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Dia Mundial do Desenhista celebra o trabalho de transformar ideias em arte

Artistas paraenses contam falam sobre experiências e a jornada para trabalhar profissionalmente com ilustração

Bruno Menezes | Especial para O Liberal
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A arte de dar vida a universos, personagens, marcas e muito mais é celebrada nesta terça-feira (15), data em que se comemora o Dia Mundial do Desenhista. A homenagem aos ilustradores acontece em referência ao aniversário de Leonardo Da Vinci, considerado um dos maiores e mais importantes desenhistas da história da humanidade.

O trabalho dos desenhistas é vasto e pode ser aplicado em diversos estilos, incluindo caricatura, mangá, cartoon, sketch, grafite, xilogravura, realismo e arte abstrata. As possibilidades são praticamente infinitas — e tudo depende da criatividade do artista.

A paraense Brenda Lemos é ilustradora profissional há cinco anos, mas conta que desenha desde a infância. Segundo ela, os eventos da pandemia de Covid-19 influenciaram diretamente em sua decisão de mudar de carreira e investir na ilustração.

“O desenho sempre foi uma paixão na minha vida, desde criança. Mas sou formada em Direito e só mudei de carreira na pandemia, quando precisei parar e não tinha como trabalhar presencialmente. Houve paralisação no Tribunal e não havia como fazer audiências. Foi então que comecei a faculdade de Design, e, a partir dessa mudança, iniciei minha atuação como ilustradora profissional”, relata.

image Ilustradora Brenda Lemos trabalha há 5 anos com ilustrações e designs para diversas empresas (Foto: Divulgação)

A decisão de mudar de profissão foi um grande acerto para Brenda, que já assinou trabalhos de ilustração para grandes empresas como Netflix, Sebrae, Sicredi e Parque Shopping, além de instituições e ONGs. Apesar do sucesso, ela reconhece que a profissão ainda é desvalorizada, e muitos artistas têm medo de investir exclusivamente na arte por receio da instabilidade financeira.

“Existe, sim, essa questão da segurança financeira. Eu tinha muito receio no início. Mas percebo que precisamos buscar formação. Eu faço ilustração, mas fui também para a área do design. Existe o talento, claro, mas a formação é essencial: faculdade, cursos, capacitação. Não é só saber desenhar. Para conquistar estabilidade é preciso estar sempre se aprimorando”, salienta.

image Ilustração de Brenda Lemos para a Netflix (Foto: Divulgação Instagram)

Feliz por trabalhar com o que ama, Brenda destaca que uma das partes mais gratificantes da profissão é ver o reconhecimento do público e transformar ideias em imagens que ganham vida nas mais diversas mídias.

“É uma satisfação enorme trabalhar com algo que sempre amei. Hoje, não é mais só um hobby, e fico muito feliz quando o cliente gosta do resultado. Me sinto muito mais realizada do que quando atuava na área jurídica. Amo aquele momento em que criamos algo e vemos o projeto indo para as ruas, transmitindo uma mensagem — e depois recebendo o reconhecimento das pessoas”, afirma.

Outra artista paraense que também se destaca na área é Tai, ilustradora com experiência e que já trabalhou para empresas como Grendha, Companhia das Letras e Microsoft. Assim como Brenda, ela começou em outra profissão antes de focar totalmente na carreira como desenhista.

“Sou bacharel em Moda. Foi meu primeiro contato mais direto com a arte. Depois fui para São Paulo fazer mestrado, e lá comecei a estudar ilustração. Descobri que poderia viver disso. Em 2018, voltei para Belém e continuei a trabalhar em estúdios de ilustração, principalmente para empresas de fora, porque as locais muitas vezes não remuneram adequadamente os artistas”, conta.

image Ilustradora Tai e sua obra de quadrinho 'Onde Habita o Medo' (Foto: Estácio)

Tai também atua na área de quadrinhos e já publicou obras como “Causos de visagens para crianças maluvidas” (2022), indicada ao 35º Troféu HQ MIX e ao 39º Troféu Angelo Agostini, e “Onde habita o medo” (2024), indicada ao 2º Prêmio Mapinguari de Quadrinhos.

Para quem pensa em seguir carreira na ilustração, a artista compartilha dicas valiosas e reforça que, apesar das dificuldades, é sim possível viver da arte.

“É um mercado possível. Como profissional, a gente precisa estar atento a várias questões, como a regularização das IAs, que são bem nocivas para a nossa área. Ainda assim, há espaço. A primeira coisa é gostar de verdade. É preciso curiosidade, buscar referências. Hoje temos ferramentas maravilhosas — cursos, vídeos no YouTube. Em Belém, tem os profissionais e oficinas no Curro Velho, onde dá pra estudar e aperfeiçoar técnicas. Também é essencial estar inserido no mercado, fazer contatos, conhecer coletivos e montar um bom portfólio, que abre portas”, orienta.

A jornada para se tornar profissional não é fácil, mas mesmo assim, Tai ressalta que não seria feliz fazendo outra coisa.

"Ser artista é paixão, é um chamado que você tem que escutar, porque é difícil, mas a gente faz porque sabe que seria infeliz em outra profissão. E quando tu consegues fazer trabalhos, é importante falar sobre a sua verdade, criar sobre o que você vive, porque isso destaca no mercado e você acaba sendo mais reconhecido. Eu fiz um trabalho para o governo federal, relacionado ao Zé gotinha e tive a chance de homenagear a minha tia, que trabalha no SUS. Foi maravilhoso poder falar dessa minha vivência, das experiências de outras mulheres, enquanto mulher do Norte. É a gente falando sobre a gente", conclui.

Onde aprender a desenhar em Belém

Para quem sonha em aprender técnicas de desenho ou até seguir carreira profissional, Belém oferece oportunidades acessíveis de formação técnica. A Fundação Curro Velho oferece diversos cursos e oficinas gratuitas de ilustração, com inscrições abertas periodicamente.

Mais informações podem ser encontradas no Instagram oficial da instituição: @casadalinguagem_currovelho_fcp

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