Uso de celular antes de dormir traz riscos à saúde e acende o alerta para os riscos de explosões

Além de prejuízos à qualidade do sono, se manter conectado pode afetar o bem-estar mental. Em casos mais graves, os celulares podem superaquecer quando conectados ao carregador

Gabriel Pires
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Em meio a era digital que se vivencia atualmente, os jovens recebem, aproximadamente, 237 notificações por dia nos celulares, como aponta uma pesquisa divulgada pela Common Sense Media. Em alguns casos, segundo o estudo, uma única pessoa pode receber até cerca de cinco mil notificações em 24 horas. O que se observa é que a nova geração tem passado cada vez mais tempo diante das telas e não se distanciam da tecnologia nem na hora de dormir. No entanto, especialistas alertam para os riscos da exposição prolongada ao uso de celulares.

No caso de dormir com o celular ao lado, os riscos aumentam ainda mais, principalmente quando o celular fica conectado ao carregador, como pontua o engenheiro de controle e automação Everton Ruggeri. “Se esse carregador não é original, não está aprovado aí pelos órgãos regulatórios e não se tem uma confiabilidade nos dispositivos eletrônicos internos ali, ele pode superaquecer devido à própria alimentação que está fornecendo e superaquecimento desse aparelho. Tem a tensão da energia elétrica fluindo e sendo armazenada a bateria deste dispositivo. E se, inevitavelmente, chegar em alguns níveis que essa bateria não suportar essa energia que está sendo armazenada ali dentro, ele pode superaquecer”, diz. 

“A explosão do celular pode ser causada pelo superaquecimento. Porém, não são eventos comuns. Quando acontecem, temos consequências catastróficas. Essas proporções também podem variar, podem causar danos locais, como um incêndio pequeno naquele cômodo, mas pode ter um potencial muito grande, por exemplo, de propagação de incêndio, causando até queimaduras na pessoa que está dormindo próximo. E até consequências muito mais graves, como, por exemplo, um surto elétrico em uma instalação, de uma edificação. Esse é um problema que a gente precisa ter mais atenção”, alerta Everton.

Para evitar qualquer problema, o especialista cita algumas precauções: “Nós não temos uma distância segura para deixar o celular antes de dormir e evitar possíveis acidentes. O ideal é que, no momento de pegar no sono, deixe-o a uma distância, no cômodo ao lado”. “Você deve atentar para dispositivos eletrônicos que sejam originais, que sejam testados, que sejam, inevitavelmente, analisados. Isso associado ao problema de manutenção, por exemplo, fazer uma manutenção periódica nesses dispositivos. O simples fato de observar se a bateria já está um pouco tufada, pode ser uma breve solução”, afirma o engenheiro.

Malefícios à higiene do sono

O uso das telas momentos antes de dormir também pode trazer consequências para a saúde e para a higiene do sono, conforme alerta explica a médica Maria Cláudia Oliveira, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono Regional Pará. O recomendado é que as pessoas se distanciem das telas pelo menos de uma a duas horas antes de dormir. Essa diminuição dos estímulos e da luminosidade vão favorecer o início do sono, como pontua a médica. Segundo ela, “não tem muito atalho. A orientação é interromper o uso de telas”.

“Esses aparelhos eletrônicos têm um comprimento de onda da luz que é muito semelhante ao comprimento de onda da luz solar. Quando essa luz entra pela nossa retina, ela vai ser interpretada pelo nosso cérebro como luz solar. Obviamente que serão desencadeados os processos de vigília e não de sono. Há um desalinhamento do nosso ritmo circadiano com o nosso relógio biológico interno e com o ambiente externo. Vai estar à noite, mas a gente vai mandar uma informação para o nosso cérebro de que é dia. O uso de telas acaba prolongando o tempo para o início do sono e produz um sono fragmentado”, frisa a médica.

Comportamento

O uso das telas de forma excessiva também é um dos fatores que afeta a saúde mental, segundo a psicóloga Roberta Rios. Ela comenta que o equilíbrio mental requer um conjunto de bem-estar físico, psicológico, emocional e social. Quando o consumo dos eletrônicos passa a ser feito de uma forma nociva, sintomas como ansiedade também podem ser observados no dia a dia. Não é à toa que as pessoas poderão ter mais dificuldade de dormir, o que ainda pode dificultar nas relações interpessoais e cansaço no dia posterior. Em muitos casos, o uso desordenado pode causar vícios.

“A nomofobia, que é essa dependência de aparelhos eletrônicos, já é uma realidade para nós, nas clínicas de psicologia, de psiquiatria, no estudo da saúde mental. A gente precisa olhar para isso com cuidado, porque muitas pessoas já estão vivenciando isso, mas não sabem, ainda consideram como normal, como habitual. Em casos mais graves, a gente tem casos inclusive de internação. É importante nesses casos buscar ajuda profissional mesmo, de profissionais da saúde mental para que possam ajudar no tratamento dessas questões que a gente percebe que a pessoa não vai conseguir sozinha”, pontua a psicóloga.

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Lázaro Magalhães, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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