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Como é a HQ que ganhou o Pulitzer e entrou para a história do prestigioso prêmio

Hull explora como as dificuldades enfrentadas pela mãe da autora, perseguida na China como a filha ilegítima de um homem branco que nunca conheceu

Estadão Conteúdo
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Em 1992, a graphic novel Maus, de Art Spiegelman, se tornou a primeira história em quadrinhos a ganhar um Prêmio Pulitzer, maior honraria da literatura e jornalismo dos Estados Unidos. À época, a HQ foi celebrada com um prêmio honorário, vencendo na categoria de Citações Especiais. Por anos, a história de como o pai do quadrinista sobreviveu a Auschwitz e aos horrores da Segunda Guerra Mundial foi o único quadrinho a receber o prestigiado prêmio.

33 anos depois, a americana Tess Hull se tornou a primeira quadrinista a vencer uma categoria principal do Pulitzer, com Feeding Ghosts (Alimentando Fantasmas, em tradução livre) sendo premiada com o Pulitzer de Memórias ou Autobiografia.

Publicado em março de 2024, Feeding Ghosts narra a difícil trajetória da família de Hull. Sua avó, Sun Yi, era jornalista na China e, em 1949, primeiro ano do partido comunista no poder, ela teve um caso com um homem suíço, tendo uma filha. Antes do chamado Grande Salto Adiante, em 1958, elas, perseguidas pelo regime, fugiram de forma clandestina, escondidas no fundo falso de um barco, para Hong Kong. Lá, Yi matriculou a filha em um internato bilíngue e escreveu Eight Years in Red Shanghai: Love, Starvation, Persecution, que se tornou um best-seller.

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A partir daí, Feeding Ghosts começa uma exploração de legado, trauma e identidade. Na HQ, Hull explora os problemas mentais que passaram a atormentar a avó desde o lançamento de seu livro, que levaram à internação de Yi em um hospital psiquiátrico, do qual só saiu quando sua filha, mãe da quadrinista, deixou a China para fazer o curso superior nos Estados Unidos.

Hull explora como as dificuldades enfrentadas pela mãe, perseguida na China como a filha ilegítima de um homem branco que nunca conheceu e uma imigrante afastada de sua cultura nos EUA, optou por não ensiná-la a falar chinês. Convivendo com as limitações da avó e uma barreira linguística que separava ainda mais as duas, a autora monta um quebra-cabeças da própria história, explorando, como ela diz em seu site, "perda de cultura, identidade racial mista, problemas mentais, perda da língua, imigração e a herança do trauma geracional".

A arte de Feeding Ghosts é completamente em preto e branco, mas não menos impactante. Assim como Spiegelman em Maus, Hull usa as duas cores para criar uma aura de isolamento, realçada num realismo com elementos fantásticos que transformam a jornada traumática de sua família em quadros tão épicos quanto melancólicos.

Feeding Ghosts é, de fato, uma autobiografia, mas é também uma história que toca em temas universais de identidade e pertencimento. Não é nada raro que pessoas, seja por motivos de guerra ou perseguição, precisem deixar seus países para tentar uma nova vida num lugar desconhecido. O reconhecimento do Pulitzer ao trabalho reforça a importância de contar histórias como a de Sun Yi e Hull e como a busca por identidade está cada dia mais presente na rotina daqueles cujas famílias deixaram seus lares para dar uma vida digna a gerações futuras.

Feeding Ghosts ainda não foi traduzido para o português, mas pode ser encontrado no Brasil em lojas como a Martins Fontes Paulista e Amazon.

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