Filme brasileiro que será apresentado em maior festival de animação tem história de alemão no Pará

Parte da história narrada em ‘Nimuendajú’, que mostra trajetória de estrangeiro em terras indígenas está retratada em documentos do acervo do Museu Emílio Goeldi

O Liberal
fonte

A animação Nimuendajú, de Tania Anaya, representará o Brasil no Annecy 2025, o maior festival de animação do mundo. O filme narra a história de Curt Unckel, alemão de nascimento, que conviveu com diferentes povos indígenas e se tornou um dos maiores cientistas sociais do Brasil.

Sua trajetória pelo país também é marcada pela vivência no Pará. Inclusive, seu acervo de pesquisa foi disponibilizado no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.

A obra, distribuída pela O2 Play, é uma produção que destaca a impactante cinebiografia animada em 2D e narra a história do alemão. Unckel desembarcou no Brasil nos primeiros anos do século XX, onde viveu por 40 anos. Ele chegou ao país aos 20 anos e viveu até sua morte, em 1945.

A história do alemão se desenvolve a partir dessa imersão no dia a dia de diferentes povos originários. Por exemplo, em 1906, ele foi batizado pelos Guarani, no território Apapokuva-Guarani, com o nome Nimuendajú, que significa “aquele que encontrou seu lugar no mundo”. Na ocasião, ele abandonou seu sobrenome de família para adotar o nome indígena.

VEJA MAIS

image Pesquisador do Museu Goeldi é um dos 10 cientistas que mais descobriu espécies de aranhas no mundo
Alexandre Bonaldo se dedica à investigação da família de corinídeos encontrada em diferentes continentes

image Cria do Gavião Kyikatejê, volante Kukri Krowakreti é destaque do Águia e revelação do Parazão 2025
Jovem, nascido na Terra Indígena Mãe Maria, falou com exclusividade ao Liberal neste Dia dos Povos Indígenas.

image Filme de diretor paraense resgata memórias e imagens da ilha de Mosqueiro
Produção apresenta histórias pessoais e coletivas vividas em uma das praias mais simbólicas da ilha

No local, permaneceu até 1907. Ao assumir o nome Nimuendajú, anos depois, em 1922, o estrangeiro foi naturalizado brasileiro. Além do Pará e São Paulo, ele também viveu no Maranhão.

Nimuendajú foi morto em 1945, em uma aldeia Tikuna localizada no Alto Solimões, atualmente estado do Amazonas, na região Norte do país. O pesquisador trabalhou para o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), para o Museu Nacional (MN) e outras instituições de pesquisa do mundo, fornecendo coleções etnográficas e arqueológicas, além de estudos detalhados sobre a língua, os mitos e a organização de cada cultura. O acervo do estrangeiro, coletado nas “explorações” de Nimuendajú – como ele próprio se referia ao seu ofício –, além de ter chegado ao MN e ao Emílio Goeldi, foi distribuído entre os museus de Gotemburgo, Hamburgo, Dresden e Leipzig, e diversas universidades do mundo.

A trajetória de Unckel é marcada pela busca incessante pela compreensão de diversas culturas e pela vivência profunda com elas. Nimuendajú foi também uma testemunha indignada do processo de perseguição e expulsão dos povos indígenas de suas terras por latifundiários e pelo governo.

Com produção de Anaya Produções Culturais e coprodução da peruana Apus Animation, Nimuendajú chega ao Brasil no segundo semestre deste ano.

Entre os dias 8 e 14 de junho, o Annecy 2025, evento francês, apresentará e celebrará animações de vários países. Dos 130 longa-metragens inscritos, 21 filmes foram selecionados para esta edição, entre produtoras consagradas e independentes.

 

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cinema
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM CINEMA

MAIS LIDAS EM CULTURA