Semana Santa: confira o que pode e não pode ser feito neste período do ano

Recolhimento, reflexão e oração devem nortear atividades das pessoas em sintonia com o conteúdo e significado dos eventos da celebração maior da Igreja Católica

Eduardo Rocha
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Quando chega a Semana Santa, é comum muitas pessoas adotarem ações  de respeito à maior celebração da Igreja Católica e outras ficarem em dúvida sobre o que pode e não pode ser feito durante este momento em que se rememora a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para tirar dúvidas sobre esse assunto, a Reportagem Integrada do Grupo Liberal conversou com o padre Leonardo Monteiro, porta-voz da Arquidiocese de Belém na Semana Santa e pároco da  Ascensão do Senhor, do bairro Icuí-Guajará, de Ananindeua, na Grande Belém.

Entre alguns comportamentos adotados por pessoas na Semana Santa figura, por exemplo, a atitude de não comer carne. Como explica o padre Leonardo Monteiro, a espiritualidade exige um certo comportamento condizente com a fé. Isso porque a fé é aliada à vida, de modo que não se pode acreditar em algo e viver no oposto daquilo em que se acredita. "Então, quando eu acredito, eu permito que a minha fé se transforme em vida e a minha vida se transforme em fé também. Eu naturalmente faço opções, escolhas que sigam o código de conduta, código de ética, digamos assim, que me faça aperfeiçoar a minha caminhada cristã", observa.

Jejum e abstinência

Nesse sentido, como ressalta o padre Leonardo, "nós temos a orientação da Igreja acerca de algumas coisas que devemos seguir, sobretudo, na Sexta-Feira Santa, o chamado jejum e abstinência". "É uma prática, um mandamento da Igreja, na verdade, acerca do jejum e abstinência, que são duas coisas distintas. O jejum, até antigamente, era celebrado a pão e água, algo muito radical mesmo, e com o passar dos tempos a Igreja foi se abrindo e modificando a compreensão, e hoje o jejum, na verdade, é das três refeições do dia, básicas, café da manhã, almoço e janta, a pessoa escolher uma só para ser feita por completo. Então, ela é uma renúncia a outras duas refeições. Um exemplo, eu renuncio o meu café da manhã e a minha janta e faço o meu almoço completo, sem exageros, sem desperdiçar comida. É uma opção de jejum", pontua o religioso.

Ainda há pessoas que optam por fazer o jejum a pão e água. "A Igreja recomenda a abstinência de carne, na verdade, todas as sextas-feiras do ano, e, sobretudo, na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, porque, na verdade, a carne é o alimento talvez mais corriqueiro que a gente tem. Então, quando eu tiro aquilo que é o mais ordinário da minha vida, quando eu abstenho-me daquilo que é mais comum na minha vida, eu faço um exercício, nessa abstinência, de educar o meu espírito, educar a minha vontade, porque é aquilo que eu tenho todo dia", explica o padre Leonardo Monteiro.

"Assim, eu me educo para fazer a vontade de Deus e não a minha", assinala o padre Leonardo. O jejum só é obrigatório na Igreja para adultos a partir dos 18 anos até os 65 anos de idade.

Recolhimento

Na Semana Santa, muitas pessoas costumam não ouvir músicas seculares, não varrer casa e não lavar o cabelo, por exemplo. Sobre esses procedimentos, o padre Leonardo Monteiro ressalta que essas ações vêm mesmo antes da Semana Santa. Isso porque o mandamento da Lei de Deus dizia para guardar o Dia do Senhor. Esse Dia, a priori, era o sábado, mas, depois da Páscoa, a Igreja compreende que o domingo passa a ser o Dia do Senhor como o dia mais importante do ano. Depois, com a chegada do calendário romano, também o domingo passa a ser o primeiro dia de semana, e, então, ocorre essa mudança.

"Mas, até então, como se recorda, a Palavra de Deus fala muitas vezes sobre isso, de que o sábado era esse dia em especial (para o povo da época). Jesus foi vítima dessa lei, porque Jesus curava no dia de sábado e isso era um grande escândalo para os judeus, para aquele povo de Israel, porque no sábado nem curar poderia, porque era o Dia do Senhor, era um dia de completo descanso. Então, começa daqui essa história do descanso, do não varrer casa, não lavar cabelo, como exemplificado. Na verdade, é muito superior à Semana Santa", explica.

Na Semana Santa, por serem os dias nos quais são recordadas a Morte e a Ressurreição do Senhor, "de forma muito mais intensa a gente recomenda que de fato, sobretudo, a Sexta-Feira Santa e o Sábado Santo sejam vividos no recolhimento".

Recolhimento esse para ser feita uma reflexão pessoal, individual, em que a pessoa possa meditar sobre aquilo que precisa ser mudado dentro de si própria e refletir sobre a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo por causa dos pecados da humanidade. Não há problema com relação às atividades necessárias no lar, por exemplo, um serviço de limpeza circunstancial e urgente que deve ser feito. "O que a gente recomenda é que a regra maior seja o descanso, a reflexão, a interiorização, o silêncio", ressalta o padre Leonardo Monteiro. 

Na Sexta-Feira Santa, muitos comerciantes não abrem seus estabelecimentos, muita gente não ouve música alta, não dança, entende que não se deve namorar, nada de sexo ou bebida alcoólica. Sobre esse comportamento, padre Leonardo destaca que os comerciantes não abrem as lojas por causa do feriado, também (implicações trabalhistas). "Com relação às outras questões, a regra é que a Sexta-Feira Santa e o Sábado Santo sejam vividos no silêncio, no recolhimento interior. Não é o não fazer nada. É não fazer para que isso, o fazer, não ocupe o espaço de interiorização, de reflexão, de oração. É passar esses dias em oração, em reflexão. Isso é o mais importante", enfatiza.

Padre Leonardo Monteiro ressalta que a Sexta-Feira Santa é o único dia em que não é celebrada missa no mundo inteiro. Mas, nesse dia, é muito importante a participação das pessoas nas demais ações da Igreja, como a Procissão do Encontro, a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor e o Sermão das Sete Palavras para meditação. E, assim, o comportamento das pessoas deve prezar pelo recolhimento interior, na disposição da mudança de vida.  

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