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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Cine Líbero Luxardo – 36 anos

Marco Antonio Moreira
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É importante exaltar datas vinculadas a espaços de cultura em nossa cidade, pois é um ato de incentivo indispensável em meio às dificuldades constantes dos setores culturais existentes em vários países Em relação às salas de exibição que criaram memórias com o Cinema em diversas gerações de cinemaníacos e cinéfilos paraenses, é uma satisfação celebrar o aniversário destes templos de/sobre cinema. Este ano, podemos comemorar os 36 anos do Cine Líbero Luxardo, sala de cinema que tem bela trajetória de projeção de filmes que gera lembranças sobre cinemas e cineclubes em nossa região.

Belém é uma das capitais do Brasil com intenso histórico cineclubista, desde os anos 1950, com o cineclube Os Espectadores e com Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), fundada em 1962, que contribuiu com ideais cineclubistas para novas histórias de cinefilia em nosso estado, desde a fundação de seu cineclube, em 1967.  Mas, nos anos 1980, uma intensa crise nos cinemas e cineclubes nacionais e internacionais dificultou ações cinéfilas que foram restringidas e tiveram pouco alcance ao público.

Em 1986, em meio a vários problemas relacionados ao mercado cinematográfico e diminuição do circuito cineclubista nacional, foi inaugurado o cine Líbero Luxardo, na Fundação Cultural Tancredo Neves, hoje, Fundação Cultural do Pará. O nome do cinema foi uma homenagem justa e digna ao cineasta paulista Líbero Luxardo que colaborou fortemente com a cinematografia paraense. Para a ACCPA, sob a direção de Pedro Veriano e Luzia Álvares, e vários críticos e cinéfilos daquele período, a inauguração dessa sala foi importante, entre outras razões, para a permanência do conceito de  programação do cineclube da associação de críticos que exibiu, por exemplo, produções de várias nacionalidades. Em 1978, os ideais cineclubistas em Belém tiveram ampliação essencial quando foram inaugurados os Cinemas 1 e 2 que proporcionaram uma programação cinematográfica que estimulou a cultura cinematográfica de maneira similar aos cineclubes e deixou belo legado de memórias e histórias cinéfilas.

 Pedro Veriano, crítico de cinema, pesquisador, presidente e um dos fundadores do cineclube da ACCPA, foi o primeiro programador do Cine Líbero Luxardo e no período de sua gestão proporcionou momentos antológicos de valorização da sétima arte. Lembro-me que o cine Líbero Luxardo foi inaugurado com o documentário Muda Brasil (1985) de Oswaldo Caldeira sobre a reabertura política no Brasil com informações sobre fatos que culminaram com a eleição de Tancredo Neves. Veriano sempre valorizou o cinema nacional nesta sala e procurou exibir filmes inéditos e clássicos da cinematografia brasileira, incluindo uma mostra com sucesso de público com filmes da Companhia Cinematográfica Atlântida e suas chanchadas protagonizadas por Oscarito e Grande Otelo. Outras cinematografias tiveram espaço na programação de maneira permanente. A exibição de A Praça Alexandre (1980) de R. W. Fassbinder, produção alemã com 15 horas de duração, com projeção de um episódio de 2 horas por dia foi inesquecível. Veriano conseguiu programar filmes essenciais nesta sala de cinema e seu legado como programador não pode ser esquecido.

Apesar de diversas crises no mercado exibidor no Brasil que gerou significativa diminuição das salas de cinema no Brasil, felizmente, o cine Líbero Luxardo permanece ativo em nosso circuito de exibição alternativo. Atualmente, a equipe de trabalho do Líbero Luxardo procura fortalecer sua importância evidenciando programação de qualidade e parcerias com agentes culturais. A ACCPA é um dos parceiros deste cinema com a Sessão Cult que exibiu filmes de diretores fundamentais do cinema como Charles Chaplin, Stanley Kubrick, Ingmar Bergman, Akira Kurosawa e Alfred Hitchcock. Coordenei várias sessões Cult com apresentação e debates que foram fundamentais para minha cinefilia.

Maurício Dias, programador do Líbero Luxardo, desde 2009, realiza trabalho exemplar para manter o Cine Líbero no circuito nacional de exibições de produções nacionais e internacionais. É necessário habilidade e interesse para entender e negociar com o mercado de distribuição que, muitas vezes, dificulta as projeções de filmes na região Norte com altos valores de aluguel fixo dos filmes e/ou diferentes percentuais de arrecadação para as distribuidoras nas bilheterias do cinema.

Espero que as celebrações dos 36 anos de fundação do cine Líbero Luxardo provoquem maior conscientização do público sobre sua importância cultural. É prioritário valorizar os espaços culturais que contribuem com a formação de plateia e renovam seu compromisso com o cinema como arte que vai além do monopólio de produção, distribuição e exibição comerciais.

Parabéns ao Cine Líbero Luxardo pelos 36 anos de atividades que, felizmente, serão ampliadas com o recente lançamento do cine Líbero Luxardo virtual que permitirá que muitos espectadores tenham acesso pela internet a vários filmes extraordinários que merecem ser assistidos ou revistos, sempre!

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