Álvaro Siviero mostra música e felicidade no palco do Theatro da Paz, em Belém, nesta quarta (14)
Apresentação será um passeio por composições clássicas com direito a uma “sala de estar” nesse espaço centenário para uma troca de impressões entre o artista e o público

Técnica e sensibilidade caminham juntas na vida do pianista paulistano Álvaro Siviero, considerado um dos maiores intérpretes de composições clássicas no mundo e que faz uma apresentação única no Theatro da Paz, no Centro de Belém, nesta quarta-feira (14), às 20h. O evento tem patrocínio da Porte Engenharia. O público vai poder conferir o talento desse artista que começou a ter contato com o instrumento aos 4 anos de idade e desde 2002 desenvolve uma carreira expressiva com apresentações em diversos países, com orquestras de projeção internacional.
Ao abordar a sua escolha pelo piano, Siviero destaca: “A arte tem a capacidade de nos humanizar. A arte, quando é verdadeira, ela nos transforma, nos desenbrutece, nos enriquece, nos interioriza. E eu, como um ser humano, percebo na nossa sociedade em que a gente vive um esvaziamento do coletivo, de compromissos, de valores, inclusive, um esvaziamento conceitual. Hoje, devido a um relativismo basicamente moral, o homem acabou relativizando praticamente todos os conceitos em que nós vivemos. O conceito de liberdade perdeu o seu sentido, o conceito de amor ganhou um sentido diferente, muitas vezes, sexual. O conceito de respeito também foi adulterado. As pessoas entendem hoje respeito como você aceitar tudo o que se propõe sem aceitar nenhum tipo de discordância. Isso não é respeito, é conivência. Então, diante de todo esse quadro, a arte se apresenta como uma necessidade, não como opção. A arte se apresenta como remédio”.
Beleza do ser
Ele explica que se trata de um remédio “que nos redime”. Lembra que o autor russo Fiodor Dostoiévski ressaltava que o mundo seria redimido pela beleza. “E é exatamente essa experiência com o belo que eu mais busco proporcionar por meio da minha atividade profissional”, afirma Siviero. Ele observa que a beleza é um valor objetivo, extrínseco, externo, que independe do gosto pessoal de cada um. Por isso, ser importante se buscar captar o belo, e é ái que entra a arte.
“As pessoas hoje vivem em um plano de duas dimensões: de comprimento e largura. E a arte é quem traz o volume, trazer relevo, riqueza, beleza para o dia a dia, como frisa Siviero. Essa foi a grande motivação dele. Siviero atuava como físico e estava realizado. Mas, percebeu que podia fazer mais, e ele, como pessoa, queria fazer mais.
A relação desse músico com o piano é envolvente. Siviero relata, por exemplo, que ao ver o piano antes de uma apresentação a segurança toma conta dele. “Eu sei que estou indo em terreno seguro”, diz.
Sala de estar
A apresentação no Theatro da Paz foi pensada para ser “Um Recital que percorre a Linha do Tempo”. Mas haverá uma provocação, a qual o artista somente contará no palco. O repertório envolve composições de Liszt, Chopin, Debussy, Brahms, Beethoven, os grandes clássicos. E clássico entendido como o permanente, eterno, o que veio para ficar. Nesse sentido, como diz o músico, existem músicas que dentro de pouco tempo ninguém se lembra mais dela, ao passo que outras jamais deixam de ser apreciadas, ou seja, são descobertas por novas gerações de músicos e pelo público.
“O que essa música (clássica) tem que as outras propostas pela indústria fonográfica atual não possuem? Esse é o tipo de comentário que eu vou fazer no palco, porque eu quero transformar o Theatro da Paz numa grande sala de concerto, que além disso vai se transformar numa grande sala de estar. Eu quero que essa grande sala de concerto, porque vai ser fabricada música de altíssima voltagem, esteja absolutamente acessível a todos que estiverem presentes. O Theatro da Paz também se converterá numa sala de estar”, anuncia.
Esse não deixa de ser um atrativo a mais na primeira apresentação de Álvaro Siviero no Theatro da Paz. Certa vez, ele já esteve dentro desse centenário espaço cultural, mas, como artista no palco, vai ser, então, a primeira vez. “Uma experiência única, e eu estou muito feliz. Eu já me apresentei em alguns palcos, em algumas salas importantes do mundo, mas no Theatro vai ser a primeira vez”, externa Siviero. Ele lembra que já se apresentou em Belém, na Igreja de Santo Alexandre, no bairro histórico da Cidade Velha.
Siviero reforça que tem como proposta “mostrar para as pessoas que o belo existe, e que a gente pode ser muito feliz com a música”. “Eu sou uma pessoa humanamente mais realizada por ser profissionalmente realizada. E sou profissionalmente realizado porque eu tenho como companheira de viagem a música. Até porque, para ele, a música é uma comunicação, uma linguagem que se comunica sem necessidade de tradução. “É uma linguagem universal”, acrescenta Siviero.
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