Capital Inicial traz turnê Acústico 25 anos para Belém; 'Teremos surpresas', diz Dinho Ouro Preto
O grupo de rock traz o show da temporada comemorativa, com a participação de Kiko Zambianchi
Em 2025, a banda Capital Inicial chega a datas muito importantes de sua trajetória. Há 40 anos o grupo lançava o seu primeiro disco compacto, com as canções “Descendo o Rio Nilo” e “Leve Desespero”, em 1985. Mas foi em 2000, após mudanças na formação – sendo a principal delas a saída do cantor e compositor Dinho Ouro Preto, em 1993, e seu posterior retorno em 1998 – que o grupo atingiu o ápice do sucesso até então com o projeto Acústico MTV. Neste ano, após 25 anos, o Capital traz a Belém, na Assembleia Paraense (AP), o show da turnê Acústico 25 anos, que está percorrendo as cidades brasileiras. Em entrevista ao Grupo Liberal, Dinho falou sobre o projeto e refletiu sobre o estado atual da música e as mudanças trazidas pelo mundo digital.
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Com a formação quase completa da gravação original, a apresentação carrega a força de um reencontro, sem renunciar a novidades. “A graça do Acústico é que não mudamos nada. Tocamos o álbum inteiro exatamente como ele foi gravado. As músicas estão na mesma ordem. Convidamos o Kiko Zambianchi e o Denny Conceição (percussão) que estavam na gravação original também. Mas depois disso o show ainda tem algumas surpresas”, anuncia o vocalista.
Além de despertar as paixões de um público imenso, responsável pela venda de mais de um milhão de álbuns, o Acústico MTV se tornou o início da fase mais produtiva do grupo, que chega até a atualidade, com o lançamento de um disco a cada dois anos até a pandemia. Assim, não é de surpreender que a banda traga para o show em Belém alguns dos hits que surgiram nos trabalhos seguintes gravados em estúdio, como “Quatro Vezes Você” e “À sua maneira”, do álbum “Rosa e Vinho Tinto”, de 2002, ou “Não Olhe pra Trás”, de “Gigante! ”, de 2004. O repertório posterior mostra que houve vida após o Acústico, mas a banda decide celebrar a data para lembrar aos fãs como tudo começou a se tornar o que é: uma trajetória de hits.
Mesmo com a experiência acumulada de altos e baixos, para Dinho, a passagem do tempo ainda tem trazido novos desafios, que ele enxerga como um dos mais difíceis do cenário da música. “Essa é a terceira grande mudança que encaramos. Antes já tínhamos ido do vinil ao CD. Mas essa mudança agora é muito maior. Eu continuo meio velha guarda nesse sentido. Ainda gosto de discos inteiros. Acho que faz sentido lançar um grupo de canções compostas na mesma época e tocado por músicos que, no nosso caso, estão juntos há mais de quarenta anos. Além disso, o Capital acabou se adaptando bem ao mundo do streaming, acabamos de bater 2.5 bilhões de streamings e visualizações”, afirma Dinho.
Do caminho que atravessa décadas, sempre com novos acontecimentos, um episódio marcou de forma preocupante o grupo. No dia 31 de outubro de 2009, o cantor caiu do palco em um show em Patos de Minas e sofreu traumatismo craniano e a quebra de seis vértebras e três costelas. Dinho passou seis meses em recuperação. Com a reabilitação do vocalista, o conjunto voltou à ativa gradativamente. Em 2015, é gravado o segundo álbum sem instrumentos eletrificados, o Acústico NYC, em Nova Iorque, que deu enfoque ao repertório lançado após a chegada do guitarrista Yves Passarell, que substituiu o músico Loro Jones, da formação orginal, saído em 2002.
“Não somos uma banda imaculada. Esses esbarrões, esses altos e baixos, esses excessos, essas cicatrizes, se você quiser colocar de um jeito poético, dão caráter ao Capital, dão personalidade, consistência, honestidade, legitimidade”, refletiu Dinho Ouro Preto em 2017, em entrevista concedida à revista Rolling Stone Brasil. E falou ainda sobre o resultado dos percalços e acertos: “O Capital é uma banda de rock brasileira que passou por tudo, que sobreviveu a todas as intempéries. Tudo que podiam jogar na gente foi jogado, tudo que podia nos acontecer aconteceu. Quando uma banda resiste a tantos furacões e terremotos e continua de pé, há algo de especial ali. Uma banda que demonstra uma resiliência como essa? No final, vão sobrar as baratas, o Keith Richards e o Capital Inicial”, disse, brincando.
Para Fê Lemos, baterista, no mesmo depoimento para a revista, parte do sucesso da banda também pode ser creditado ao grupo Aborto Elétrico, que formou junto ao irmão Flávio Lemos, baixista do Capital, e o cantor e compositor Renato Russo, símbolo do rock nacional. “É um reflexo da mitologia do rock de Brasília, dos órfãos do Renato. A gente tem uma história que tem mistério, tem charme. Esse imaginário ajuda a despertar o interesse por um lado e, por outro, temos os hits da segunda fase. Fora o fato de que a gente permaneceu enquanto vários parceiros nossos, por diversos motivos – separação, morte – não conseguiram dar prosseguimento à carreira”, afirmou.
Seja quais foram as razões decisivas para a longevidade da banda, o certo é que ela segue na estrada. E vem a Belém com Dinho Ouro Preto nos vocais, Flávio Lemos no baixolão, Fê Lemos na bateria, Yves Passarell nos violões, Kiko Zambianchi nos violões e voz, Denny Conceição na percussão, Fabiano Carelli também nos violões e Nei Medeiros nos teclados. A produção musical é de Marcelo Sussekind, cenografia de Zé Carratu, Studio Curva e MangoLab, e design de luzes de Césio Lima.
AGENDE-SE
Show Capital Inicial Acústico 25 anos
Data: 17 de maio
Hora: 21h
Local: Assembleia Paraense
Ingressos: site Bilheteria Digital
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