Morre Dona Coló, ícone das ervas do Ver-o-Peso, nesta terça-feira, em Belém

A informação sobre a morte foi confirmada pela filha dela à reportagem

Gabriel Pires

Faleceu, nesta terça-feira (30), Clotilde de Souza, conhecida internacionalmente como Dona Coló, uma das figuras mais emblemáticas da cultura popular e dos saberes tradicionais do Pará. Aos 73 anos, ela morreu em decorrência de uma parada cardíaca. A informação foi confirmada à reportagem do Grupo Liberal por sua filha, Leila do Socorro.

Dona Coló estava internada no Hospital Abelardo Santos, em Belém, há 15 dias por conta de um acidente vascular cerebral (AVC). “Na realidade, minha mãe já teve seis AVCs, o que a tornava muito guerreira. Ela gostava muito de viver, falava do banho de cheiro dela e queria estar nele nessa época. Ela lutava. O que os médicos falavam e o que ela aparentava eram totalmente diferentes; ninguém diria que ela tinha tido todos aqueles AVCs", relata Leila.

“Quando ela teve este último AVC e a trouxemos para cá, estávamos todos esperançosos, pois ela sempre se recuperou. Mas, desta vez, as coisas foram diferentes. Ontem eu ainda a visitei, e ela chegou a responder. Infelizmente, ela sofreu uma parada cardíaca e não resistiu", acrescenta a filha de Dona Coló.

Referência

Reverenciada como uma das principais erveiras do Ver-o-Peso, ela se tornou referência pelo conhecimento ancestral, pela relação afetiva com a clientela e pelo papel essencial na preservação das práticas de cura e do uso de plantas medicinais que marcam a identidade do mercado e da cidade.

“Minha mãe sempre gostou muito do Ver-o-Peso. Era a vida dela, e estamos procurando manter a tradição, não deixar acabar. Ela lutou tanto pelo reconhecimento das erveiras. Eu trabalhava com ela no Ver-o-Peso. Eu quero que a minha mãe seja lembrada como sempre foi: alegre, bondosa, cantando, dançando e vendendo as ervas dela, fazendo o bem para as pessoas", diz Leila, emocionada.

Legado

A filha ainda destaca a importância do legado da mãe, que deve ser levado adiante. “Ela fazia o bem através do que sabia fazer: vender as ervas e fazer as garrafadas. Essa era a maneira mais bonita dela de fazer o bem sem olhar a quem. Minha mãe se dedicou tanto a ajudar as pessoas que se esqueceu de si mesma. Eu dizia: ‘Minha mãe, vamos ao médico’. Ela respondia: ‘Não, hoje não, amanhã eu vou’. E ela foi adiando. Foi deixando para depois", relata.

De acordo com a família, o velório de Dona Coló será em um salão localizado na avenida João Batista, em Marituba, na Grande Belém - após liberação pelo hospital. Já o sepultamento será nesta quarta-feira (31) em um cemitério também de Marituba, às 15h. 

Autoridades

Nas redes sociais, o prefeito de Belém, Igor Normando, manifestou pesar pela morte de Dona Coló. “”Recebo com pesar o falecimento da Dona Coló, uma das erveiras referências do Ver-o-Peso e da história da nossa cidade. Meus sentimentos a toda a família e amigos", escreveu Normando em uma publicação nas redes sociais.

O governador do Pará, Hélder Barbalho lembrou do legado da erveira e manifestou solidariedade ä família e amigos de Dona Coló. "Com muito pesar recebo a notícia da morte de Dona Coló, erveira do Ver-o-Peso e símbolo da nossa cultura paraense. Sua história, sabedoria e tradição marcaram gerações e fazem parte da identidade do nosso povo. Minha solidariedade aos familiares, amigos e a todos que sentem essa perda. Dona Coló deixa um legado eterno no coração do Pará", escreveu o chefe do executivo paraense.

A primeira-dama do Estado, Daniela Barbalho, reforçou que a partida da erveira traz à tona a sua trajetória de reconhecimento nacional pelo seu trabalho e irreverência. "É com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento da Dona Coló. Nossa querida erveira do Ver-o-Peso fez história ao longo de tantos anos dedicados às ervas da Amazônia, levando a tradição e alegria a todos que por lá passavam", observou.

"Ficou conhecida nacionalmente por seu trabalho e irreverência. Agradeço o carinho que sempre teve comigo e com minha família. Meus mais sinceros sentimentos aos familiares e amigos", acrescentou a primeira-dama.

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