VIdeogame: jogos antigos marcam memória de nostalgia em gamers de Belém

A paixão pelos games também pode se transformar em uma coleção cheia de histórias, como o autônomo Mauro Sókrates Santos e Marcos André, de 48 anos, técnico eletrônico

Gabriel Pires e Lucas Ribeiro / Especial para O Liberal
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O consumo de jogos eletrônicos no Brasil continua em constante crescimento. Mesmo com gráficos cada vez mais elaborados e modernos, há uma considerável parcela de "gamers" belenenses que preferem os consoles mais antigos, atrelado ao sentimento de nostalgia. Não à toa, essa tendência mundial destacou o norte-americano Willis Gibson, de apenas 13 anos, ao se tornar o primeiro da história a "zerar" o jogo de computador Tetris. O feito foi comemorado em no canal dele no YouTube, no dia 2 de janeiro.

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Para além disso, a paixão pelos games também pode transformar-se em uma coleção cheia de histórias, trazendo um passatempo para a vida. O autônomo Mauro Sókrates Santos, 47 anos, de Belém, é entusiasta do universo dos jogos há mais de 30 anos, desde o momento em que ganhou o primeiro videogame, o Intellivision 2, nos anos 80. Ao longo de todo esse tempo, ele já soma cerca de 45 consoles e mais de 800 jogos - entre físicos e digitais. Para Mauro, além de ser uma forma de se divertir, os games também evocam um sentimento de nostalgia.

“Minha história com o videogame começa em 1985, O meu pai queria que a gente ficasse em casa, porque a gente saía de casa para na casa do meu amigo meu. Ele estava procurando uma TV. E fez o combo completo, comprou a TV e o videogame e vários cartuchos. E, quando chegou em casa, ele disse que tinha comprado só televisão, não tinha falado nada do videogame. Em uma semana, a transportadora chegou e trouxe o videogame. A gente ficou feliz da vida”, relembra Mauro.

Atualmente, Mauro conta que a coleção de jogos é formada pelo que ele já tinha e também pelos que foram doados por amigos. No ranking dos jogos preferidos, Mauro diz que Mega Man 2 é a paixão dele. Com relação aos consoles, ele diz que não tem como escolher um preferido, mas que todos têm o coração dele: “Se eu for escolher um, eu vou ser muito injusto porque tem outros que são muito bons, como o próprio Intellivision que foi o meu primeiro videogame. Tem ainda o Super Nintendo, o Mega Drive, o N64 o PlayStation 1 e 2, que são os meus favoritos assim”, relata.

Mauro conta que o hábito de se reunir para jogar o fez criar grandes que, segundo ele, alguns amigos ainda permanecem até hoje. E também, era um hábito familiar com os irmãos. “Antes, tinha as locadoras de videogame e eu fiz muitas amizades frequentando esses locais. Tinha aquela sensação de estar com os teus amigos, todo mundo conversando sobre a mesma coisa, com o mesmo objetivo. Jogar me remete muito a esse sentimento”, afirma Mauro.

“Em casa, eu e meu irmão jogávamos juntos. Com o mais novo, ele jogava só futebol. Eu perdia, eu ganhava. Era uma coisa saudável. Não tinha briga. A gente aprendeu a compartilhar as coisas. Já hoje, a gente joga on-line. Sempre gostamos de jogar juntos. E, hoje, eu jogo tanto os games antigos quanto os novos. Para mim, jogo é jogo. Seja no videogame, no celular ou no emulador. O negócio é jogar e se divertir. Essa é a grande sacada”, relata Mauro, ao lembrar da influência dos games na vida dele.

Tradição

Provando a força dos jogos antigos no cenário gamer atual, em Belém existem grupos que se reúnem para jogar consoles analógicos e antigos. Como Marcos André, de 48 anos, técnico eletrônico e de informática, que criou o Box 11 como uma forma de fornecer e resgatar esses consoles nostálgicos e também organizar campeonatos, formando uma grande comunidade na cidade. “Eu procuro fazer os campeonatos de jogos retrôs porque é a perfeição. É a velocidade 100%, devido o jogo ser apropriado para o fliperama. Para eu dar um mérito para alguém, ela tem que jogar em um jogo original e se for possível em uma máquina de fliperama, de preferência em um controle tradicional", explica.

“Os jogos e campeonatos atuais, na maioria das vezes, são um investimento em cima de um jogo, organizado pelas empresas, para ver se elas conseguem vender o produto e movimentar o mercado. Os videogames antigos têm uma essência histórica, que mostra respeito às periferias e guetos. Já não é uma coisa pensada unicamente no comercial”, acrescenta.

image Marcos André: criou o Box 11 a fim de resgatar os consoles nostálgicos (Thiago Gomes / O Liberal)

As máquinas antigas e fliperamas são reformadas pelo próprio Marcos, devido as suas habilidades como técnico eletrônico e de informática. Além do lazer e competições, os consoles antigos também apresentam uma procura para eventos e espaços. A exemplo das máquinas antigas de fliperamas, que Marcos garante a manutenção, em um bar localizado no bairro da Campina. “Esses videogames e consoles antigos ainda vendem. Eles são mais caros e por vezes mando buscar na China. Assim, consigo formar máquinas e botar na rua”, diz.

Segundo o profissional, o que pode justificar a procura da nova geração por esses jogos mais antigos é o fato de eles já saberem como a indústria atual funciona e estarem em busca de novos desafios. “Os garotos de hoje sabem como as coisas são feitas e de todo esse marketing que existe por trás dos jogos atuais. Então, muitos deles querem procurar os jogos antigos para eles serem falados na periferia e na boca dos antigos. Eles querem ser respeitados. Por isso a Box 11 Games criou esses campeonatos. Existe um respeito e uma história com os jogos retrôs”, conclui Marcos André.

Nostalgia

Desde videogames, filmes, músicas, moda e séries, a nostalgia dita tendências até hoje na cultura pop. Não é coincidência, por exemplo, a retomada da estética dos anos 80 no mainstream. Como nas mais populares séries de TV (Stranger Things), a música tema do filme “Barbie” ser uma homenagem à disco music (“Dance The Night”) e um adolescente de 13 anos ter zerado pela primeira vez na história, um jogo de computador criado a 40 anos atrás (Tetris).

Exemplos como esses mostram a força da nostalgia e como ela é capaz de impactar uma comunidade e ainda mover a indústria. “A jogabilidade desses jogos nostálgicos é justamente pela facilidade e a questão da memória afetiva”, conta Robson Santos, dono da página Nostalgia Belém, onde compartilha relatos e curiosidades históricas da cidade.

A página Nostalgia Belém já conta com mais de 200 mil seguidores no Instagram. O espaço criado por Robson tem o objetivo de resgatar momentos históricos e curiosidades da cultura de Belém. “As pessoas jogam e relembram os momentos, parte da infância. Tudo isso remete à memória. Em Belém, por exemplo, um dos lugares mais nostálgicos dos jogos foi o fliperama no aeroporto! Isso era algo muito bacana para as crianças da época, um entretenimento da década de 80 e 90”, finaliza.

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