Em Belém, sacolas sustentáveis permitem geração de renda com criatividade no Natal
As sacolas de papel reciclado e fibras naturais de plantas podem ser vendidas ou agregar a outros produtos
As sacolas plásticas podem demorar até 400 anos para se decompor no meio ambiente. O plástico é um dos materiais que mais tem poluído os oceanos em todo o mundo. Após a realização da COP 30, em Belém, alternativas sustentáveis para problemas cotidianos ganham mais força. A substituição de sacolas plásticas por sacolas de papel e material reciclável pode ser uma pequena parte para a solução de um problema urbano e ambiental.
Diminuir o impacto ambiental de sacolas plásticas, reaproveitar materiais e gerar renda é o objetivo do curso Ateliê de Criação – Sacolas de Presentes Sustentáveis, que a Prefeitura Municipal de Belém (PMB) realiza até o dia 20, na Paróquia São Francisco Xavier, no bairro do Marco.
Para a aposentada Rosália da Silva Costa, 69 anos, moradora no bairro da Pedreira, que participou do primeiro dia de aula, aprender a produzir sacolas sustentáveis são a oportunidade para presentes com novas embalagens personalizados para dar no Natal. “Bateu uma curiosidade imensa de como esse material é produzido. A gente olha e nem diz que isso foi feito assim artesanalmente”, avalia Rosália.
A professora aposentada gostou muito de perceber que é possível produzir sacolas bonitas com papel que iria para o lixo. “Não agride o ambiente. Eu achei ótimo. Nunca tinha participado de uma oficina assim. Esse produto é sustentável, estou curiosa para ver a confecção desse papel”, falou. A iniciativa dá esperança para Rosália que no futuro as sacolas de plástico sejam substituídas. “A gente fica contente de ver que ali para o futuro dos meus netos estará bem diferente”, imagina.
Do lixo ao luxo
O maior benefício das sacolas sustentáveis é retirar materiais que seriam descartados no lixo para se transformar em produtos de luxo, que podem ser comercializados em todo o mundo. A instrutora da oficina Curso Ateliê de Criação, Maria de Nazaré Cunha, de 67 anos, há 20 trabalha com artesanato. Atualmente, ela vende sacolas e caixas sustentáveis para os Estados Unidos e outros países. Maria já confeccionou caixas que foram embalagem de presente para o presidente Luís Inácio Lula da Silva, durante a COP30.
“Quando tiramos do lixo para fazermos luxo essa já é um benefício muito grande. Onde nós ganhamos? Quando faz um produto, vê um produto nosso, feito com as nossas mãos, nas lojas. Isso é uma recompensa muito grande para nós. Tudo que a gente pensou que ia fora virou luxo. Vivermos isso é uma maravilha, uma satisfação muito grande para nós que estamos tirando tudo aquilo que agredia a natureza”, conta.
As sacolas podem ser criadas também com todo tipo de fibra como da bananeira e do coco. Esse diferente tipo de papel pode ser a matéria-prima para caixas, agendas e blocos. Dependendo do tipo de produto, acabamento, enfeites e desenhos, os preços podem variar de R$ 20 até R$ 300, o que pode gerar bons ganhos financeiros para as artesãs. “Nós transformamos para a geração de renda. O nosso lucro vai ser esse - a transformação com a geração de renda. O planeta vai respirar melhor, porque nós estamos tirando tudo aquilo que vai prejudicar e agredir a natureza. Vamos dar uma vida nova para aquilo”, destacou.
A Secretaria Municipal de Qualificação Profissional, Elis Uchoa, reforça que o curso foi pensado justamente para aliar ao momento que a cidade está vivendo após a COP30. “Esse curso foi pensado para aliar esse momento que a cidade está vivendo pós-COP. Com toda essa preocupação ambiental e sustentável. Tanto de reaproveitamento de matéria-prima, quanto de reaproveitamento de materiais recicláveis que a gente tem em casa”, enfatiza.
O curso é gratuito, voltado à comunidade do bairro do Marco, com duração de 40h, até o dia 20 de dezembro. A oficina faz parte da grade de qualificações gratuitas, oferecidas pela Secretaria Executiva de Qualificação Profissional (SEQP), desde maio deste ano. Aproximadamente 380 pessoas já foram beneficiadas, em vários bairros de Belém, com os cursos que vão desde pintura em tecidos, saúde emocional, curso preparatório para o ENEM e inglês.
“A gente tem visto também recentemente o crescimento dessa procura [por esse produto], tanto nacionalmente, quanto internacionalmente. A gente já tem algumas produções que são de alguns alunos em grande escala e já estão até exportando”, explicou. “Essas sacolas que estão sendo confeccionadas tem uma saída muito grande. A usabilidade delas é tanto para agregar valor ao seu próprio produto no seu nicho de mercado, quanto também para comercializar”, atesta.
As datas comerciais, como o Natal, expandem as possibilidades para o uso das sacolas sustentáveis. A artesã Olinda França, 59 anos, que é moradora do bairro do Marco, está ansiosa para aprender a produzir as sacolas. “A gente vai aprender a fazer papel da casca da banana e do coco. Eu já tinha visto antes, mas eu não sabia fazer. Vai ser maravilhoso, porque eu mesmo vou fazer o meu papel para transformar em sacola. Eu posso transformar em capa de caderno, capa de agenda, fazer infinitas ideias”, espera.
Olinda, que trabalha com costuras, quer aprender a produzir as sacolas para transformá-las em embalagens, assim como ter a possibilidade de comercializá-las. “A minha expectativa, já estava até conversando com algumas colegas, é produzir as sacolas e oferecer para lojas, porque as tendências daqui para a frente é essa, todas as lojas atenderem os seus clientes com os seus produtos através de sacolas recicláveis”, adianta.
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