Arte inclusiva e suas manifestações

As pessoas com deficiência são especiais como todos e têm o direito ao lazer e a cultura

Bruna Lima

Mesmo em silêncio, no escuro ou com qualquer outro tipo de limitação a arte dá o poder de sentir, vibrar e criar imagens. E as pessoas com deficiência são especiais como todos e têm o direito ao lazer e a cultura. A deficiência não é impeditiva para o acesso à cultura, mas sim o ambiente. Um dos exemplos mais recentes de inclusão foi a aprovação da Lei 9.535 de 27 de Abril de 2022, que garante exibições de filmes adaptadas para o público do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a chamada "Sessão Azul".

Considerando as peculiaridades dos autistas, as salas serão adaptadas com redução do volume do som e as luzes deverão estar levemente acesas. Também deverá ser afixada a fita azul com peças de quebra-cabeça, símbolo mundial do Espectro Autista.

“Mais um marco positivo para garantia de direitos da pessoa com autismo no estado do Pará e uma referência a nível de políticas inclusivas no Brasil. Essa sessão azul ela dispõe de algumas adaptações ambientais que são tão importantes para as pessoas que têm essa condição do autismo”, diz a coordenadora Estadual de Políticas para o Autismo (Cepa), Nayara Barbalho.

As adaptações nas sessões consideram as dificuldades sensoriais de autistas, muitas vezes têm sensibilidades a determinados sons, luzes e imagens. Os cinemas ficam sob a responsabilidade e autonomia de disponibilizar ao menos uma vez ao mês as "Sessões Azuis".

O público terá acesso irrestrito à sala de exibição, podendo entrar e sair ao longo da sessão, sempre que desejar. Em caso de não preenchimento do total de vagas até cinco dias da data da referida sessão, o estabelecimento fica autorizado a disponibilizar as vagas restantes ao público em geral, limitado à metade dos assentos.

A história de Belém em imagens e sons

Outro exemplo de inclusão da arte é o projeto "Histórias de Belém", coordenado pelo professor e presidente da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), Michel Pinho, que leva uma legião pelas ruas de Belém para saber mais sobre a cultura e história. O projeto começou pelo bairro da Cidade Velha e agora já faz parte do roteiro os bairros do Reduto e Nazaré. O projeto tem o objetivo da construção imagética de uma Belém que não existe mais. 

E para este mês de maio, o projeto vai contar a história da avenida Presidente Vargas.

Em 2015, Michel resolveu incluir no projeto intérpretes de linguagem brasileira de sinais e áudio descritores, que narram a paisagem para pessoas com deficiência auditiva e visual. Ele explica que como professor sentiu a necessidade de envolver os alunos adolescentes com deficiência e diz que a cada ano que passa mais pessoas se envolvem.

"Eu sou muito suspeito para falar desse projeto, pois o resultado é afetuoso e cheio de carinho. Eu me sinto feliz, pois com o projeto me sinto um cidadão que milita que as pessoas tenham acesso à história de Belém.

O projeto “histórias de Belém” não tem financiamento de nenhum órgão público ou privado. Não é uma ação de uma universidade ou faculdade. É uma ação individual inspirada no pensamento de Paulo Freire, de aprender vivendo e nos ensinamentos de Miguel Chikaoka, fundador da Fotoativa, de estimular perguntas, não respostas.

O “histórias de Belém” é uma construção, baseada nas literaturas acadêmicas, nos poemas, nas músicas e na memória sobre a cidade. O 'histórias de Belém' é uma relação de afeto com a cidade.

image Silvany Risuenho faz interpretação de Libras em live da artista Bella no Youtube. (Divulgação/Lambateria)

O acesso à cultura é direito de todos

Todo cidadão tem direito ao lazer e cultura e as pessoas com qualquer tipo de deficiência não devem ser ignoradas, pois deficiência não é impeditiva, mas o espaço sim e ele deve ser readequado a todos.

A professora e intérprete em libras, Silvany Risuenho Brasil, explica que o cenário de inclusão está em expansão e tem gerado empoeiramento à comunidade surda, que por muito tempo foi negligenciado.

“É uma evolução e as pessoas da comunidade participam ativamente de eventos e espaços culturais, pois são consumidoras desses produtos. Elas se interessam por obras e artistas, é um público ativo e que tinha o direito negado”, destaca Silvany.

A professora diz que essa realidade vem mudando graças à luta da comunidade e também dos profissionais intérpretes. “O retorno deles é imediato, pois a nossa presença (intérprete) nos eventos são pautas de conversas e eles engajam. Eles ficam felizes pela oportunidade de consumir o produto”, reforça a intérprete.

Silvany já teve oportunidades de participar de vários eventos, tanto presencial como também virtual e ela diz que o retorno do público é imediato. Ela acrescenta também que desde o início da pandemia a procura por intérpretes aumentou significativamente, pois os editais de incentivo estão incluindo a presença de intérpretes.

“Eu participei do Festival Lambateria de Verão e foi uma oportunidade muito boa. A comunidade festejou e deu o retorno positivo de forma instantânea pelas redes sociais”, pontua a intérprete. Os festivais Se Rasgum e Psica também incluíram os intérpretes em suas programações.

Teatro Cego

O espetáculo “Um outro olhar” interpretado por atores e atrizes com deficiência visual que, por meio da arte, provoca o público a vivenciar a experiência por meio dos outros sentidos, como olfato, audição, tato e paladar. 

O espetáculo conta a história de uma empregada doméstica e sua patroa que passam ao mesmo tempo por um tratamento de câncer. A relação entre elas retrata as diferentes posturas e dificuldades que pessoas de classes sociais distintas têm diante desse desafio.

O Teatro Cego é apresentado pelo Ministério do Turismo e pelo Instituto CCR, responsável pelo investimento social do Grupo CCR, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Durante o ano, serão 60 apresentações totalmente gratuitas em parceria com os hospitais do Câncer das capitais por onde a temporada passará: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte.

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