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Amazônia em evidência no mercado mundial da Arte

Organizadora da maior feira de arte da América Latina, a SP Arte, Fernanda Feitosa fala sobre o novo cenário do mercado nacional

Carmila Martins - Especial para O Liberal
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Maior feira de arte da América Latina, a SP Arte anuncia edição totalmente presencial para abril de 2022 após ter experimentado este ano o formato híbrido. Com uma retomada entusiasta na aquisição de obras de arte dando destaque para os paraenses Uryra Sodoma e o coletivo Trovoa com as artistas Thaís Sombra e Moara Brasil, assim como Jaider Esbell, que faleceu de forma trágica, O Liberal conversou com Fernanda Feitosa, uma das pessoas mais respeitadas no circuito do mercado de arte no Brasil para falar sobre a retomada do mercado nacional da arte e o protagonismo de artistas afro, indígenas e do tema Amazônia.

Fernanda Feitosa afirma que por mais que o formato híbrido tenha colaborado no último ano, por conta da pandemia - nada substitui o encontro presencial com a arte e quando se fala de Amazônia, a produção artística afro diaspórica e indígena está sim em evidência.

“Acredito que essas movimentações vêm engrandecendo o circuito de arte como um todo e não apenas o mercado. Trata-se de uma revisão urgente dos problemas estruturais que carregamos como sociedade e que nos demandam ações afirmativas”, afirma.

Confira na integra a entrevista com Fernanda Feitosa:

Como o público reagiu ao encontro físico na SP-Arte deste ano?

A resposta que tivemos foi muito positiva! Por mais que o digital tenha nos ajudado no último ano, nada substitui o encontro presencial com a arte. O evento foi realizado de forma muito cuidadosa, seguindo normas rígidas de segurança. O público ficou muito feliz em poder ter o contato próximo com as galerias e também com os artistas, durante os encontros presenciais que promovemos por meio do Talks!

Quais foram as principais movimentações e inovações do cenário artístico?

Houve uma oxigenação maior de artistas representados no circuito comercial de arte - as galerias estão apostando tanto em artistas mais jovens, em começo de carreira, como também iniciam a trabalhar com mais fôlego, junto aos artistas de corpos dissidentes - racializados e LGBTQIA+, por exemplo.

Como a arte afro e a indígena (assuntos discutidos hoje perante a arte na América Latina) foram consumidas?

Sem dúvida artistas que participaram da 34ª Bienal estiveram presentes na SP-Arte, com destaque para Uyra Sodoma e Antonio Dias. O artista indígena contemporâneo, falecido de forma trágica, Jaider Esbell, também teve destaque na Galeria Millan, que o representava. A produção artística afro diaspórica e indígena está sim em evidência, não tanto porque o mercado está atento e dando voz, mas pelo fato de que esse tipo de espaço está sendo reivindicado pelos próprios artistas e as comunidades interessadas. Acredito que essas movimentações vêm engrandecendo o circuito de arte como um todo e não apenas o mercado. Trata-se de uma revisão urgente dos problemas estruturais que carregamos como sociedade e que nos demandam ações afirmativas.

Como foi trabalhar com o presencial e o digital? Em quais dos dois formatos você percebeu que o mercado da arte obteve um melhor resultado?

Apesar de já estarmos realizando o SP-Arte Viewing Room há quatro edições, essa foi a primeira vez que a Feira foi realizada em formato híbrido; com o presencial e digital ao mesmo tempo. A feira física continua se mantendo como carro-chefe de vendas do evento, mas a feira digital desempenha um papel importante, ao tornar as obras acessíveis para colecionadores de fora de São Paulo e do Brasil, com quase 50 mil acessos únicos, contribuindo para um maior alcance da feira.

Acredita que o formato digital na esfera das artes visuais veio para ficar?

É difícil imaginar o mercado da arte seguindo sem sua manifestação digital. A pandemia forçou a aceleração de um processo de digitalização que já vinha sendo realizado em todos os mercados - o da arte só demorou um pouco mais para implementar essa transformação. O digital também traz benefícios importantes, como a democratização das obras e da programação para além do espaço físico e temporal que ocupam.

Como foi superar a ansiedade do público pós pandemia? Ele estava ativo ( consumindo) ou observando mais e pesquisando o mercado da arte como um todo?

Depois de um ano ressabiado para compras maiores, sentimos uma retomada entusiasta na aquisição de obras, com galerias vendendo seus estandes inteiros ainda nos primeiros dias de Feira.

Como você pesquisou e observou o mercado da arte pós pandemia? E quais foram as obras que estiveram mais evidentes aos olhos do consumidor?

Mesmo durante a pandemia já se observava uma busca mais acentuada por pinturas, além de um interesse crescente por artistas mulheres, indígenas, negros e LGBTQIA+.

Quais foram os projetos artísticos que mais chamaram a sua atenção e quais projetos foram destacados, mais vistos?

São muitos artistas e expositores que participam da SP-Arte, essa pergunta é sempre muito difícil de responder, pois são muitos artistas bons! Podemos citar a artista Panmela Castro, que surpreendeu com suas pinturas de flores no estande da Galeria Luisa Strina; o artista mineiro, Gustavo Nazareno, da Galeria Portas Vilaseca, que vendeu 100% do estande no primeiro dia da Feira; a presença da galeria HOA e do Projeto Vênus, ambas pela primeira vez presencialmente no evento - participaram, até hoje, somente na versão online, por conta da pandemia. Artistas internacionais de peso como: Antony Gormley, Anish Kapoor e Michelangelo Pistoleto, na galeria Continua.

Você acha que teve uma queda significativa no mercado da arte, que ela se manteve na média de dois anos atrás para os dias atuais, ou teve uma ascensão?

A queda no mercado de arte ocorreu, sem dúvida, mas ela não foi tão grave quanto se esperava. Segundo estudos internacionais, a queda verificada durante a pandemia foi de 22% e o mercado já apresenta sinais de recuperação para patamares pré pandemia.

Quais os planos para o futuro?

A SP-Arte é reconhecida pela sintonia apurada com o mercado de arte e sempre inovamos formatos e propostas, como os setores curados, as performances, os prêmios e as exposições. Já temos data para a próxima edição física: entre 6 e 10 de abril de 2022, no Pavilhão da Bienal e a edição na ARCA, no segundo semestre, entre 24 e 28 de agosto.

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