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Robótica transforma vida de estudantes

INSPIRAÇÃO - Professora trabalha por futuro de oportunidades para crianças e adolescentes

Byanka Arruda

Remanescente da comunidade quilombola Cigano, situada no município de Tracuateua, no nordeste do Pará, a professora de matemática e especialista em Robótica Educacional Keila Catttete começou a realizar, em 2014, o projeto Robótica Educacional, um sonho de aliar matemática, robótica e iniciação científica para aguçar a curiosidade e despertar o interesse de alunos de escolas públicas que de outra forma dificilmente teriam oportunidade de vivenciar a experiência de participar da construção da ciência experimental no dia a dia nas periferias do Estado. As aulas de robótica inicialmente eram realizadas em uma escola rural em Tracuateua, mas foi em Belém que o projeto ganhou força. "Como eu sou professora de matemática e trabalho com alunos muito conectados, a minha preocupação era que eles aprendessem a matemática como algo que despertasse a atenção. A ideia foi realmente aguçar o aluno, porque ele é o protagonista. Eles são os cientistas", destacou a especialista.

O projeto idealizado pela professora deu tão certo que em 2017 ela e sua equipe foram campeãs do Torneio Brasileiro de Robótica (TRB). Na época, ela foi campeã com dois protótipos que foram pensados para auxiliar nas necessidades de sua comunidade quilombola: um protótipo para catar acerola e outro para catar açaí. "Nós fomos para a competição e a minha equipe foi campeã. Quando veio essa grande premiação foi um pontapé inicial para dar continuidade e expandir o projeto. Então eu comecei a capitalizar, no sentido de conhecimento, com os meus alunos com a experiência em laboratório. Foi quando eu comecei a trabalhar em laboratório com os alunos. Os alunos tinham uma vaga noção do que seria a robótica, mas ainda era uma coisa distante da sua realidade. Ainda mais no Pará. Diziam que ia demorar para chegar e eu disse que não, que nós já iríamos começar a aprender", relembrou.

Hoje, ela ensina robótica de uma maneira acessível, com materiais recicláveis, e possível de ser realizada por crianças e adolescentes, sempre relacionando a construção dos projetos ao conteúdo da disciplina de matemática apresentada em sala de aula. "Houve a ideia de trabalhar com o lixo eletrônico, que é de baixo custo. A maioria do material utilizado nessas aulas é reciclado, vindo de doações. Quando chegam os materiais a gente separa, tem todo um cuidado para separar o lixo eletrônico tóxico do não tóxico. Os alunos só têm acesso ao lixo eletrônico não tóxico. Depois o aluno vai idealizar seu projeto, tudo incluindo a matemática. Eles vão idealizando, vão construindo e acabam se divertindo. Esse é o objetivo, aprender de uma forma lúdica", explicou a educadora.

Por conta da pandemia, as aulas na Escola Estadual Professora Dilma de Souza Catttete, onde a professora também leciona, foram suspensas, mas uma instituição de ensino particular cedeu o espaço para que os alunos que são atendidos pelo projeto pudessem assistir às aulas semanalmente. "A minha preocupação foi justamente essa, com os alunos que estudam na periferia. E eu decidi não parar o projeto e pensei numa forma de dar seguimento mesmo que as escolas estejam fechadas. Pra mim às vezes o aluno fica muito isolado do conhecimento, que é primordial para gerar um cidadão consciente, crítico. A minha preocupação era não ter parado devido à pandemia por conta do conhecimento, para não abrir possibilidades para outros caminhos que não são tão bons", comentou. "A perspectiva só tem a evoluir, o Estado só tem a ganhar. O meu sonho é que todos os alunos possam ter acesso e participem de competições, troquem ideias, conheçam outros países, troquem ideias com pessoas que estão isoladas nesse meio. A finalidade é que o aluno seja realmente um campeão na vida, gerar campeões para a vida, para que ele possa caminhar e dizer que ele pode, que ele é capaz", concluiu.

Aluno e monitor do projeto, Iago Paixão, de 11 anos, disse que as aulas de robótica mudaram a forma como ele enxerga o mundo e seu cotidiano. "A gente tem que olhar além da nossa visão atual para poder ver o que nós podemos fazer com as coisas que nós jogamos fora. As aulas mudaram a minha vida e expandiram o meu conhecimento. A gente pode fazer muitas coisas, mas a gente não enxerga além da nossa visão. Se a gente enxergar além da nossa visão, a gente pode construir um futuro melhor", afirmou entusiasmado.

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Belém
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