Dia Nacional do Samba: hora de celebrar o som da gente brasileira

Essa música consegue transitar por todas as cidades e classes brasileiras e se manter como a voz que vem dos morros, dos guetos e alcança as redes sociais

Eduardo Rocha
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Gênero musical a traduzir a identidade brasileira, por ter raízes nas entranhas históricas e culturais do país, o samba se reinventa e cada vez mais conquista admiradores dentro e fora do Brasil. Neste 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, data relacionada a um visita feita pelo compositor Ary Barroso a Salvador (BA) em 2 de dezembro de 1940, o cantor e compositor carioca Dudu Nobre confirma a capacidade que essa música tem de aglutinar gente para celebrar a vida e seguir em frente, o que se expressa na própria relação afetuosa de Dudu com sambistas e o público paraense.

Acredita-se que o samba veio para o Brasil com os negros escravizados no Século XX.  O nome “samba” provavelmente teria como origem o termo africano “semba” (“umbigada”, dança feita por negros em momentos de folga). “Pelo Telefone”, composição de Donga, de 1916, é considerado o primeiro samba registrado. A partir dos anos 1930, o samba se popularizou de vez no Brasil. O gênero se ramifica até hoje na música brasileira, construindo novas sonoridades ao público.

Entre os nomes que construíram a história do samba destacam-se Pixinguinha, Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeia, Elton Medeiros, Ary Barroso, Tom Jobim, Canhoto, Chiquinha Gonzaga, Paulinho da Viola, Chico Buarque de Hollanda, Martinho da Vila, Garoto, João Nogueira, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Caetano Veloso, Adoniran Barbosa, Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Alcione, Beth Carvalho, Lecy Brandão, Maria Bethânia, Elza Soares, Roberto Ribeiro, Elizeth Cardoso, Clara Nunes, Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa, João Gilberto e muitos outros.

Entre os sambistas paraenses figuram os chorões da Casa do Gilson, um dos points de choro do Brasil; escolas de samba e blocos carnavalescos; cantores como Arthur Spíndola, Andréa Pinheiro, Bilão, Marisa Black e Leila Pinheiro.

 O samba se expande, inclusive, por meio de variações que conquistam a cada dia mais espaços nas cidades brasileiras e no exterior. É o caso do chorinho, do samba canção, do partido alto, samba enredo, pagode, marchinhas de Carnaval, Bossa Nova e o samba rock. 

Sempre aí

Para o cantor e compositor Dudu Nobre, o Dia Nacional do Samba representa uma vitória para quem vive no e do samba. “Uma data que fortalece bastante o nosso gênero, o samba, como a grande identidade cultural brasileira”. Dudu tem uma relação com essa música desde muito novo, ou seja, ele cresceu dentro do samba, primeiro nas rodas de samba da mãe dele, depois, começou a frequentar e a tocar em outros espaços, como escolas de samba mirins. Ele guarda, entre outras lembranças, momentos na avenida Marquês de Sapucaí, com os sambas que ganhou o Carnaval; grandes shows que já fez dentro e fora do Brasil. “Desde os dez anos de idade, a gente vive de samba, de música, e vamo que vamo, vamos em frente”, conta.

Grandes sambistas como Candeia, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Grupo Fundo de Quintal, Almir Guineto e Jorge Aragão foram inspiração para Dudu Nobre. E, como diz, tirando Candeia, ele teve o privilégio de tê-los como amigos e de gravar como compositor, de compor, de conviver.

Dudu Nobre constata que muitos artistas de outros segmentos têm projetos envolvendo o samba, o que é muito bom, porque mostra que “o samba é uma potência, o samba está sempre aí, independente de qualquer coisa”. E uma música desse sambista que traduz o momento atual do gênero neste Dia Nacional do Samba, como diz Dudu, é “Chegue Mais”, porque o samba recebe novos parceiros, gente que (re) descobre e compartilha o seu valor cultural e melódico. 

“Porque o samba é isso. O samba é abraçar as pessoas, é juntar todo  mundo e vamo com tudo”, destaca Dudu Nobre. Esse compositor não esconde que sempre teve um carinho muito especial por Belém. Lembra que a primeira vez que esteve na capital do Pará foi como músico. Dudu tocou com Almir Guineto, na época. Depois, com Zeca Pagodinho, e, em seguida, já em sua própria carreira. 

“Belém é uma cidade que abraça muito o samba. Tem uma tradição muito forte no samba, grandes sambistas. Eu quando vou a Belém encontro o Bilão, Luciano Cachorrão, a rapaziada toda. E eu tenho uma relação muito bacana com o Rancho (escola de samba Rancho Não Posso Me Amofiná, a quarta mais antiga do Brasil), onde eu fiz shows por intermédio do Jango Vidal e ter o prazer de ver sambas meus cantados aí no Carnaval pelo Rancho”, diz Dudu.

O compositor se lembra bem do refrão “Bate palma aí, pode aplaudir; pai d´égua é cantar com essa galera, 100 anos de Assembleia Paraense, o Rancho é o campeão na Passarela”. A partir do Rancho, Dudu conheceu o cantor Arthur Spíndola. Ele acompanha a carreira de Arthur desde o começo e fica muito feliz em ver o crescimento desse artista paraense. como diz. Dudu acrescenta que a relação dos paraenses com o samba é “muito visceral”. 

Dudu argumenta que teve o prazer de andar por todo o Estado do Pará, “e sempre a recepção é maravilhosa, a rapaziada cai pra dentro, e é sempre um prazer estar no Pará”. Esse intercâmbio musical no Pará e em outros locais do país só frutifica as raízes do samba no solo brasileiro.








 

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