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Cantora lírica Marina Monarcha morre aos 89 anos, em São Paulo

A paraense faz parte da história da arte lírica do Pará e do mundo

Bruna Lima
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A arte lírica do Pará e do mundo perde a paraense Marina Monarcha, aos 89 anos. A cantora erudita morava em São Paulo e morreu no Hospital Premiére, onde estava internada desde a quinta-feira passada (20), em tratamento contra o câncer. A filha da cantora, Carmen Monarcha, que segue os mesmos passos da mãe, disse que o falecimento ocorreu às 12h45 desta quarta-feira (26).

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Emocionada, a filha de Marina Monarcha disse que, desde o início do ano, a mãe já vinha lutando contra o câncer de pulmão, mas, mesmo em meio à fraqueza e indisposição, a cantora lírica ainda tocava piano e gostava de se envolver com a arte da filha e de amigos.

"Era incrível que mesmo em estado debilitada ela encontrava disposição e força para se envolver com a arte e com a música. Tudo o que eu sou eu devo à minha mãe", disse Carmem emocionada por telefone com a Redação Integrada de O Liberal.

O velório vai ocorrer às 20h, no Cerimonial Pacaembu, em São Paulo, e o momento de despedida está marcado para às 23h.

Esse ano, a artista recebeu o diagnóstico do câncer, mas a saúde começou a ficar comprometida em 2017, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Marina tinha acabado de chegar em sua casa em São Paulo, de uma viagem a Belém, quando recebeu a homenagem da primeira edição do concurso de canto “Marina Monarcha”, promovido pela Fundação Carlos Gomes.

“Foi um momento de tanta emoção para a minha mãe, pois fazia um tempo que ela não ia à terrinha (Belém), e quando foi receber essa homenagem ela ficou muito emocionada. Depois de poucos dias que estava em São Paulo ela teve o AVC”, recordou a filha.

Marina tinha planos de ficar visitando Belém e os projetos de música com mais frequência, mas ficou impossibilitada em decorrência da saúde. O envolvimento de Marina com a Fundação Carlos Gomes era de grande proximidade, pois ela foi uma das figuras responsáveis em criar o curso de bacharelado em música na instituição.

Carmem diz que a mãe era uma pessoa engajada e que vivia a serviço da música. “Eu tive muitos aprendizados com a minha mãe, mas um dos mais importantes é que ela dizia que o artista era um servidor da arte. Em tempos de like, onde as pessoas precisam ser o centro das atenções, o ensinamento da minha mãe sempre foi de encontro, pois ela dizia que a voz dela estava a serviço da música. A arte é a música e não o artista”, recorda Carmem com a voz embargada de choro.

Mãe e filha sempre caminharam juntas nessa trajetória e Carmem recorda quando mudou-se para São Paulo, há mais de 20 anos. “Eu vim para São Paulo para estudar música e ela logo me disse, vai que vou atrás de ti. E foi o que ocorreu, ela se aposentou e veio morar comigo em São Paulo”, recorda a filha.

Com a mudança, Marina formou novos laços e deu continuidade com os trabalhos na arte erudita em São Paulo, onde formou grandes parcerias. Marina fez parte da vida musical em São Paulo com coro lírico e coro paulistano. “Minha mãe era totalmente envolvida com a música. Quando ela veio para São Paulo, ela continuou a jornada dela, mas nunca deixou para trás a história com os amigos e a cena lírica de Belém, ela conseguia administrar tudo isso. Ela ajudou a formar muitas gerações de músicos eruditos”, destaca a filha e principal fã da artista.

Relembre a voz de Marina Monarcha

Um dos alunos de Marina é o diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo, que também é cantor lírico e popular. Ele diz que começou a trajetória da arte erudita graças à professora Monarcha. “Eu não me achava capaz de ser cantor lírico, mas como a minha irmã já era, um certo dia, quando eu tinha 16 anos, ela me levou na aula com a Marina para fazer o teste e foi uma surpresa quando ela disse: você tem voz para o canto lírico, tem condições de ser solista, pode vir que serei sua professora”, recorda o aluno com gratidão e felicidade.

Daniel diz que o contato entre aluno e professor de música é um contato próximo e estreito e Marina sempre lhe acolheu muito bem não só na arte, mas como na vida. “É uma relação de um para um e esse contato acaba ficando muito estreito. A Marina sabia quando um aluno não estava bem pela voz e ali ela dava conselhos, era amorosa e cuidava. Sou muito grato de ter começado a vida na arte pelas mãos de Marina”, destaca Daniel.

Além da Fundação Carlos Gomes, Marina Monarcha foi professora da Universidade Federal do Pará. Nasceu em Belém, teve uma filha e deixou o legado do canto lírico para diferentes gerações.

A Prefeitura Municipal de Belém se pronunciou por meio de nota e lamentou com profundo pesar a morte da cantora paraense Marina Monarcha Gaspar, considerada uma das maiores cantoras líricas do país, uma verdadeira diva da música erudita.

Além de cantora lírica, Marina Monarcha foi professora, mestra pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pela formação em canto lírico de várias gerações. Formada em canto e piano pelo Conservatório Carlos Gomes, em Belém, Marina foi uma das fundadoras da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (EMUFPA).

A Universidade Federal do Pará (UFPA), onde a artista lecionou o ensino de canto lírico formando gerações de cantores, na Escola de Música,  também emitiu nota de pesar: "Seu legado permanecerá uma inspiração valiosa para todas as pessoas que se dedicam ao canto (...) A UFPA solidariza-se com os familiares e amigos e manifesta a sua gratidão por toda a contribuição da professora Marina Monarcha". 

 

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