Após conquistar Kikito em Gramado, Naieme integra elenco de ‘Fafá de Belém, o Musical’
Artista multifacetada da Amazônia, agora brilha no Rio de Janeiro como única paraense no elenco
Naieme é cantora, compositora e atriz, com uma carreira marcada pela valorização das raízes amazônicas. Este ano, ela conquistou um Kikito no Festival de Cinema de Gramado de 2025, como melhor atriz pela interpretação da personagem Jaque no filme paraense "Boiuna". A premiação foi dividida com Jhanyffer Santos. Além disso, o filme também levou o Kikito em Melhor Direção e Melhor Fotografia.
O prêmio da artista se junta a tantos outros destaques conquistados por ela este ano. Porém, para 2026, tem mais coisa boa vindo aí, incluindo a participação no “Fafá de Belém, o Musical”, que estreia em janeiro de 2026, no Rio de Janeiro. Inclusive, ela é a única paraense no elenco.
“A temporada do musical vai até dia 8 de março, no Rio de Janeiro, depois temos datas já confirmadas em São Paulo. Em janeiro, eu lanço um material audiovisual bem bacana gravado ao vivo no meu show no Rock the Mountain e também um single novo depois do Carnaval. Fora outras coisas que não posso contar ainda (risos)”, antecipou a artista.
“Fafá de Belém, o musical” apresenta em linguagem de teatro musical a jornada da cantora e sua relação com o Pará, meio ambiente e MPB. Para entrar no elenco, Naieme realizou alguns testes; o primeiro resultado positivo veio logo após ela enviar um vídeo, depois ela fez testes presenciais.
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“Em São Paulo, foram cinco dias de testes dificílimos de balé, dança, atuação e canto. Foram mais de 1.000 inscritos do país todo e lá estava eu. Já em Belém, o Jô Santana, produtor da peça, me ligou avisando que eu tinha passado e que eu teria que ir pro Rio de Janeiro após o Círio. Minha primeira reação foi gritar pra mamãe: eu passeeeei (risos)”, relembra.
No Rio de Janeiro, Naieme começou a dar sequência à sua preparação, com aulas de dança e canto das 8h às 17h com o ator, autor, diretor e produtor Gustavo Gasparani, que conduz o espetáculo. A atriz destaca ainda que, nesse processo, conheceu uma Fafá de Belém que poucas pessoas conhecem.
No espetáculo, Fafá de Belém é vivida por quatro atrizes nas diversas fases da sua vida. Lucinha Lins, na fase madura; Helga Nemetik na fase jovem; e sua neta Laura Saab e Clarah Passos alternam a interpretação na fase criança/adolescente. Naieme será Yara Marques, diretora do documentário que é a trama da peça em si; ela é quase uma narradora da história que será contada em três planos (Fafá-menina, Fafá-cantora e Fafá de Belém).
“Falar de Amazônia e da nossa cultura é algo que é muito natural pra mim, que eu falo com propriedade porque também sou pesquisadora e trago coisas bem simbólicas pra construção dessa personagem. Yara Marques é uma documentarista, artista paraense de raiz indígena, muito parecida com a minha raiz. Pra construir a narrativa dessa personagem no meu corpo, me inspirei muito no Léo Platô, um grande amigo meu que partiu cedo demais, criador do Sampleados, e que trabalhou anos com a Fafá documentando tudo sobre ela, e peguei alguns exemplos práticos também com a Tarsilla Alves, minha amiga cineasta documentarista que faz filmes incríveis”, explica a artista.
“Acredito que, nesse espetáculo, para além da identificação com a nossa cultura e com a história incrível da Fafá, o espectador vai ter contato com um recorte especial desse país que se chama Pará, uma parte dessa Amazônia que o Brasil ainda não conhece, que chamam de ‘Brasil profundo’, que se assusta com o tamanho das nossas manifestações culturais, que acha bizarro o fato de termos tecnologias ancestrais e sermos diferenciados mesmo no coração da floresta. A Fafá é uma referência pra nós artistas, mulheres nortistas, mulheres como ela, Nazaré Pereira, e tantas artistas que desbravaram novos horizontes e fizeram movimentos importantes, que abriram caminhos pra que hoje nossa cultura tome maiores espaços. É de suma importância contar a história dessas mulheres! Que venham aí mais musicais, filmes, documentários e tudo mais sobre nossa Fafá, e sobre tantas das nossas vozes”, acrescenta.
Desde que ganhou o papel, Naieme tem se dedicado a esse trabalho, que incluiu encontros com Fafá de Belém, artista que carrega elementos musicais únicos e características marcantes. Inclusive, a homenageada mostrou muita sensibilidade em ter uma paraense no espetáculo.
“Fafá tem um coração enorme e, quando soube que eu estava no elenco, me ligou, me parabenizou e fiquei muito emocionada. Ela me disse pra nunca deixar de ser quem eu sou por qualquer coisa que seja, pra nunca perder minhas raízes; me disse que há uma diferença muito grande entre construir uma carreira com firmeza e só fazer sucesso de uma hora pra outra sem consistência, fazendo um ‘voo de galinha’ (risos). Ela dá conselhos importantíssimos e engraçados, mas não é só pra mim não, é pra todo o elenco. Já foi lá no ensaio duas vezes assistir e ver se a gente estava fazendo a história dela direitinho (risos), com tamanha irreverência e aquela gargalhada gostosa. Está muito lindo nosso musical, viu”, conta Naieme.
Por ter uma carreira musicalmente ativa, é inevitável que a artista não se encante com a discografia de Fafá de Belém.
“Vários hinos dela tocam nosso coração, né? Mas ‘Pauapixuna’ me derrete, lembro da minha infância, sempre me transporta pra casa. No musical, em ‘Pauapixuna’, eu faço um dueto lindo com a Helga Nemetik, que é uma grande referência pra mim no teatro musical, uma das maiores atrizes que temos! E contracenar com a Lucinha Lins, a nossa Santinha do Roque Santeiro, nossa gata dos Saltimbancos, essa grande voz e grande dama da dramaturgia brasileira é de um aprendizado enorme! Tô me realizando fazendo tudo que domino ao mesmo tempo: cantando, atuando e dançando e até dirigindo (risos). Na vida real, eu que dirijo meus trabalhos audiovisuais; tenho aprendido muito nesse processo todo”, finaliza Naieme.
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