo tempo, em que evidencia a devastação ambiental, a poluição dos rios e os danos à saúde da população local. O filme foi produzido de forma colaborativa, com o apoio de outros grupos audiovisuais Munduruku, como o Coletivo Wuyxaximã e o Coletivo Da’uk. 

O protagonismo indígena na construção de suas narrativas é um dos temas centrais do documentário, que busca apresentar a visão dos próprios Munduruku sobre a destruição de suas terras, narrada em primeira pessoa e em sua língua originária.

Para Mondrian Kirixi, uma das cineastas do curta, o prêmio simboliza mais do que um reconhecimento artístico; é um reforço à resistência do povo Munduruku. "Receber o prêmio foi uma sensação de alegria, né, que a gente pode sentir. A gente vê que a nossa luta, a nossa resistência, tá sendo reconhecida. O que a gente tá passando pelo nosso território. E as pessoas de fora vêm vendo isso", afirmou.

O documentário, que já percorreu festivais internacionais, aborda a destruição provocada pelo garimpo e suas consequências para a saúde e o modo de vida dos povos indígenas. Kirixi destaca a importância de visibilizar essa realidade e reforçar a luta pela preservação do território: "Receber esse prêmio fortalece também a nossa luta. Vai mais fortalecendo, então a gente só agradece. Das pessoas verem a nossa luta, de reconhecer. E a gente vai tá lá sempre existindo e resistindo".

EXIBIÇÕES E OFICINAS EM BELÉM

Além de sua estreia no Festival Olhar Film, o documentário também teve outras exibições em Belém, acompanhadas de atividades com o Coletivo Wakoborun. No último domingo, 29, foi realizada uma oficina de cinema e exibição do curta no projeto Parque Cine Quebrada no Distrito de Icoaraci. 

Na quarta-feira (02/10) a partir das 16h30, será feita uma exibição no Cine Paredão, seguida de conversa com os realizadores do documentário, na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará. 

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