Artistas e público em Belém se unem para proteger o Casarão do Boneco

Espaço que acolhe grupos artísticos no bairro Batista Campos sofreu arrombamento, e, agora, artistas e produtores culturais em geral fazem campanha para providenciar estrutura de segurança ao local

Eduardo Rocha
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O Casarão do Boneco, imóvel que abriga atividades de grupos teatrais como o In Bust Teatro com Bonecos, na avenida 16 de Novembro, 815, às proximidades do Espaço São José Liberto, no entorno da Praça Amazonas, no bairro Batista Campos, sofreu um arrombamento na madrugada do último dia 3. Enquanto prosseguem as investigações da Polícia para chegar aos autores do crime e possível recuperação do que foi levado do local, os integrantes do Coletivo Casarão do Boneco (grupos com atividades no espaço) e mais artistas e produtores culturais em geral mobilizam-se em uma campanha para arrecadar fundos para a restauração do local, que sedia apresentações ao público.

O fato não choca e constrange somente a pessoas adultas, mas, também, ao público infantojuvenil. Isso porque são décadas de atuação do In Bust levando espetáculos para gente de todas as idades, ou seja, humanizando plateias a partir do diálogo entre bonecos e seres humanos e vice-versa. Temáticas diversas são abordadas pelos atores e bonecos, sempre diante de olhinhos e olhos bem atentos para o que vai acontecer de novidade no palco. Fora isso, outros grupos  usam o espaço para elaborar e apresentar espetáculos.

Muito por isso, a classe artística de Belém se movimenta para restaurar o Casarão dos Bonecos. Trata-se de um compromisso com a arte/cultura e com o público. Sobre o caso, a Polícia Civil informa que “um boletim de ocorrência foi registrado e o caso segue sob apuração pela Seccional do Comércio”. No Casarão, ocorrem ensaios , ateliês de criação, oficinas de formação e apresentações. Isso, dos artistas da casa e de outros.

Em postagem no Instagram, o Coletivo Casarão do Boneco divulgou: “Amigos do Casarão, ainda estamos calculando os danos e prejuízos, mas já começamos a realizar os reparos necessários para seguir as atividades. Nesse momento abrimos uma campanha de doações para cobrir os danos causados e reforçar as estruturas para prevenir outros episódios. Toda contribuição é bem-vinda! A chave pix é:

26579437000115 Leonel Ferreira- Nu bank. Nós, do Casarão do Boneco, agradecemos todo o apoio recebido até aqui e contamos com teu apoio sempre acreditando que o caminho é coletivo!”.

No dia do arrombamento que os ladrões depredaram a entrada do Casarão e levaram uma caixa acústica do espaço, o Coletivo Casarão do Boneco manifestou–se, pontuando que “embora isso gere custos e alguns objetos de valor material tenham sido levados, o que existe aqui não cabe em cálculo de preço”.

“O Casarão é um espaço de cultura, de memória, afeto e convivência. É um lugar onde pessoas se encontram, criam, aprendem e compartilham histórias. Cada objeto, cada boneco, cada tecido, cada fragmento desse lugar carrega o peso de anos de trabalho, dedicação e sonhos. Não são itens de grande valor no sentido financeiro, mas são de imenso valor para quem constrói e vive essa arte diariamente”, acrescentou o Coletivo.

image Espetáculo sendo apresentado no anfiteatro do Casarão do Boneco (Foto: Uirandê Gomes)

No final da postagem do dia 3 deste mês, o Coletivo Casarão do Boneco enfatiza: “A invasão não nos tira o mais importante. Seguimos firmes, fortalecidos pela comunidade que acredita na potência da cultura e na importância de preservar espaços como este, espaços que acolhem, inspiram e transformam. Porque o Casarão do Boneco não está nas coisas, mas nas pessoas, nas histórias e no afeto que o sustentam”.

Insegurança x arte

O arrombamento do Casarão se deu por meio do portãozinho lateral, ou seja, a pessoa “escalou, pulou e arrombou uma porta para o jardim”, como relata o ator Paulo Ricardo Nascimento, grupo In Bust Teatro com Bonecos. “Essa não é a primeira vez que acontece, inclusive, na mesma porta. Mas, desta vez, ele quebrou a porta mesmo. Ficou toda quebrada. Ele levou uma caixa de som. Ele transitou por uma área bem pequena do casarão, o suficiente para entrar e ir na sala e roubar a caixa”, diz Paulo Ricardo.

A caixa de som é até agora o que o grupo teatral conseguiu identificar como o que foi levado pelo ladrão. Esse ladrão saiu por um dos janelões da parte da frente da casa. Paulo disse que o Casarão já está sem segurança eletrônica há um tempo, ainda que no local não se tenha nada de alto valor financeiro, mas, sim, equipamentos e objetos da atividade teatral. Mesmo assim, o Casarão já sofreu vários arrombamentos e tentativas desse tipo de crime.

“Nesse sentido, o Casarão é inseguro. É uma estrutura frágil, antiga, a maioria das portas são originais. São coisas muito caras para a gente restaurar, restaurar o Casarão. A gente até conseguiu fazer campanha  e reformar algumas delas  nesse período todo, mas sempre tem essa insegurança presente. E a gente é surpreendido assim, periodicamente, quando, de repente, chega alguém e detecta o janelão aberto e a porta de dentro tinha sido arrombada”, destaca o ator. Ele diz que foi concluída  a programação externa no Casarão e que agora o grupo deverá focar em atividades internas, como ensaios. Porém, uma prioridade é o restauro das portas e janelas do Casarão, como estratégia de segurança.

Para se ter uma ideia do que significa contribuir com uma reforma e restauro do Casarão do Boneco, somente o In Bust que mantém atividades nesse espaço (fora os outros grupos no local) atua na cena cultural de Belém desde 1996. Desde 2003, o grupo está nesse espaço.  Ou seja, o Casarão do Boneco que acolhe bonecos e atores precisa ser, agora, acolhido por quem pode colaborar com sua segurança.  




 

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