Veja o que se sabe até agora sobre conflito entre polícia e CV no Rio de Janeiro
Megaoperação Contenção é deflagrada nesta terça-feira (28/10) nos complexos do Alemão e da Penha
Uma megaoperação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) deixou pelo menos 64 mortos, entre eles quatro policiais, e resultou na prisão de 81 suspeitos. A operação, deflagrada nesta terça-feira (28/10) nos complexos do Alemão e da Penha, já é considerada a mais letal da história do estado. Veja o que se sabe até agora sobre o conflito entre polícia e CV.
Batizada de Operação Contenção, a ofensiva mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar e teve como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão contra líderes do Comando Vermelho, facção que atua em pelo menos 26 comunidades da capital fluminense.
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Entre os detidos estão Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, apontado como um dos chefes locais do CV, e Nicolas Fernandes Soares, acusado de operar financeiramente para Edgar Alves Andrade, o Doca ou Urso, uma das principais lideranças da organização.
Como foi a operação
Durante a ação, traficantes reagiram com intenso tiroteio, montaram barricadas em chamas e lançaram bombas por drones, dificultando a entrada dos policiais. A operação também levou à suspensão de aulas em 48 escolas e de atendimentos em cinco unidades de saúde, afetando milhares de moradores.
Além das mortes de policiais, 60 suspeitos foram mortos em confrontos. Três civis ficaram feridos por balas perdidas: um homem em situação de rua, uma mulher em uma academia e um homem em um ferro-velho. Todos foram socorridos.
A megaoperação é considerada a mais letal do estado, superando a ação no Jacarezinho em 2021, que deixou 28 mortos.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o Complexo da Penha se tornou ponto estratégico para o tráfico de drogas e armas, por sua proximidade com vias expressas que ligam a zona norte à zona oeste. A operação busca enfraquecer o comando do Comando Vermelho e capturar líderes da facção. O Disque Denúncia está oferecendo uma recompensa de R$ 100 mil pela captura de Doca, apontado como chefe do CV.
Imagens da megaoperação
Quem são os policiais mortos
Os quatro policiais mortos na operação foram:
- Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, comissário da 53ª DP (Mesquita), conhecido como Máskara;
- Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos, lotado na 39ª DP (Pavuna);
- Cleiton Serafim Gonçalves, 40 anos, do Batalhão de Operações Especiais (Bope);
- Heber Carvalho da Fonseca, 39 anos, também do Bope.
Outros seis agentes ficaram feridos, incluindo um delegado da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que passou por cirurgia e segue em estado grave.
Governo estadual e federal trocam acusações
O governador do Rio, Cláudio Castro, disse que a operação foi uma demonstração de força contra o crime organizado e criticou o governo federal por não enviar apoio. Segundo ele, foram solicitados blindados das Forças Armadas, que foram negados.
O Ministério da Justiça rebateu, afirmando que mantém a Força Nacional no estado desde outubro de 2023 e que atende aos pedidos de renovação do governo do Rio.
Uma reunião foi realizada no Palácio do Planalto no fim da tarde desta terça-feira para tratar da megaoperação, com a participação de ministros e representantes da segurança pública.
Impacto na cidade
O confronto gerou caos no Rio, com interrupções no transporte público, fechamento de escolas e unidades de saúde e orientação da prefeitura para que a população evitasse deslocamentos. Moradores relatam cenas de medo, prédios atingidos por balas e barricadas em chamas.
A cidade entrou em Estágio 2 às 13h48 devido à escalada da violência e ao impacto nas principais regiões da capital. Ao todo, 71 ônibus foram tomados por criminosos e 204 linhas foram impactadas, segundo a Rio Ônibus.
As principais áreas em alerta são:
- Entornos dos complexos do Alemão, Penha e Chapadão
- São Francisco Xavier, Méier e Vila Isabel (Zona Norte)
- Freguesia (Jacarepaguá) e Taquara (Zona Oeste)
As orientações do COR-Rio para a população são:
- Evite circular nas regiões afetadas
- Permaneça em local seguro
- Acompanhe as atualizações em canais oficiais e na imprensa
- Use o aplicativo COR.Rio (disponível para Android e iOS)
- Em caso de emergência, ligue 190 (PM) ou 193 (Bombeiros)
Balanço da operação
A megaoperação deixou um saldo de 60 suspeitos mortos em confronto com as forças de segurança. Entre eles, dois eram da Bahia e outro do Espírito Santo.
Além das vítimas entre os criminosos, dois policiais civis e dois policiais militares morreram durante a ação. Três civis inocentes também foram feridos: um homem em situação de rua atingido nas costas por uma bala perdida e levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas; uma mulher que estava em uma academia e já recebeu alta; e um homem atingido em um ferro-velho.
No total, 81 pessoas foram presas, e a polícia apreendeu 75 fuzis, 2 pistolas e 9 motocicletas, reforçando o impacto da operação sobre o Comando Vermelho.
Paraenses investigados na operação
Ao todo, 32 paraenses são investigados na megaoperação “Contenção”, deflagrada nesta terça-feira (28/10) no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil do Pará (PCPA), os suspeitos estariam envolvidos como lideranças de uma facção criminosa originária do estado, atuando à distância para comandar crimes no Pará.
Em nota, a PCPA informou que colaborou com a Polícia Civil do Rio de Janeiro por meio da troca de informações, destacando que os investigados são apontados por tráfico de drogas, organização criminosa, homicídios e roubos.
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