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Artesãs de cuias do Baixo Amazonas integram campanha nacional de valorização do patrimônio cultural

Campanha é feita em parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e comunidades

O Liberal
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O Modo de Fazer Cuias do Baixo Amazonas, no Pará, integra a partir de agora a campanha Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores, ao lado de outras manifestações culturais do país, como o Complexo Cultural Bumba Meu Boi, do Maranhão e a Literatura de Cordel, do Ceará e do Distrito Federal, entre outras. A ação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é feita em parceria com comunidades detentoras e visa promover o Patrimônio Cultural Imaterial, incentivando a venda de produtos associados a bens registrados em vários estados brasileiros.

A partir dessa ação, que teve início no ano passado, todos esses bens culturais e os produtos associados, que integram o Patrimônio Cultural Brasileiro - Instrumentos musicais, alimentos, indumentárias, CDs/DVDs, performances, oficinas, aulas online e artesanatos, como as cuias produzidas no Baixo Amazonas -, foram reunidos no site do “Conectando Patrimônios” e podem ser acessados no endereço http://portal.iphan.gov.br/conectapatrimonios. Nele é possível entrar na página oficial de cada um, conhecer mais e ainda adquirir artigos diretamente com os detentores.

Para Lélia Almeida Maduro, atual presidente da Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (Asarisan), entidade que reúne trabalhadoras da região, entre elas, cerca de 20 artesãs de cuias da região do Aritapema, integrar a ação “é uma forma eficiente para divulgar e fazer com que as pessoas conheçam melhor esse trabalho”, avalia.

A prática de fazer cuias no local é fruto do conhecimento indígena na região amazônica há mais de dois séculos, e atualmente é conduzida por mulheres em comunidades do Baixo Amazonas. “É um trabalho coletivo, em que todas participam da produção de cada uma das cuias”, detalha Lélia, que aprendeu ofício ainda criança, observando o trabalho feito pela mãe, tias e primas.

Os Modos de Fazer Cuias do Baixo Amazonas, no Pará, estão registrados como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2015. O trabalho é totalmente artesanal feito a partir dos frutos da cuieira, árvore comum na região. As etapas de confecção envolvem a retirada dos frutos, corte e limpeza, tingimento, lavagem e ornamentação. “Minha mãe era boa no corte. Já eu, domino melhor a técnica do grafismo, consigo fazer qualquer desenho”, orgulha-se.

Na região, ao contrário do que ocorre na capital, onde o uso das cuias é mais reservado para tomar tacacá, lá elas são amplamente utilizadas, seja para tomar banho, comer, tirar água da canoa, tomar açaí e tacacá, claro. Do mesmo material também são confeccionados outros objetos como copos, jarras, fruteiras, travessas e ornamentações.

Visibilidade

O técnico em Antropologia do Iphan/PA, Cyro Lins, explica que a campanha Conectando Patrimônios tem por objetivo criar e oferecer um espaço de visibilidade para detentores e suas respectivas manifestações culturais e surgiu ano passado como uma alternativa de comercialização diante da pandemia. Por essa razão, o site da campanha apresenta coletivos de detentores de vários estados com os seus respectivos contatos de telefone e redes sociais. Quem se interessar, pode entrar nas páginas virtuais dos coletivos e adquirir produtos desses grupos. “O site da ação não é para a comercialização, mas um local para divulgar esses espaços de comercialização”, esclarece.

O técnico ressalta ainda que atualmente estão identificadas cerca de 50 artesãs de cuias no Baixo Amazonas. “Elas são de Aritapera e de algumas outras áreas de Santarém. Sabemos que esse número é bem mais amplo, mas ainda carecemos de um mapeamento mais exato”, diz.

Os Modos de Fazer Cuias do Baixo Amazonas seguem um padrão bem específico, segundo o técnico, “são as cuias pintadas de preto com os chamados bordados”. Este ano, o núcleo produtivo detentor ganhou a primeira marca coletiva do estado do Pará batizada de “Airá”, com o lançamento de site e instagram. “Então a partir daí, resolvemos unir a criação dessa marca à campanha Conectando Patrimônios”, explica.

Além do Modo de Fazer Cuias do Baixo Amazonas, a campanha já contempla o carimbó divulgando o ritmo no site.

Serviço: Ação “Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores”. Endereço: portal.iphan.gov.br/conectapatrimonios

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Cultura
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