Em segundos, temporal e ventania causam destruição em três bairros de Belém

Chuva que desabou sobre Belém na segunda-feira causou enormes prejuízos aos moradores

Dilson Pimentel
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Pareciam folhas de papelão picado. Assim o açougueiro Luiz Carlos Brito, de 49 anos, descreveu as telhas voando durante o vendaval que atingiu, na segunda-feira (26), o bairro da Pratinha II II, em  Belém. Segundo ela, a ação, que atingiu várias casas e casou danos materiais, foi rápida. “Trinta segundos no máximo. Chuva e vento”, contou. “A partir das 18 horas, o negócio ficou feio”, afirmou. Ele mora na rua John Engelhard. O cenário é devastador. E os prejuízos foram muito grandes, segundo relatos dos moradores. No total, três bairros de Belém foram afetados: Pratinha II, Tapanã e Cordeiro de Farias. A Defesa Civil Municipal avalia os estragos.

 

Luiz Carlos estima que pelo menos dez casas naquela área foram atingidas pelo vendaval. “Trabalho aqui há 14 anos. nunca tinha visto isso. Só isso pela televisão”, contou.

Manoel Vieira Lima é dono de quitinete na Pratinha II. “Terror. Vi a morte na frente. Bolas de fogo que desceram aqui na frente”, disse, apontando para o interior do imóvel. “Negócio teve perigoso. Instante morrer todo mundo aqui. Muito vento. E estrondo. Coisa fora do comum”, contou.

image Morador observa, desolado, os estragos (Igor Mota/O Liberal)

Ele estava no térreo. E os estragos foram na parte da cima da casa “Perdi quatro telhados. E os outros ficaram furados. Perda total em cima”, contou. “Pra reconstruir é um bom dinheiro. Estava tudo pronto só faltava forrar e lajotar”, completou. “Pessoal todo querendo alugar. E, para minha felicidade, eu ainda não tinha alugado. Se tivesse, era um desespero muito grande. Sou feliz porque não teve vítima e ferido. Só perda de materiais mesmo”, disse Manoel.

"Passa uma vida construindo e vem e destrói tudo", lamentou moradora

Conceição Vieira contou que estava em uma loja, onde trabalha, quando começou o vendaval. “Começou tipo um trovão e relampiar. E começou a vim as coisas em cima. Meu esposo chegou aqui. Não sabia se saia da moto. Ficou nervoso, igual eu fiquei”, contou. “Voltei aqui pra casa. Quando comecei a subir, os vidros tudo quebrado. Madeira voou de lá do vizinho para cá, ficou tudo empilhado, a gente não podia nem sair. Também saíram os forros da casa. Escangalhou o quarto do meu filho tudinho”, contou. “A gente fica triste de saber. Construiu com tanto esforço e aconteceu isso. Mas é a natureza. Né. O homem destrói a natureza”, disse. Conceição Vieira completou: “A gente não sabe o que vai fazer agora. Se vai ter a ajuda d alguém pra ajeitar isso aqui. Não é fácil passar uma vida construindo e, vem, e destrói tudo”.

Ainda na Pratinha II, o aposentado Rufino Gomes da Silva, 69, e que mora há mais de 30 anos, um dos fundadores da área. “Foi horrível. Veio quebrando tudo. Os telhados dessas casas vieram cair em cima da minha casa. Sorte que eu estava pra li, pra dentro. Se eu estivesse aqui, tinha levado o destempero. Essa multidão de bagulho que está aí foi tudo que caiu aqui em cima da minha casa. Maior desespero”, contou ele, que mora sozinho. “Só eu e Jesus”, completou. “Agora estou esperando a graça de Deus...Uma ajuda...Vou ficar aqui e esperar as minhas possibilidades de fazer devagar de novo como eu fiz”.

vendaval

Foi coisa aterrorizante mesmo", diz dona de casa

Cristina da Silva de Moraes mora na rua Bianco, na Pratinha II. “Na hora eu estava na casa da minha sogra, cm a minha filha, e minha casa estava fechada. Eu não imaginava que o meu filho e os coleguinhas dele estavam aqui (na minha casa). Eles entraram pela janela. Achava que meu filho estava na casa da minha mãe”, contou. “Na hora do sufoco, caíram todos os telhados da casa da minha sogra, mas eu já tinha imaginado o seguinte: ‘caiu tudo lá em casa’. Na hora do desespero, imaginei aqui em casa, mas não tava preocupada porque a gente não estava debaixo na hora do acidente”, afirmou.

“Quando acalmou, levei um choque: eu soube que meus filhos estavam debaixo (da casa). As pessoas estavam agoniadas. A minha vizinha, da mesma idade dele, estava chorando, porque, quando caiu, o último não conseguiu sair e estava chorando. Ele se feriu, mas, graças a Deus, não foi nada grave. Foi perda total”, acrescentou. Ainda segundo Cristina, era telhado voando na hora do vendaval. “A casa era de altos e baixos. Eu vi a geladeira... Saiu a telha, com pernamanca e tudo. Toda a estrutura de cima. Saiu cama box, foi voando tudinho. Foi coisa aterrorizante mesmo”, disse.

Em nota, a prefeitura de Belém informou que  Defesa Civil do Município realiza desde o início da manhã desta quarta-feira o levantamento da situação das casas atingidas  nos bairros do Tapanã, Cordeiro de Farias e Pratinha II.

"As primeiras informações averiguadas apontam que no bairro do Tapanã, em torno do Conjunto Aldo Almeida, mais de cem casas foram afetadas pelo fenômeno".

Segundo a nota, o prefeito Edmilson Rodrigues e a coordenadora da Defesa Civil, delegada Cristiane Ferreira, estão em reunião para deliberar sobre as ações de atendimento à comunidade, que serão feitas ao longo do dia.

"Além da Defesa Civil, Fundação Papa João XXIII (Funpapa), Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e Secretaria Municipal de Educação (Semec) estão trabalhando para atender as comunidades afetadas nos bairros mencionados." 

A Escola Municipal Professora Alda Eutrópio de Souza, no bairro do Tapanã, sofreu algumas avarias no telhado, mas a estrutura predial da escola não sofreu nenhum abalo e não há riscos de desabamento.

Também em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informam que, na noite desta terça-feira (26), foram registradas 16 ocorrências relacionadas à forte chuva, em Belém. "Dessas, 14 provocaram abalos na estrutura física das residências, principalmente nos telhados. Entre as ocorrências, as mais graves ocorreram nos bairros da Pratinha e do Tapanã, o que resultou no destelhamento de várias residências dessas áreas, quedas de árvores e a interrupção do fornecimento de energia."

Segundo a corporação, na maioria dos locais avaliados os danos foram unicamente  danos materiais. "Para cada situação, foi realizada orientação sobre quanto a necessidade de isolamento ou de saída dessas famílias dos locais afetados."

 

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