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Casarões históricos são renovados e ganham vida com oferta de atividades culturais em Belém

Espaços restaurados valorizam a memória e incentivam a atividade turística e econômica da cidade

Fabrício Queiroz/Especial para O Liberal
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As cidades são dinâmicas e carregam na sua paisagem as marcas dos processos de ocupação, de transformação urbana e da passagem do tempo. Em Belém, os edifícios dos bairros mais antigos, como Cidade Velha, Campina e Nazaré, são, ao mesmo tempo, testemunhas da história e espaços onde a relação com o passado e com o patrimônio podem se reinventar.

Com 409 anos de história, Belém viveu períodos de altos e baixos e isso se refletiu na conservação dos casarões da cidade. No centro histórico, algumas construções do período colonial ainda resistem, mas a realidade é que a maioria já deu lugar a casas e prédios mais modernos. Em outros bairros, onde se via também a influência e o impacto econômico que a belle époque teve, também restam poucos exemplares dessa memória construtiva.

Na contramão desse movimento de abandono, novos espaços culturais vêm surgindo na cidade, ocupando justamente esses imóveis que, até então, estavam fadados ao abandono. Iniciativas do poder público estadual e municipal, mas também empresariais, estão possibilitando a recuperação do patrimônio histórico e arquitetônico e a reconciliação entre a cidade e o seu passado.

Um exemplo disso ocorre nos números 522 e 523 do Boulevard Castilho França. Às proximidades do Mercado do Ver-o-Peso e da Estação das Docas, os casarões com portas e janelas azuis e a fachada tomada por azulejos embelezam a área que se tornou um ponto de encontro para os amantes das artes e da gastronomia. O local é o Sesc Ver-o-Peso, que conta com uma vasta programação dedicada às artes cênicas, às artes visuais, à literatura, à música e ao audiovisual.

image Patrimônio histórico foi valorizado e hoje recebe intensa programação cultural (Acervo Sesc Pará)

A construção data do final do século XIX e retrata bem as tendências da belle époque. Após a crise da economia da borracha no século seguinte, o prédio foi gradativamente sofrendo com o desgaste e chegou a sofrer um incêndio. A mudança de curso ocorreu após a aquisição pelo Sesc no Pará, que investiu em um projeto de restauração e valorização turística e econômica da área.

“Muitas cidades não têm teatro, não têm museu, e o Sesc tem uma capilaridade muito grande com suas unidades operacionais no país todo. Aqui nesta unidade, nós oferecemos ações de cultura que são 100% gratuitas e que têm o objetivo cultivar uma semente para que as pessoas ampliem seu repertório e ao mesmo tempo adquira o hábito de frequentar espaços culturais e assim multipliquem essa mensagem”, explica Vinicius Zavalis, gerente do Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso.

Porém, mais do que levar uma mensagem, o que se vê é que a restauração de um edifício histórico com uma nova função aos olhos do público foi capaz de gerar um efeito dominó de valorização do patrimônio. A região conhecida atualmente como Boulevard da Gastronomia conta também com restaurantes, bar, café e o Instituto Arraial do Pavulagem, todos funcionando em edifícios que preservam a história da cidade.

“A partir do Sesc se cria uma movimentação no território com a oferta dessa programação cultural que também facilita essa movimentação de pessoas e contribui para o surgimento desses empreendimentos. É muito comum a gente oferecer uma atividade cultural aqui e, depois, o nosso público jantar no restaurante ao lado. É um movimento em que uma atividade puxa a outra, com a cultura gerando emprego e renda”, comenta Zavalis.

Os desafios para preservar o patrimônio de Belém são enormes, mas essas experiências valorizam a memória e mostram que o investimento necessário tem retorno e traz frutos valiosos, com o incremento da atividade turística e econômica e com a ampliação das oportunidades de acesso à cultura.

Monumentos à cultura

A paisagem urbana de Belém se transformou ao longo de 409 anos. Nos casarões e edifícios da cidade é possível observar as marcas dessa história, que relembra o passado, mas também se mantém atual oferecendo novos espaços de lazer, turismo e cultura para a população. Aprecie a beleza do nosso patrimônio histórico e arquitetônico e conheça algumas das atrações.

Casa da Linguagem 

Localizado no início da avenida Nazaré, esquina com a avenida Assis de Vasconcelos, o casarão da Casa da Linguagem é um dos principais espaços de formação e difusão cultural do estado. O prédio foi construído em 1870 para servir de residência para a família do engenheiro Francisco Bolonha e hoje é um centro dedicado às artes ligadas à linguagem, seja em textos, imagens, leitura dramatizada ou cinematografia.

Solar Barão do Guajará

No entorno da Praça Dom Pedro II, o solar onde funciona o Instituto Histórico e Geográfico do Pará se destaca pela fachada coberta com azulejos, que remonta ao padrão arquitetônico do início do século XIX. O local conta com uma exposição que retrata a história de figuras nobres, entre eles Domingos Antônio Raiol - o Barão de Guajará - e os movimentos políticos que marcaram a história do Pará no período imperial.

Palacete Bolonha

Um dos mais belos edifícios do período da belle époque amazônica está localizado na avenida Governador José Malcher. Caracterizado pelo estilo art nouveau, o Palacete Bolonha também possui elementos que remetem ao barroco brasileiro e à arquitetura gótica. Além de refletir a suntuosidade da época, o palacete também permite conhecer mais sobre o modo de vida das famílias da elite paraense no período áureo da borracha. 

Mercado de São Brás

Recém-inaugurado para a COP 30, o Mercado de São Brás recuperou sua grandeza e sua importância como espaço público. Além de contar com uma feira e espaços com venda de refeições e comidas regionais, o mercado retoma o seu lugar como atrativo turístico da cidade, encantando os visitantes com os diversos elementos de art nouveau e neoclássico presentes na construção.

Estação Cultural de Icoaraci

No início do século XX, a Estrada de Ferro Belém-Bragança era o principal meio de transporte entre a capital e o interior do estado. No distrito de Icoaraci funcionava um dos ramais da linha que ainda hoje está erguido e revitalizado. A atual Estação Cultural de Icoaraci oferece um espaço multicultural com atrações de música, teatro e dança, além de valorizar o artesanato típico da região.

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