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Contação de histórias incentiva crianças a deixarem telas de computadores e smartphones

A arte da escuta é uma boa dica para estimular as crianças a criarem o imaginário visual infantil

Bruna Lima
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As férias continuam e a galerinha está em busca de atividades e ideias para suprir o tempo livre. Que tal trocar as telas e usufruir melhor da arte de escutar? O imaginário infantil é infinito para a criação, mas muitas crianças acabam limitando-se na frente de computadores com jogos que lhes prendem por horas e horas.

A arte da escuta é uma boa dica para estimular as crianças a criarem o imaginário visual infantil. Ester Sá, que é atriz, contadora de história, dramaturga e produtora, usa da função da arte para estimular a própria filha, Alice Sá, e outras crianças. Juntas, mãe e filha criaram um podcast como um recurso de brincadeira. O intuito é criare e contar histórias.

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"Nós, às vezes, gravamos áudios, como uma brincadeira, lendo, contando histórias, brincando com vozes, às vezes fica só na brincadeira em casa mesmo, e às vezes compartilhamos com amigos", diz a mãe da Alice.

Ester diz que na escuta a imagem aparece na "tela" interna. "Eu vivi muito isso quando criança, com os discos da coleção disquinho, e até aquela coleção do Silvio Santos, que tinha uma eletrola e os discos vinham numa maleta "alaranjada" junto com os livros. Eu o amava muito", recorda.

Ela completa que, nesta época, a hora de ouvir era hora de sonhar e tinha um ritual do qual até hoje lembra com carinho.

"Hoje minha filha ouve tanto os mesmos que eu ouvi, quanto outras produções como o maravilhoso Programa Maritaca, aplicativo com programas infantis e histórias como a coleção Poranduba, de histórias indígenas, que comprei na livraria Maracá, é um primor", completa a contadora de história.

Como admiradora de sons, sempre dividiu momentos com a filha para ouvir os sons do dia, cantos de pássaros, balançar das folhas ao vento, e outros ruídos. "Também ficamos atentas às vozes dos personagens dos desenhos animados, e das pessoas, percebendo os detalhes. É uma coisa da nossa natureza. Acho importante porque a escuta abre a casa interna da gente, precisamos esvaziar os ruídos internos para deixar a escuta passar, para dar atenção a ela. Então é um tempo dedicado a perceber o som que está dentro da gente também", acrescenta.

Como contadora de história, Ester Sá explica que o recurso pode chegar de diversas formas. As ferramentas tecnológicas trouxeram outros formatos, outras vias de acesso, e os podcasts são uma delas.

"Tudo aumentou, principalmente na pandemia, nesse sentido, pois mais pessoas se aventuraram a se comunicar por vias tecnológicas. E hoje que temos o celular como ferramenta de acesso, fica muito fácil produzir conteúdo, basta querer, tentar, se propor a exercitar. Lembrei aqui do maravilhoso e saudoso Epaminôndas, que antes mesmo de conhecermos o seu rosto, era a sua voz que chegava nos nossos celulares, nos fazendo rir com sua espontaneidade e genialidade. Ele é um excelente exemplo de voz que ganhou nossos corações", exemplifica.

Apesar da brincadeira, Ester e Alice já receberam alguns convites. Elas já gravaram no programa Abradacadabra, da Rádio Cultura do Pará, conduzido pela Linda Ribeiro, e também para a Rádio Butiá, que é uma organização internacional e tem pessoas no Brasil que organizam os programas. A Alice apresentou o programa, junto com os apresentadores do Butiá. Ela tinha 8 anos na época.

Alice também já fez teste para integrar o elenco de vozes de um seriado de animação da Netflix. "Ela não foi a escolhida final, mas o processo de seleção foi muito legal, muito aprendizado", comemora Ester.

"Abracadabra" um programa de resistência ao apelo da imagem

A apresentadora Linda Ribeiro, que é jornalista, graduada em Letras e está à frente do programa, diz que a narrativa oral é fundamental para a formação e o estímulo da imaginação, o desenvolvimento da fala e da escrita, o repasse de saberes tradicionais e para o fortalecimento das relações, das memórias e dos afetos.

Linda explica que, no rádio, o conteúdo para o público infantil, hoje, é quase inexistente. "O podcast vem mudando esse cenário na web. Há bons conteúdos para criança, no meio digital. Às vezes, há um equívoco entre o conteúdo sobre criança e o conteúdo para criança. O Abracadabra é um programa para crianças, para a fruição, para o deleite", destaca.

O Abracadabra foi criado, na Rádio Cultura, para estimular a formação do leitor e retomar os hábitos de ouvir e contar histórias. Com uma hora de duração, Linda explica que é um programa para crianças de 0 a 90 anos. A produção inclui contação de histórias, leitura de poemas para crianças, música e brincadeiras tradicionais, como adivinhações e trava-línguas, em um formato que alcança a todas as faixas etárias.

No livro “Um Jeito de Ser”, o psicólogo norte-americano Carl Roger fala sobre a arte de ouvir. Ele diz que uma criança que sabe ouvir está mais preparada para aprender, prestar atenção e participar das atividades em sala, a se relacionar com outras pessoas e tende a ser uma criança mais calma, colaborativa e focada.

Ele destaca que o simples ouvir tem efeitos transformadores e surpreendentes. Ouvir as crianças com a devida atenção, certamente é uma forma de torna-las aptas a desenvolver também esse comportamento.

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