Segundo episódio de série documental conta a história do "Monstro da Ceasa"
André Barbosa matou três garotos em Belém e, em seguida, ainda consolou as famílias das vítimas

O segundo episódio da série documental "Somente a Verdade - Histórias de Polícia" se chama "Crimes na mata - A história do Monstro da Ceasa'' e será divulgado nesta quarta-feira (15), às 23h, na área de vídeos do portal OLiberal.com. E vai contar a história de André Barbosa, o “Monstro da Ceasa” ou o “Maníaco da Ceasa”, um serial killer. Ele matou três adolescentes em Belém. E, quando se preparava para cometer o quarto crime, errou o golpe e o garoto fugiu. Durante quase um ano, a Polícia Civil investigou os homicídios e prendeu André Barbosa. Em novembro de 2008, ele foi condenado a 104 anos de prisão pela morte de três meninos nas matas da Ceasa, em Belém, mas também respondia a uma ação penal por violência sexual contra outro adolescente.
No dia 17 de novembro de 2008, André Barboza foi enquadrado nos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação e vilipêndio de cadáver, além do atentado violento ao pudor contra José Raimundo Oliveira, Adriano Augusto Nogueira Martins e Ruan Valente Sacramento. Os assassinatos ocorreram nas matas da Ceasa, entre dezembro de 2006 e março de 2007. Ele negou a autoria dos crimes, embora em princípio tenha assumido os abusos sexuais e mortes dos garotos. Somente o ataque à última vítima foi confessado em juízo pelo serial killer. O cenário de dois desses crimes era muito parecido: a posição dos corpos dos meninos e das sandálias que eles usavam; e o local em que foram mortos, dentro da mata, a uns 200 metros da pista. A maneira como os corpos eram deixados não era algo aleatório. Tratava-se da "assinatura" do crime. Assassinos em série agem assim e deixam "sua assinatura", que é a marca deles.
ASSISTA AO PRÍMEIRO EPISÓDIO DE "SOMENTE A VERDADE"
A partir da descoberta desse segundo corpo – que, na verdade, era o terceiro crime praticado por André -, os policiais civis decidiram criar uma força-tarefa, reunindo delegados de três bairros, para, assim, fazer uma investigação mais detalhada. O anúncio sobre a criação dessa força-tarefa ocorreu momentos depois em que esse segundo corpo foi encontrado. Durante as investigações, surgiram muitos boatos, muitas pistas falsas, já que o caso teve muita repercussão social. Isso atrapalhou bastante as investigações, coordenadas, à época, pelo delegado Paulo Tamer.
À medida que as investigações avançaram, a polícia percebeu tratar-se de um serial killer. E isso permitiu conduzir melhor as apurações. Uma especialista no assunto, a escritora Ilana Casoy, esteve em Belém e também colaborou com a Polícia Civil. Os policiais verificaram que as vítimas (os adolescentes) estudaram na mesma escola, moravam no mesmo bairro (Guamá), frequentavam a mesma lan house (cyber café) e tinham o mesmo perfil socioeconômico. Com isso, as investigações ficaram mais direcionadas e específicas. Isso eliminou várias possibilidades e, também, evitou outros possíveis ataques do matador.
Ao tentar fazer a quarta vítima, André errou o golpe, com o qual pretendia imobilizá-la. O garoto fugiu. E ele deixou cair o celular no local. E, a partir daí, a Polícia, que já tinha muitas informações sobre o suspeito e o procurava havia 11 meses, conseguiu prendê-lo.
Maníaco confessou os crimes, mas disse não lembrar dos abusos sexuais
No dia seguinte à prisão dele, o repórter Dilson Pimentel, do jornal O Liberal, e que acompanhou o caso durante quase um ano, fez uma entrevista exclusiva com o André. Na entrevista, ele confessou os crimes. Mas, na hora de falar do abuso sexual, que praticou contra suas vítimas, dizia não se lembrar de nada. Era como se fizesse questão de apagar de sua memória esses momentos. André era um homem sempre acima de qualquer suspeita. Um bom vizinho, uma pessoa querida por todos. E que, inclusive, ajudou a consolar os familiares das vítimas, "ajudando", inclusive, nas buscas aos meninos. Por isso, ninguém nunca desconfiou dele.
Na entrevista, ele disse estar arrependido de ter assassinado os adolescentes José Raimundo de Oliveira, Adriano Martins e Ruan Sacramento. Ele afirmou que não tem uma explicação lógica para os crimes que praticou. O acusado contou que se arrependia depois de matar os adolescentes, mas que não conseguia controlar tais atos violentos. Depois, e como se os crimes tivessem sido cometidos por outra pessoa, procurava as famílias das vítimas, a quem oferecia solidariedade e ajuda para localizar o criminoso.
Relatando problemas que teve na escola e na infância, quando diz ter sido abusado sexualmente por um traficante, o que ocorreu dos cinco aos sete anos, André também disse, naquela entrevista, que deixou pistas para que a polícia o prendesse, deixando, por exemplo, o celular no local em que atacou um garoto de 11 anos. Ele também disse que há muito tempo vinha alimentando a ideia de se matar, para, assim, conseguir sua 'liberdade'. E, sem citar as palavras crime e morte, garante que não é um 'monstro' e merece uma 'segunda chance'.
"Somente a Verdade - Histórias de Polícia" relata casos policiais que marcaram Belém e o Pará que tiveram cobertura jornalística pelos veículos de comunicação do Grupo Liberal. Será exibido um episódio a cada mês. Nos próximos, entre os diferentes casos que serão abordados na primeira e nas temporadas seguintes, está a história de Quintino da Silva Lira, a morte dos deputados Paulo Fontelles e João Batista, o caso dos "irmãos Mapará", entre outros.
(NOTA DO EDITOR: Dilson Pimentel, autor deste texto, acompanhou de perto todos os desdobramentos do caso por O Liberal e Jornal Amazônia e foi um dos entrevistados no primeiro episódio de "Somente a Verdade", a websérie documental do Grupo Liberal, intitulado "São José e os Libertos")
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA