CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Vendedores recorrem à Praça da República para garantir renda

Consumidores estão optando por espaços abertos por conta da pandemia

Eduardo Laviano
fonte

A Praça da República sempre recebeu centenas de pessoas aos domingos e, apesar da pandemia de coronavírus ter diminuído o número de visitantes, muitas pessoas enxergam o local como uma oportunidade para vendas.

Além dos vendedores cadastrados pela prefeitura, que ficam nas barracas cobertas, alguns recém-chegados também estão conquistando espaço entre os compradores.

A estudante de biomedicina Marcélia Protázio tomou a iniciativa de vender quadros e impressões gráficas em uma lona quando a Universidade Federal do Pará (UFPA)  pausou as atividades presenciais.

"Começamos a comercializar aqui neste espaço, pois com a pandemia deixamos de obter a renda que tínhamos lá, principalmente vendendo lanches, empadas e bebidas nas festas do Vadião. Temos muitos gastos na família e aí para ajudar começamos a fazer os quadros, tanto por encomenda via Instagram quanto aqui na praça", diz ela, ao lembrar que o negócio acabou crescendo - o que a possibilitou comprar uma mesa para exibir os produtos.

image Marcélia Protázio produz quadros focados na cultura pop, como ilustrações do Harry Potter e do BTS (Cláudio Pinheiro/O Liberal)

Em três tamanhos diferentes, os objetos custam entre 4 e 15 reais, todos impressos em MDF, produzidos e cortados por Marcélia e mais dois amigos.

O maior sucesso da banca são os quadros do desenho japonês Naruto (1999-2014), favorito da criançada e de alguns adolescentes.

Já as réplicas de obras de arte de Van Gogh e Picasso, segundo Protázio, são as preferências dos adultos.

"Pensamos: somos de baixa renda e não conseguimos emprego, então precisamos criar uma coisa nossa, própria. Foi daí que veio a ideia, para evitar recorrer à coisas erradas. A renda aqui está sendo equivalente ao que conseguíamos na UFPA, então está dando para segurar a onda, pagar aluguel", conta ela, que está no terceiro semestre da graduação.

O DJ Boy já vende discos há quatro anos, mas quando a pandemia estourou percebeu que seria mais fácil manter o empreendimento vivo em espaços abertos, já que a maioria das pessoas estão optando por passeios em locais ao livre, com circulação de ar e segurança.

Desde que chegou na Praça da República, chama a atenção com o acervo diverso de vinis, principalmente das décadas de 70 e 80, desde o clássico "Realce", de Gilberto Gil (1979) até uma edição limitada do "The Miracle" (1989), da banda britânica Queen, com preços que variam entre 40 e 60 reais.

"A movimentação na praça hoje é 50% do que já foi, por conta da pandemia. E o nosso movimento mesmo é antes da chuva, pois exibimos os discos sem cobertura. Mas está bom, não temos do que reclamar, essas coisas da vida passam, a pandemia também vai passar. Tendo sol, nós conseguimos fazer as nossas vendas", afirma ele, otimista com o céu azul da manhã deste domingo (28).

image Admiradores do vinil gostam de garimpar raridades na Praça da República (Cláudio Pinheiro/O Liberal)

O principal objetivo do DJ Boy é fomentar a cultura dos discos de vinil na cidade. Ele conta que se sente muito feliz de saber que as pessoas estão admirando mais as mídias físicas, que ficaram um pouco de lado com a chegada dos dispositivos móveis e dos serviços de streaming, como o Spotify e o Youtube.

"Hoje, a música está muito on-line ou no pen drive. Fico feliz de ver que muita gente para aqui, pois há um público para isso. A venda de vinil só aumenta, virou item de colecionador. Vira um quebra-cabeça sem fim para quem gosta de manter um coleção ou ter todos os discos de um artista, por exemplo", conta ele.

Desde que parou de tocar na noite, já que as festas estão suspensas, DJ Boy tem encontrado amigos e amantes da música na praça.

Mundo afora, a venda dos "bolachões" só aumenta: nos Estados Unidos os vinis já ultrapassaram os CDs e hoje representam 62% da receita de mídias físicas das gravadoras.

"Virou uma atividade cultural, de troca de experiências, dentro e fora da internet. Esses que eu vendo são discos do meu acervo, que eu tocava nas festas. Às vezes até dá uma dorzinha vê-los partir, mas sempre aparece um novo para a coleção, uma edição nova, um disco raro. Faz parte", diz.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM