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Alok lança ‘O Futuro é Ancestral’, disco com representantes de oito tribos indígenas

O DJ concedeu uma entrevista exclusiva ao Grupo Liberal e falou sobre o seu mais novo projeto, que já está disponível nas plataformas digitais

Amanda Martins

O novo projeto do DJ e produtor Alok, que une música e conhecimentos ancestrais dos povos originários, foi lançado nesta sexta-feira (19) e já está disponível nas plataformas digitais. Com o título de 'O Futuro é Ancestral', o álbum chega ao mercado não por coincidência no Dia Internacional dos Povos Indígenas, promovendo a fusão entre música eletrônica, pop e cânticos rituais entoados por representantes de oito tribos. 

Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Alok revelou que o álbum começou a ser elaborado há alguns anos, quando o DJ teve o primeiro contato com a cultura indígena e pôde entender a importância de se preservar e disseminar os conhecimentos ancestrais desses povos e desconstruir crenças e conceitos sobre os mesmos. "O futuro pode e deve ser sustentável e tecnológico, mas precisamos ouvir as vozes da floresta", declarou o DJ. 

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Segundo Alok, o processo de reunir os músicos indígenas para o projeto não foi tarefa fácil. E relembrou com admiração o esforço necessário para unir representantes de diferentes etnias, incluindo o desafio logístico de alcançar comunidades distantes. "Eu entrei neste projeto como uma forma para potencializar a voz que eles já têm", frisou o artista. 

Alok relembra quando visitou a aldeia Mutum, no Acre, em 2015, e percebeu que os índios queriam conscientizar a juventude para não perder a essência de sua cultura. "Quando eles começaram a cantar, perguntei há quanto tempo eles tinham feito aquela música e eles responderam: 'Pelo que a gente se lembra, essa aqui tem uns 500 anos'. É muito forte, muita responsabilidade. Naquele momento vi o tanto que valeu a pena o trabalho dessa recuperação, do resgate dessa essência com a ancestralidade", afirmou o DJ. 

Imersão 

Sobre o processo de produção do álbum, Alok descreveu como uma jornada intensa de mais de 500 horas em um estúdio de Minas Gerais, envolvendo mais de 50 músicos para dar voz e corpo às oito faixas entoadas pelas etnias Huni Kuin, Yawanawa, Kariri Xocó, Guarani Mbyá, Xakriabá, Guarani-Kaiowá, Kaingang e Guarani Nhandewa e uma nona faixa remix, resultado da coprodução entre Alok e Maz para a música "Sina Vaishu".

Alok destacou os desafios técnicos de gravar músicas que não seguem a estrutura tradicional, adaptando-se às variações de ritmo e estilo de cada comunidade. 

"Eles cantavam de forma diferente cada vez que precisávamos reiniciar, variava de como estavam conectados com a espiritualidade deles. Começava lento, terminava rápido. Foi um processo que me fez sair de todas as minhas fórmulas e embarcasse no mundo deles", comentou o produtor. 

Os cânticos que compõem o álbum estão em línguas nativas e, para além de serem entendidas, também foram feitas para serem sentidas. "Sina Vaishu" (Yawanawa) fala sobre seguir o caminho dos ancestrais e sobre uma mudança de pensamento;  "Yube Mana Ibubu" é extensão de uma oração e clama pela sobrevivência; "Jaraha" (Guarani-Kaiowá) é um rap que fala sobre a vontade de retomada de suas terras; "Canto do Vento" (Kariri Xocó) é um canto de conexão com os ancestrais e com a vida; "Rap Nativo" traz as palavras de um guerreiro, sobre sua cultura e ligação com o divino; "Sangue Indígena" (Kaingang) é um o grito de batalha pela defesa da vida e das terras indígenas; "Pedju Kunumigwe" (Guarani Nhandewa) um convite para ouvir o som dos pássaros e da natureza; "Manifesto Futuro Ancestral" (Célia Xakriabá) propõe uma reflexão sobre a origem cultural brasileira e traz a força da palavra indígena na sua luta e poesia.

"Nossa colaboração com Alok permitiu gravar e atualizar nossa música, o que garantiu a passagem entre gerações para os povos indígenas e também não indígenas", diz Rasu Yawanawa, um dos artistas que integra o trabalho.

Álbum traz reflexões

Questionado sobre a mensagem central do álbum, Alok ressaltou a importância de preservar a conexão com a natureza e reconhecer a interdependência entre a humanidade e o meio ambiente. Ele enfatizou que ouvir as vozes da floresta, representadas pelos cantos e sabedorias indígenas é essencial para encontrar soluções sustentáveis para o futuro.

"Quando a gente pensa em futuro, a gente imagina um cenário apocalíptico, cheio de neo e carro voador. Por que o futuro não pode ser um indígena, em uma canoa, no rio Amazonas? (...) Você não precisa entender a língua nativa dos povos que integram o álbum, mas é preciso senti-la", pontuou o DJ. 

Para Alok, o álbum desafia os padrões mercadológicos, priorizando a autenticidade e a preservação das tradições indígenas sobre o sucesso comercial. O produtor afirmou que sua preocupação não é atingir o TO 10, mas se isso acontecer, será incrível, pois "são mais royalties para os indígenas, já que todos os royaties são deles".

"O Futuro É Ancestral vai na contramão, ou talvez, um caminho novo", refletiu destacando a singularidade do projeto. 

O novo trabalho de Alok tem o reconhecimento da Unesco como ação relevante para a Década Internacional das Línguas Indígenas. O projeto foi iniciado em 2021 e algumas de suas músicas já marcaram presença em eventos internacionais como Global Citizen Live (2021), na sede oficial da ONU em Nova York, em parceria com o Pacto Global da ONU, para a pré-abertura da Climate Week (2022 e 2023) e recentemente o pré-lançamento do álbum no GRAMMY Museum em Los Angeles.

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