Sem água, moradores do bairro Val-de-Cans passam o fim de semana no sufoco

No conjunto Marex, relatos dão conta de que desde sexta-feira (24) não saía água das torneiras

Camila Guimarães
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Moradores do bairro Val-de-Cans, em Belém, denunciam falta de água nos conjuntos que compõem o bairro desde a última sexta-feira (24). Reclamações formam listas em comentários de publicação da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) nas redes sociais. Nesta segunda-feira (27), a equipe da redação integrada de O Liberal percorreu a área e constatou que, em alguns conjuntos, a água tem faltado em horários regulares há mais tempo, enquanto que, no Marex, moradores afirmam que o serviço não funcionou em nenhum horário durante todo o fim de semana.

A moradora da rua Rio de Janeiro, no conjunto Marex, Danielle Ferreira, conta que desde sexta-feira passada (24), a água parou de sair das torneiras. Ela diz que interrupções do serviço são frequentes, mas se tornou insustentável ao passar vários dias sem regularizar a situação.

Nesses últimos dias o problema atingiu um nível terrível, porque não houve nenhum aviso de falta de água e a água simplesmente não voltou mais. Entrei em contato com a empresa e a justificativa é que fizeram um serviço emergencial. Mas por que, em três dias, não tiveram tempo de informar?”, questiona.

Idosos estão entre os moradores mais prejudicados

A moradora da Avenida Brasil, no conjunto Marex, Aila Corrêa, de 83 anos, relata que percebeu a ausência total de água nas torneiras no sábado (25), porque ela ainda tinha uma quantidade de água acumulada na caixa sobre o telhado. Desde então, ela precisou comprar água mineral para utilizar tanto na cozinha quanto nas demais atividades:

“A gente compra água mineral e, nessas horas, o preço aumenta, fica R$ 10, R$ 12. Ontem o rapaz que entrega água até disse ‘hoje é dia da minha folga, mas não estão me dando folga’, porque todo mundo sentiu a falta de água”.

image Moradora do bairro, de 83 anos, relata das dificuldades do fim de semana sem água. (Ivan Duarte / O Liberal)

Aila, que mora sozinha, descreve as dificuldades que passou durante o fim de semana, inclusive para conseguir tomar banho: “Eu tive que ir andando até o conjunto Bela Vista, porque lá eles têm poço, na casa de uma amiga. Voltando de lá eu já vim suada, então nem adiantou o banho”.

Com problemas na coluna, Aila comenta o sacrifício que é mesmo quando a água volta, como aconteceu na manhã desta segunda-feira (27), a partir das 9h: “Ela chegou, gotejando, ali na torneirinha baixa, e eu tenho que dar toda a volta na casa para levar lá para a cozinha. Eu faço fisioterapia. Amanhã, quando eu chegar, a moça vai perguntar ‘o que aconteceu com você?’ e eu vou dizer ‘estava carregando água’. Agora, quando vocês chegaram, eu dei uma pausa para respirar, porque tudo dói”.

Outros conjuntos do bairro também enfrentam dificuldades

No conjunto Promorar, moradores também relatam falta de água de forma constante. Apesar de o abastecimento não ter parado por completo, como aconteceu no Marex, o vendedor Edivail Leonis, morador do conjunto há 40 anos, diz que a água simplesmente para de sair das torneiras todos os dias, em horários marcados.

A água chega de manhã até meio dia e meia, uma hora, e depois vai embora. Só volta umas quatro e meia, cinco da tarde. À noite, umas dez horas já vai embora de novo. A gente enche balde e camburões, mas isso acarreta outros prejuízos, então a gente queria uma solução realmente”.

image Morador do conjunto Promorar diz que a falta de água é constante. (Ivan Duarte / O Liberal)

Leonis, que mora com idosos e crianças, diz que não tem alternativa a não ser comprar água mineral, o que é um gasto a mais no orçamento. Mesmo assim, para ele é a melhor alternativa para preservar a saúde dos familiares: “A água da Cosanpa ainda vem suja, não tem como consumir. Tem cor, tem cheiro, dá coceira. Traz consequências para a nossa saúde mesmo. Para ingerir, a gente tem que comprar mesmo, não tem jeito”.

A Cosanpa informou, por meio de nota, que o sistema que atende a área está operando normalmente, entretanto, equipes estão mapeando o local para identificar os pontos com baixa pressão na água ou desabastecimento. Segundo o texto, “desde ontem (26), um caminhão-pipa está abastecendo o local”, informação que não foi confirmada por nenhum dos moradores que participaram da reportagem. Todos eles disseram que não receberam nenhum serviço do tipo.

 

 

Em publicação feita às 7h30 desta segunda-feira (27), nas redes sociais, a Companhia voltou a afirmar que o serviço paliativo com o caminhão-pipa vem sendo feito: “Um caminhão-pipa está distribuindo água aos moradores que estão afetados”, mas nenhum veículo do tipo foi visto pela equipe de reportagem que percorreu o bairro ao longo da manhã.

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