Curta-metragem paraense "Sem Encruzilhadas" é escolhido para estreia em São Paulo

A obra feita por produtora com todos os profissionais negros foi escolhida para integrar a websérie "Ancestrais do Futuro"

O Liberal
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A nova produção audiovisual paraense Sem Encruzilhadas” estreia hoje (08), em São Paulo, na sede do instituto Itaú Cultural. O curta-metragem com roteiro e direção do paraense Mário Costa, é uma produção da Negritar Filmes e Produções. A produção é uma das cinco selecionadas por carta-convite pela Fundação Tide Setúbal e jurados convidados, para a terceira temporada da websérieAncestrais do Futuro”, idealizada pelo Canal Enfrente.

“Sem Encruzilhadas surgiu a partir da percepção de que o povo de terreiro precisa ter suas histórias contadas. Hoje vivemos guerras de narrativas e é necessário escurecer essas narrativas”, destaca o diretor Mário Costa. O diretor trabalha há mais de 20 anos no audiovisual brasileiro e amazônida, com passagens por Rio Grande do Sul, São Paulo, Amapá e o Pará. Ele também desenvolve trabalhos como roteirista e diretor. “Luto e acredito na potência das narrativas pretas e indígenas”, enfatiza.

A trama do filme aborda o universo dos saberes ancestrais e o resgate de memórias e tradições afro-brasileiras. A história surgiu quando Mário Costa, que também é o roteirista do curta, percebeu o afastamento de alguns quilombos das religiões de matriz africana. “Sou de terreiro e para mim Exu é um orixá que abre caminhos. Exu é movimento e é vida. E alguns quilombos que visitei estavam perdendo essa conexão com o sagrado de matriz africana por conta da invasão das igrejas neopentecostais”, complementou.

Cinco coletivos foram selecionados para participar da terceira temporada da websérie “Ancestrais do Futuro”. Dentre eles estão a Negritar, de Belém (PA); a Força Tururu, de Paulista (PE); Souza.Doc, de Santarém (PA); Olhar Marginal, da Baixada Santista (SP); e DDB7 Produções, de Londrina (PR).

A websérie “Ancestrais do Futuro” se divide em cinco episódios e apresenta reflexões sobre os temas memória e ancestralidade, em diferentes perspectivas geográficas brasileiras. Por conta do regulamento, o curta será lançado e irá para o YouTube com oito minutos de duração.

“Para Negritar, que é uma produtora de impacto social formada 100% por pessoas pretas e periféricas, ter sido selecionado nesse edital, depois de ter participado de todo um processo de encontros, é muito importante pelo impacto que as narrativas pretas da Amazônia têm pro audiovisual brasileiro”, explica.

Após a exibição em São Paulo, a produtora pretende realizar mais quatro exibições gratuitas em terreiros, na Universidade Federal do Pará e na Casa Sumaúma, espaço colaborativo de Belém. Um novo corte de aproximadamente 15 minutos será produzido para ser exibido em festivais.

“Sem Encruzilhadas” é uma história de resistência e ancestralidade, na qual Exu é movimento, dança e vida. Na história, Bartô (Carlos Vera Cruz) é um dançarino preto prestes a estrear o primeiro espetáculo. Durante o ensaio, ele tem um encontro com Exu (Arilson Dipreto), que o leva a uma jornada de autoconhecimento e reconexão com a ancestralidade e com o território quilombola, que está sofrendo com a invasão de igrejas neopentecostais.

Após esse encontro, Bartô percebe que precisa voltar para o território para ajudar a manter viva a memória ancestral de seu povo. Junto com sua irmã Mariana (Samily Maré), ele decide reerguer o terreiro do avô e resgatar as tradições do quilombo.

“O racismo estrutural precisa ser combatido e um dos braços dessa estrutura de opressão é o racismo religioso. Por muitos anos o povo de terreiro foi perseguido e os Orixás foram demonizados. É preciso contar essas narrativas e combater qualquer tipo de racismo. Como disse antes, precisamos levar as narrativas dos terreiros para telas, porque são histórias potentes e cheias de muito axé”, assegura Mário Costa.

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