​Saberes ancestrais dos povos originários são temas de rodas de conversa na ​galeria ​Benedito Nunes

Artistas e pesquisadores participam do encontro, para refletir sobre o papel da arte na preservação e difusão dos saberes marajoaras

O Liberal
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A importância histórica da cerâmica marajoara e o legado ancestral dessa manifestação milenar, mantida vivo por artistas e coletivos contemporâneos que, ainda hoje, preservam, salvaguardam e compartilham esse saber no Marajó. Este será o tema central de uma roda de conversa realizada nesta quarta-feira (13/11), na galeria Benedito Nunes, na Fundação Cultural do Pará.

Artistas e pesquisadores participam do encontro, para refletir sobre o papel da arte na preservação e difusão dos saberes marajoaras e como o fazer artístico contribui de forma decisiva para identificação de um povo com sua história e sua relação com o território.

A roda de conversa contará com as participações de Ronaldo Guedes e Cilene Andrade, fundadores do Ateliê Arte-Mangue Marajó, de Soure, instituição referência na pesquisa, preservação e difusão da cerâmica marajoara, além de Anita Ekman, artista visual, performer, curadora e pesquisadora com foco na arte pré-colonial e na história da floresta tropical. A mediação do encontro será realizada por Brunno Apolônio, pesquisador, escritor e gestor cultural, com foco nos saberes tradicionais, na arte indígena e na cultura marajoara.

“A gente pisa em um lugar muito especial, um território de muita ancestralidade. A Ilha de Marajó tem uma datação de ocupação humana que chega há mais de 3.400 anos. Então, precisamos entender isso como esse legado, como uma potência, olhar para trás e enxergar um modelo a ser seguido de muitos saberes, muito respeito com a natureza e essa memória coletiva. Traçar e seguir esse fio que nos conecta a nossa história e a nossa ancestralidade”, explica o artista Ronaldo Guedes.

A programação ainda contará com o lançamento da edição nº 6 da Aru – Revista de Pesquisa Intercultural da Bacia do Rio Negro (AM), editada pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), no Amazonas.

A publicação celebra os 20 anos de pesquisa realizada pela rede de Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAs), apresentando uma linha do tempo com os principais momentos dessa caminhada, desde a formação do primeiro grupo até hoje, destacando eventos climáticos marcantes e trechos de seus diários.

Além do lançamento, está prevista uma roda de conversa sobre a relevância do trabalho dos AIMAs para a governança ambiental dos territórios indígenas e, consequentemente, para a agenda climática, dada a importância da conservação da Amazônia para o equilíbrio do clima e a mitigação do aquecimento global.

Exposição

A atividade integra a programação da exposição “O que sonham os invisíveis – cosmopercepções da floresta”, realizada em Belém durante a COP30, pelo Goethe-Institut. A mostra apresenta a produção coletiva de arte contemporânea criada nas residências do projeto Cosmopercepções da Floresta, iniciativa do Goethe-Institut realizada em cinco territórios: Amazônia Colombiana, Ilha do Marajó, Mata Atlântica, Floresta Boreal na Finlândia e o eixo Rio Negro/Munique. Além disso, conta, também, com coletivos e artistas convidados especialmente para a mostra e que foram parceiros do projeto durante os seus dois anos de realização.

Resultado de uma rede de residências e colaborações entre artistas, comunidades e pesquisadores, a exposição reúne diferentes cosmopercepções dos povos das florestas e aborda o tema do duplo sonhar: o sonho como força de transformação e resistência ao colonialismo — frequentemente invisibilizada nas narrativas globais — e o sonho como dimensão de conexão com o invisível, com os seres que habitam e protegem as florestas e que escapam às lógicas da ciência ocidental.

As obras em vídeo, fotografia, cerâmica, pintura e instalação buscam mostrar como as pessoas de cada um desses territórios dialogam com as florestas, suas águas, habitantes, ciclos e sua própria existência. A proposta da exposição é que o público possa percorrer essas trajetórias de criação, que nascem desse encontro entre saberes ancestrais e ciência contemporânea, além de estimular um entendimento global do papel das florestas e de suas culturas diante das mudanças climáticas, especialmente nesse contexto de realização da COP30, em Belém.

“A natureza dá sentido à vida e, nela, tudo mantém seu equilíbrio. É como uma imensa teia onde tudo está interligado, um organismo vivo. Seu poder está em nos direcionar para a sabedoria. Cada sinal que recebemos tem significado para nossa existência, muitos sinais nos são transmitidos pela natureza, que, com sua delicadeza e sabedoria, nos guia e ensina o bem viver”, ensina a curadora da exposição Cristine Takuá.

SERVIÇO

13/11 – Rodas de conversa e lançamento da revista Aru

10h – Lançamento da 6ª edição da revista Aru e roda de conversa “A importância dos AIMAs para a governança ambiental e a agenda climática”. Com Oscarina Caldas, Roberval Pedrosa, Genilton Apolinário, Hildete Marinho e Aloisio Cabalzar

11h30 – Roda de conversa “Como a cerâmica marajoara contribui para a preservação da sociobiodiversidade em Soure/Marajó”. Com Cilene Andrade, Ronaldo Guedes e Anita Ekman. Mediação de Brunno Apolonio.

Exposição “O que sonham os invisíveis – cosmopercepções da floresta”.

Data: Até dia 28/11

Local: Galeria Benedito Nunes (FCP)

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