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Longa 'Verão de 85' é exibido no Festival do Rio nesta sexta

Programação gratuita segue até domingo no streaming do Telecine

Agência Estado
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Para o espectador, principalmente jovem, que assistir agora a Verão de 85, a sensação poderá ser de que François Ozon pega carona no sucesso de público e crítica de Me Chame Pelo Seu Nome, o longa do italiano Luca Guadagnino baseado no romance de André Aciman. Não é verdade.

François Ozon era muito jovem. Tinha 16 anos em 1984, quando leu Dance on My Grave, de Aidan Chambers. "Já tinha veleidades de virar diretor de cinema. Pensei comigo que era o filme que queria fazer." Demorou - 20 e tantos anos de carreira, 18 filmes no currículo -, mas o projeto por fim tomou forma. É o 19º trabalho do diretor e será exibido gratuitamente dentro do Festival do Rio nesta sexta-feira, 30, na plataforma do Telecine.

Em sucessivas entrevistas ao Estadão, Ozon sempre disse que faz cada filme contra o anterior. Nesse caso: "Vinha de um filme muito duro e sombrio, sobre a pedofilia na Igreja Católica e seus efeitos devastadores sobre homens que foram abusados por religiosas (Graças a Deus). Queria fazer alguma coisa alegre, luminosa. Aidan Chambers veio em meu socorro. Achei que era o momento certo para adaptar o livro que foi tão importante para mim".

Verão de 85 é sobre dois garotos, Alexis, de 16 anos, e David, de 18. O segundo salva o primeiro de afogamento, tornam-se amigos e algo mais nesse verão inesquecível. Mas, atenção, a morte está à espreita. Sempre esteve no cinema de Ozon.

"Essa presença da morte é que torna a vida urgente para mim. Esse é um filme sobre primeiras coisas, sobre a juventude que vive tão intensamente". E ele prossegue: "Nos anos 1980, havia muito preconceito na representação da homossexualidade na tela. A aids veio para complicar, e culpabilizar ainda mais. Naquele tempo, não sei se seria possível fazer esse filme", afirma.

"Os atores temiam ser estigmatizados se fizessem papéis de gays. Eu mesmo tive problemas com atores de outros filmes. Felizmente, hoje há uma flexibilização. Não houve problema nenhum com meus jovens atores, Felix Lefebvre e Benjamin Voisin. Buscava uma dupla que desse química na tela. Eles foram ótimos. Perguntei se haveria problema num beijo entre homens. Nenhum! Essa garotada que curtiu O Azul É a Cor Mais Quente (de Abdellatif Quechiche) e Me Chame pelo Seu Nome é muito menos preconceituosa." Mas ele reconhece: "Creio que a situação é diferente num país como o Brasil atual".

Ozon acompanha o que se passa no Brasil? "Bien sûr, é um país pelo qual tenho um fascínio muito grande. E ainda tem a questão da grande floresta. A Amazônia é um bem planetário. Interessa a todo mundo. O que ocorre ali repercute no mundo todo."

O filme, certamente pessoal, tem algo de autobiográfico? "Não, como você diz é pessoal. Nos anos 80, eu era um garoto incerto da minha sexualidade, querendo sair do armário. Nem o cinema, nem a literatura ajudavam. As histórias eram quase sempre sobre conflitos, violência, sofrimento. Nesse contexto sombrio, surgiu o livro luminoso de Aidan. A homossexualidade não era uma tragédia, era uma love story. Os dois garotos se sentem atraídos - ponto."

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