"Vovó peregrina": incentivo para Belém divulgar ainda mais seu santuário mariano

Fortalecer a visibilidade da capital paraense como cidade que tem um santuário mariano, estimulando a visita de fieis de vários países durante todo o ano. Esse é um dos apontamentos da tese do professor e chef paulista Ricardo Frugoli. 

Ele concluirá seu trabalho até março e ficou comovido ao perceber que a ideia poderia ser exemplificada pela história de devoção da italiana Emma Morosini (conhecida como vovó peregrina), de 95 anos, que caminhou de São Luís (MA) até Belém, para conhecer a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. 

"A caminhada dela acaba mostrando um pouco do meu apontamento. A ideia é que Belém conte que tem um santuário e convide para visitação durante todo ano. O maior fluxo é durante o Círio, mas pode ser ampliado, fazendo da capital um destino forte no turismo religioso. Pessoas do mundo todo podem se interessar, assim como a linda vovó caminhou", comentou Ricardo.

VOVÓ PEREGRINA 

Emma Morosini ganhou destaque esta semana da cidade e emocionou muita gente. Ela faz peregrinações por vários santuários do mundo, desde os 70 anos de idade, para agradecer à Nossa Senhora pela cura de uma peritonite. Ela veio da Itália ao Brasil para visitar uma amiga freira em São Luís, no início de janeiro.

Ao descobrir a existência do santuário em Belém, decidiu caminhar para mais uma momento de agradecimento. Ela esteve na Basílica de Nazaré na última sexta-feira (15).

Em São Paulo, Ricardo Frugoli viu as fotos da peregrina nas redes sociais e não conteve a emoção. "Me emocionei a distância. Quero muito conhecê-la. Em breve, vou para a Itália e, quem sabe, posso encontrá-la", disse.

A TESE

A tese, intitulada "No caminho da casa da Mãe" (caminho feito pelos romeiros de Castanhal a Belém), tinha como foco inicial o acolhimento feito aos romeiros na Casa de Plácido, no Centro Social de Nazaré, no período do Círio, mas ganhou um direcionamento mais amplo quando Ricardo conheceu de perto o percurso feito pelos fieis.

"Em 2017, fui fazer a minha pesquisa e acompanhei os romeiros e me emocionei com o acolhimento que eles receberam. Ano passado, voltei não mais para pesquisar, e sim para ajudar na acolhida", explicou o professor. 

 Projeto Caminho da Nazinha ajuda na acolhida dos romeiros (Divulgação)

PROJETOS NO CÍRIO

"Caminho da Nazinha" e "Maniçobão do Romeiro", esses foram os dois projetos que ele colocou em prática no Círio de 2018 após a comoção vivida na procissão do ano anterior.

No primeiro, uma equipe formada por voluntários de várias cidades do Brasil acompanhou o percurso de Castanhal até Belém, nos dias que antecedem a grande procissão, distribuindo água, lanche e suco para os fieis. Já o Maniçobão foi idealizado para distribuir a tradicional maniçoba próximo da Basílica. Em 2019, serão realizadas novas edições dos projetos.

SANTIAGO DE COMPOSTELA 

Segundo o pesquisador, essa experiência reforçou a ideia defendida na tese. Para ele, que se tornou cidadão honorífico do Pará em 2013 e de Belém em 2017, por serviços prestados à comunidade, a capital deveria seguir o exemplo do Santuário de Santiago de Compostela, na Espanha. 

"O apontamento é baseado em Santiago de Compostela porque tem um caminho antigo e muito ativo, desde a França até o santuário, cerca de 800 quilômetros. Fica forte a cada ano com muitos visitantes que vão pela fé, pela gastronomia ou pela paisagem. Todos acabam virando peregrinos mesmo que o foco da viagem tenha sido outro. E todas as cidades que estão em conexão participam da acolhida", detalhou.

"Em Belém, poderia ser estendida a acolhida com mais divulgação, sinalização, investimento em segurança, com banheiros públicos, distribuição constante de água", concluiu Ricardo.