Situação das ruas e calçadas do Comércio de Belém prejudica o direito de ir e vir das pessoas

A problemática é criticada por consumidores e trabalhadores do lugar

Cleide Magalhães

Andar pelo centro comercial de Belém, capital paraense, ainda é um verdadeiro desafio e desrespeito às pessoas ditas “normais” e, principalmente, para as pessoas com deficiências, sejam as que trabalham ou aquelas que sempre compram produtos no lugar. A maior parte do espaço possui ruas e calçadas quebradas, danificadas, mal construídas, esburacadas, escorregadias, lisas e com degraus. Além de lixos, entulhos e materiais de construção prejudicando a passagem e o direito de ir e vir das pessoas em pleno espaço público.

Após sofrer um Acidente Vascular Cerebal (AVC), Paulo dos Santos, 57 anos, anda com muleta pelas ruas e calçadas para evitar queda, já que sente sempre tonturas e precisa se segurar no objeto para manter o equilíbrio. Ele precisa ir ao comércio duas vezes na semana para compras e conta que enfrenta muitas dificuldades para caminhar por lá. 

image (Fábio Costa / O Liberal)

"O desnível das calçadas, os buracos, o acúmulo de lixos. Isso tudo dificulta muito quem precisa andar com muleta. Quando chove aqui fica tudo alagado, porque os lixos entopem os bueiros e a água não passa. E, quando está assim, quem tem muita ou pouca dificuldade de andar é melhor nem sair de casa", reclama Santos, que caminhava pela via principal, a rua João Alfredo, passando a travessa Frutuoso Guimarães, e mora em Marituba, na Grande Belém.

Ainda na opinião dele, todo ano de eleição as promessas são muitas, mas o que é investido pelo poder público para melhorar a infraestrutura das ruas e calçadas do Comércio ainda é pouco. "Aí o tempo vai... os administradores da cidade têm que olhar mais por isso... é uma situação difícil e a gente perde nosso direito de ir e vir. Esse direito não pode ser bloqueado", afirma Santos, que sofre sequela do AVC há quatro anos. Desde então, ele, que era autônomo, está desempregado. 

image (Fábio Costa / O Liberal)

Outro consumidor que sempre vai ao Comércio é José Carlos de Jesus, 58 anos. Ele reclama que as dificuldades de locomoção no lugar é uma constante. "A gente não tem liberdade para andar. Se as calçadas fossem boas, eu não andaria no meio da avenida João Alfredo, que também apresenta sérios problemas, como muitos buracos, paralelepípedos todos fora do lugar, lamas, lixos. Agorinha quase que eu cai, mas minha esposa me segurou", conta José Carlos, que também passava pela avenida João Alfredo, mas já próximo à travessa Sete de Setembro. 

Para Jesus, andar pelo Comércio é ter a sensação de que o poder público não olha para ninguém. "A gente anda por aqui preocupado, quando chove é pior e a gente sente que ninguém nos ajuda. A gente vota, mas eles (governantes) não querem dar melhorias para nós nem qualidade de vida para nós. Só querem cobrar e cobrar", critica Jesus, que sofre de labirintite e mora no Guajará. Lá, ele trabalha com vendas de roupas em uma lojinha na casa dele e algumas peças são compradas no Comércio. 

O promotor de vendas, Alex dos Santos, 29 anos, trabalha no Comércio há 10 anos, na Frutuoso Guimarães, entre a travessa Santo Antônio e a rua João Alfredo. O trabalhador também reclama da situação precária das ruas e calçadas. 

image Na rua Santo Antônio, a Prefeitura de Belém realiza uma obra que interdita a rua (Fábio Costa / O Liberal)

"Elas estão em situação muito péssima, principalmente no que diz respeito à acessibilidade de locomoção das pessoas, porque isso é um direito e prejudica as pessoas com necessidades especiais, idosos e crianças. Já a obstrução da via pública ocorre por falta de fiscalização do poder público e parece que ficou normal cada um fazer o que quer no espaço público, aí faz uma obra, abre um buraco, faz uma calçada e prejudica as pessoas. Além disso, a prefeitura também começa a obra e não termina, e ficam aí os buracos, como é o caso da Frutuoso com a Santo Antônio", afirma Alex dos Santos. 

A Prefeitura de Belém, informou em nota que a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) "vem realizando diversas manutenções e construção de calçadas na capital paraense. Desde maio de 2019, a Prefeitura está executando um programa específico de manutenção de calçadas em diversos pontos de Belém para torná-las seguras e acessíveis ao pedestre. Mais de 100 pontos já foram contemplados com novas calçadas, totalizando mais 11 quilômetros de áreas reformadas. No bairro Comércio, a Seurb realizou a manutenção das calçadas da avenida Portugal. Já a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) mantém rotina de serviços de coleta de lixo e entulho, desobstrução do sistema de drenagem e limpeza pública. Ao mesmo tempo, a Sesan tem intensificado com as ações de Fiscalização do Código de Postura àqueles que insistem em descartar, em via pública, lixo, detritos e entulho".

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