Trabalhadores do Complexo do Ver-o-Peso reivindicam segurança
A problemática voltou à tona depois que um balanceiro de peixe foi vítima de assalto

Dezenas de trabalhadores do Complexo do Ver-o-Peso, em Belém, interditaram e protestaram na avenida Portugal, no cruzamento com a avenida Boulevard Castilhos França, ao lado da Pedra do Peixe, na manhã desta sexta-feira (23).
Muitos vendedores e balanceiros de peixes, principalmente, que trabalham na Pedra do Peixe, às margens da Baía do Guajará, têm reclamado da insegurança no local devido ocorrências de assaltos pela área. Segundo eles, a situação se agravou depois que um posto e um ônibus da Polícia Militar, que funcionavam próximo ao local, foram retirados de lá. A mudança ocorreu mesmo antes da pandemia da covid-19, que começou oficialmente em março deste ano.
Ainda segundo os vendedores de peixes, o problema da falta de segurança na área voltou à tona e resultou no ato desta sexta depois que um balanceiro de peixe foi vítima de assalto. Ele teve o dinheiro roubado. Os criminosos seriam dois homens, que estavam em uma motocicleta.
“O ato foi para pedir policiamento pra cá, porque ficamos à mercê. Tinha um box e um ônibus a polícia, mas foram desativados para reforma de um prédio e não colocaram de volta. Depois disso, a gente não vê mais policiamento. Após o ato, vieram umas viaturas por aqui, mas o que a gente quer é que seja sempre e pela madrugada também”, conta uma vendedora de peixe, 50 anos, que preferiu não ter seu nome revelado nesta reportagem.
Ainda segundo ela, que trabalha com a venda na Pedra há 16 anos, no caso dos balanceiros, eles chegam para trabalhar às 23h e ficam à espera dos barcos que começam a chegar conforme a enchente da maré.
“Aí quando é de manhã os balanceiros, que sempre trabalham com mais dinheiro, vão prestar contas e não têm lugar certo deles fazerem isso. Aí fazem prestação de contas pelas esquinas, pelas lanchonetes. É nessa hora as coisas acontecem. Aqui é perigoso, sim. Tem gente meio estranha que anda por aqui. Precisa que a polícia não só faça ronda dentro do carro, mas desça por aqui e fique parada por perto”, afirma a vendedora de peixes.
“O ato foi para pedir policiamento pra cá, porque ficamos à mercê. Tinha um box e um ônibus a polícia, mas foram desativados para reforma de um prédio, e não colocaram de volta. Depois disso, a gente não vê mais policiamento. A gente quer é que venha a polícia sempre, e pela madrugada também”, diz uma vendedora de peixe, de 50 anos
'Polícia precisa circular mais'
Outro dos cerca de 12 vendedores de peixe, na Pedra do Peixe, é Paulo de Souza, que tem 60 anos e trabalha lá há quatro décadas. Na opinião dele, o que precisa melhorar é a maior circulação da polícia, que ele afirma sempre ver pela área.
“Nunca fui assaltado aqui, mas fico preocupado de vir pra cá, porque todos os dias chego por volta meia-noite, e a gente vê algumas pessoas suspeitas. Há 20 anos, ocorriam mais assaltos. Agora melhorou e a polícia passa de dia e, às vezes, de madrugada. Isso precisa melhorar, porque precisamos de segurança”, diz o trabalhador, que, por volta das 11h desta sexta, ainda tinha cerca de 10 dos 40 quilos de peixe (dourada, filhote e piramutaba) que comprou dos balanceiros para vender aos clientes.
PM diz vai intensificar as rondas
Em nota, a Polícia Militar informa que o Complexo do Ver-o-Peso é policiado por equipes do 2° Batalhão. “As equipes vão intensificar as rondas no local”, afirma a PM.
A corporação esclarece ainda que a área é também monitorada por câmeras de vídeo da Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) e do 2° Batalhão de Polícia Militar.
A PM ressalta na nota que “ontem mesmo (quinta) uma pessoa foi presa em flagrante por furto na área da feira”. E frisa que o cidadão pode acionar as unidades da corporação pelos telefones 190 ou o Disque-Denúncia (181).
Área turística pede atenção
No Complexo do Ver-o-Peso, maior feira livre da América Latina que tem 393 anos, em Belém, existe o Mercado de Peixe. Este espaço soma cerca de 120 peixeiros que têm uma rotina bastante dinâmica, uma vez que o lugar recebe centenas de pessoas todos os dias. E praticamente ao lado do Mercado de Peixe está a Pedra do Peixe, que fica às margens da Baía do Guajará e é considerado o maior entreposto de comercialização do pescado por atacado do estado do Pará.
Na Pedra do Peixe as mercadorias são trazidas por barqueiros vindos de diversos municípios do Pará e do estado do Amazonas. O funcionamento lá é intenso desde a madrugada, das 2h às 7h, de segunda a sábado, em frente à Praça do Relógio.
Os balanceiros da Pedra do Peixe são trabalhadores que recebem os diversos tipos de peixes nos barcos que chegam carregados. Em seguida, eles fazem as vendas dos produtos aos vendedores de peixes, retiram a comissão deles e repassam o restante para o responsável da embarcação que transportou os produtos.
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