Chacina de Pau D’Arco vira filme premiado e ganha destaque na Mostra Ecofalante

Documentário dirigido por Ana Aranha expõe perseguição a sem-terras no Pará e será exibido neste sábado (23), em Belém

Gustavo Vilhena*
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Dirigido pela jornalista Ana Aranha, o documentário “Pau D’Arco” terá uma sessão especial neste sábado (23), às 19h, dentro da programação da mostra Ecofalante, no Cine Líbero Luxardo. O longa-metragem é uma produção da Repórter Brasil e Amana Cine, em coprodução com a RioFilme. Desde a estreia, em abril deste ano, no Festival É Tudo Verdade, em São Paulo, a obra já recebeu quatro prêmios.

O massacre em Pau D’Arco

A gravação começou no mesmo dia em que uma operação das polícias civil e militar do Pará resultou na execução de dez trabalhadores rurais sem-terra. O crime ocorreu na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, no sudeste do Pará.

Após o fatídico dia, a produção acompanhou sobreviventes e o advogado do caso por sete anos. O registro revela fatos impressionantes e aponta indícios de tentativa de silenciar testemunhas e encobrir a chacina — que até hoje não tem desfecho.

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Os personagens centrais

O primeiro a depor contra os policiais foi Fernando dos Santos Araújo, que relatou como amigos e o próprio namorado foram executados e torturados.

O advogado Vargas, responsável pela defesa de sem-terras e indígenas, assumiu o caso mesmo colocando sua família em risco. O filme acompanha a trajetória dos dois personagens e suas lutas pelo direito à terra e, principalmente, à justiça.

Prisão e perseguição

Após acumular vitórias na Justiça e ampliar o tom das denúncias, Vargas passou a ser perseguido. Quatro anos após a chacina, o documentário mostra episódios surpreendentes, como a prisão arbitrária do advogado e novas ameaças a Fernando dos Santos e outras testemunhas.

Fernando chegou a sair do programa de proteção e voltou para a fazenda Santa Lúcia. Esse retorno culminou em um dos momentos mais dramáticos do filme: sua execução com um tiro na nuca.

Quando a diretora entra em cena

A morte de Fernando e a prisão de Vargas obrigaram a diretora Ana Aranha a sair de trás das câmeras. Ela passa a investigar os dois episódios e, assim, o filme se transforma em uma apuração que pode impactar diretamente o julgamento dos policiais envolvidos na chacina. Até hoje, eles permanecem em liberdade, exercendo suas funções e sem data definida para júri.

Violência no campo

Assim como o massacre de Eldorado dos Carajás — que completa 29 anos em busca de justiça —, a chacina de Pau D’Arco expõe a continuidade da violência no campo paraense.

Em março deste ano, o Governo Federal iniciou o processo para transformar a área ocupada por 200 famílias sem-terra em um assentamento. No entanto, como o processo ainda não foi concluído, a expectativa da produção é que a repercussão de “Pau D’Arco” pressione o governo a dar continuidade ao trâmite.

Reconhecimento e premiações

Desde o lançamento, em abril, o documentário vem acumulando premiações. Entre elas:

  • Melhor Longa-Metragem pelo júri na Mostra Ecofalante de Cinema 2025;
  • Melhor Direção, Melhor Design de Som e Melhor Trilha Sonora Original no Festival de Cinema Guarnicê.

Sua estreia nacional ocorreu no festival “É Tudo Verdade”, considerado um dos mais importantes da América Latina no gênero documentário.

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