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Com as antenas ligadas, João Donato aporta em Belém para o Festival Sonido

O compositor acreano exalta parcerias com Paulo André Barata, Felipe Cordeiro e Dona Onete

Abílio Dantas
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Quando João Donato, ainda criança, partiu do Acre com a família em direção ao Rio de Janeiro, Belém foi o porto onde embarcou em um navio e seguiu para uma vida nova. Naquele ano de 1945, após a Segunda Guerra Mundial, o menino de 11 anos de idade não poderia imaginar que a mesma cidade o receberia 77 anos depois para, aos 88 anos, lançar o seu mais recente álbum de canções inéditas, “Serotonina”, e celebrar o reencontro com um público sempre renovado. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, João Donato falou sobre os novos planos, destacou a relação com Belém e anunciou uma gravação com uma nova parceira; a rainha do carimbó chamegado, Dona Onete.

O compositor e instrumentista é uma das principais atrações do Festival Sonido- Música Instrumental & Experimental, que inicia hoje (26) a programação gratuita de sua 5ª edição, formada por artistas de todo o país. O cenário dos espetáculos, em Belém, é o Mercado de Carnes Francisco Bolonha, no Complexo do Ver-o-Peso, que recebe shows até domingo (28), quando Donato vai se apresentar. Pela primeira vez, o festival também vai ocorrer em Parauapebas, mas nos dias 2 e 3 de setembro.

Para a apresentação no Sonido, João Donato prepara a execução de clássicos de seu repertório, como “A rã” e “Bananeira”, e novidades. “Vou apresentar algumas do novo disco, como ‘Azul Royal’ e algumas surpresas, pois um show tem disso.”, adianta.

Para Donato, reencontrar o público de Belém é como voltar pra casa. “Para mim, que sou acreano, Belém sempre foi a grande cidade. São tantas memórias. E tem as comidas gostosas: tacacá, castanha, cupuaçu, taperebá, açaí, pirarucu (o bicho feroz). Reencontrar com o público do Pará é uma experiência de cumplicidade. Quem é do Norte se reconhece em qualquer aeroporto. Sempre tem uma caixa de isopor rodando na esteira e um caboclo feliz”, afirma.

Sobre a carreira sempre em movimento, o artista demarca que a curiosidade é um caminho constante em sua trajetória, o que trouxe sempre parcerias novas, como as compostas com Paulo André Barata (Nasci para Bailar), e, mais recentemente, com os também paraenses Felipe Cordeiro e Jorge Andrade (Eu gosto de você). “Eu estou sempre com minhas antenas ligadas. Ouço tudo que está à volta. Com certeza muitas parcerias estão a caminho. Quero escrever mais com Paulo André e com meus novos parceiros, os que já tenho e os que surgirão”.

Felipe Cordeiro considera João Donato um dos músicos mais ativos da atualidade, que tem a versatilidade de ser contemporâneo de Tom Jobim e João Gilberto, mas permanecer aberto a contatos com novas estéticas. “O convite (para a parceria) veio pelo diretor artístico, Ronaldo Evangelista, que disse que seria um disco de parcerias. Ele me convidei e eu convidei o Jorge Andrade, que é um grande poeta e uma grande referência para mim. E deu certo, trocamos muitas figurinhas. Apesar da letra ter uma simplicidade, levamos um tempo lapidando, mudando muitos detalhes, para chegar na letra final”, revela. Para Cordeiro, sobre a obra de Donato, uma das principais características do compositor é a força de quem tem consciência de sua história, “sem a qual, ninguém faz nada original”.

Com quase 90 anos, o parceiro de nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil, confirma que, se depender dele, o ‘show” não vai parar tão cedo. “Vou lançar um single da primeira música que escrevi com a Dona Onete. Tenho um single para terminar com meu filho Donatinho e outros parceiros, Russo Passapusso, Joyce Moreno. Na Califórnia, vou gravar mais um disco com a rapaziada do Jazz is Dead. E ainda tem a suíte sinfônica sobre obras de Debussy e Ravel, que já está pronta para gravar”, anuncia.

De cara nova

Além da programação em Parauapebas, o Festival Sonido deste ano também traz como novidade a oferta da oficina de musicalização infantil ministrada pela musicista Ângela Rika, voltada para as crianças do bairro do Bengui, em Belém. A oficina terá inscrições também gratuitas e será realizada na Usina da Paz – Bengui.

No palco do Mercado Bolonha, vão se apresentar ainda nomes como o Clube da Guitarrada (com a participação de Aldo Sena e Mestre Curica); Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, Berra Boi com o guitarreiro Félix Robatto e o trio Pirucaba Jazz.

 

Veja a programação:

26 de agosto - sexta-feira

A partir das 19h 

Clube da Guitarrada + Mestre Aldo Sena + Mestre Curica

Berra boi + Félix Robatto

As Panteras Negras

Marapuama e Inesita 

 

27 de agosto - sábado

A partir das 19h 

Orquestra Brasileira de Música Jamaicana

O Tronxo

Felipe Sequeira

Realce + Rayssa Tiger 

 

28 de agosto - domingo

A partir das 19h 

João Donato e Trio

As Aventuras

Puget Blues

Pirucaba Jazz + Melina Fôro

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