Coluna do Estadão: Empresa gerida por generais tem quadro recorrente de assédio
Uma investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) no Distrito Federal aponta que a Poupex, associação privada criada exclusivamente para gerir a Fundação Habitacional do Exército, tem um quadro recorrente de assédio moral. O MPT identificou demissão de funcionários que denunciaram ou testemunharam abusos ao Comitê de Ética da empresa, segundo apurou a Coluna. A Poupex firmou um acordo com a Procuradoria em que prevê pagar R$ 2,1 milhões por danos morais coletivos e encerrar abusos. Procurada, a companhia disse que casos de assédio são "isolados e prontamente resolvidos", e que tem uma "estrutura sólida de prevenção e combate ao assédio". Não respondeu, porém, sobre as retaliações a funcionários apontadas pela investigação.
SOS. O inquérito foi aberto em 2024, quando o MPT recebeu uma denúncia de assédio moral e sexual na Poupex. Pelo menos 25 pessoas foram ouvidas na apuração. A acusação de assédio sexual não foi comprovada.
AÇÃO. De acordo com a investigação, a Poupex retaliou funcionários que apresentaram denúncia no Comitê de Ética da empresa, o que desestimulava apurações internas. Para isso, impôs rebaixamentos de cargos, transferências desvantajosas e até demissões. As punições também aconteciam com testemunhas dos processos no colegiado.
COMANDO. Quem preside a Poupex é o general da reserva do Exército Valério Stumpf, que foi comandante militar do Sul no governo Bolsonaro. O vice-presidente e diretores também passaram pelo generalato. Dos nove assentos na diretoria da companhia, apenas dois não têm essa patente e são ocupados por civis.
ENCAMINHADO. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está "humilhado e preso" e comparou os ministros do STF a "tiranos". Como antecipou a Coluna, Michelle gravou um áudio para o ato bolsonarista em Brasília no 7 de Setembro.
VACINA. Poucos dias antes de o Supremo sentenciar Bolsonaro e outros 7 réus na ação da trama golpista, Michelle afirmou que o processo é "uma grande peça teatral com enredo de perseguição e ilegalidades, lembrando os julgamentos de Moscou, onde opositores eram torturados".
IDEIA FIXA. O principal alvo da manifestação bolsonarista na capital federal foi o relator do processo da trama golpista, o ministro do STF Alexandre de Moraes. Um boneco simbolizando o magistrado preso foi exibido na frente do trio elétrico durante boa parte do protesto, em meio a diversas bandeiras dos EUA.
CARTA. O advogado e ex-juiz Márlon Reis, idealizador da Lei da Ficha Limpa, pedirá ao presidente Lula para vetar o projeto aprovado pelo Congresso na última semana que reduz o tempo de inelegibilidade dos políticos. Se não conseguir, recorrerá ao STF. O texto não afeta o ex-presidente Jair Bolsonaro, impedido de se candidatar até 2030.
SEM ANISTIA. "A proposta beneficia poderosos que praticaram crimes como compra de votos e improbidade administrativa. É uma anistia concedida ilegalmente. Foi um grande golpe do Congresso", disse Reis à Coluna.
PRONTO, FALEI! Ricardo Soriano Advogado "A PEC dos Precatórios exige ponderar valores sociais básicos: necessidade de entregas públicas, austeridade fiscal e efetividade das ordens judiciais."
CLICK Hugo Motta Presidente da Câmara Participou do desfile do 7 de Setembro com Lula, em meio à pressão da bancada bolsonarista para pautar o projeto de lei que anistia os condenados no 8/1.
(Roseann Kennedy, com Eduardo Barretto e Iander Porcella)
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