Região Norte tem menor índice de obesidade infantil, na faixa de 5 a 10 anos

Em Belém, CREI Orlando Bitar prioriza alimentação saudável para pequeninos

Eduardo Rocha
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Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) indicam que a Região Norte é a que apresenta o menor índice de crianças obesas na faixa dos 5 aos 10 anos de idade. O maior índice está na região Sul (11,52%), seguida por Sudeste (10,41%), Nordeste (9,67%), Centro-Oeste (9,43%) e Norte (6,93%). Até meados de setembro de 2022, mais de 340 mil crianças nessa faixa foram diagnosticadas com obesidade no Brasil, como indica o relatório público de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional. Em 2021, o Programa Especial de Atenção Primária à Saúde diagnosticou cerca de 356 mil crianças acima do peso.

Diante de números preocupantes, é preciso trabalhar a prevenção contra o problema  desde cedo, como assinala Jacqueline  Rizzoli, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Jacqueline Rizzoli. “A obesidade é um grande problema de saúde pública não só no Brasil, como em todo o mundo, tem aumentado em todas as faixas de idade, mas realmente, a faixa-etária mais precoce, ainda na infância, é onde precisamos trabalhar com mais intensidade para a prevenção”, destaca. “A pessoa que já inicia já nos primeiros anos de vida com obesidade, tem uma tendência muito maior a se tornar um adolescente obeso e futuramente um adulto obeso”, alerta a endocrinologista do Hospital São Lucas, da PUC do Rio Grande do Sul. 

Fatores genéticos e comportamentais que envolvem famílias e escolas resultam na obesidade em crianças e adolescentes. E ese processo, se não estancado, gera problemas como infarto, inchaço dos vasos sanguíneos e acidente vascular cerebral (AVC). Os maiores vilões do excesso de peso na infância, como alertam os médicos da área, são os alimentos ultraprocessados. Entre os mais consumidos estão: batata frita, macarrão instantâneo, cachorro quente, doces e balas, sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, barras de cereais, chocolates e iogurtes. 

Em Belém

Por isso, no Centro de Referência de Educação Infantil (CREI) Professor Orlando Bitar, no bairro de Nazaré, como parte da rede da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), atua na formação do hábito de alimentação saudável e outras ações de prevenção à obesidade de crianças. "A alimentação escolar no âmbito da escola é sem dúvida nenhuma deve servir não apenas para alimentar essas crianças, mas também para fazer um trabalho de conscientização contra a obesidade, por uma alimentação saudável e abordando a importância das verduras e frutas; o Governo trabalha nessa perspectiva, com vários projetos na área da alimentação saudável e buscando o combate à obesidade infantil", observa a secretária de Educação, Elieth de Fátima Braga.

image Pequeninos aprendem a consumir alimentos naturais (Foto: Márcio Nagano / O Liberal)

Flávia Lira, nutricionista da Seduc, responsável técnica pela Alimentação Escolar, destaca que o cuidado com as calorias. São usadas calorias à base de proteínas, registrando-se o consumo de carbohidratos, com base no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). "As normas do Programa são bem claras. Para o aluno até três anos, para a criança de até três anos de idade, é proibido o uso de carboidratos simples, que são os açúcares. Então, a gente não usa mais. Para o ensino fundamental menor, o ensino fundamental maior e o médio, ao EJA(Educação de Jovens e Adultos), nós usamos o mínimo, ou seja, nosso per capita é bem abaixo. Aquelas frutas que são necessárias mesmo, que precisam de açúcar é que a gente coloca. O nosso per capita é bem pequeno. Para quê? Pra gente evitar a obesidade. Então gente procura fazer os cardápios mais naturais", ressalta Flávia.

Ela conta que, na alimentação escolar, é dada prioridade para a agricultura familiar, no mínimo 30%,trinta por cento é o que preconiza o PNAE. "Então, os nossos cardápios são elaborados de maneira a atender o mínimo de 20 a 30% das calorias, que é o que preconiza no caso daqueles alunos que são matriculados no tempo parcial. E se atenta para o tempo integral. Mas sempre nosso cardápio é formados por produtos naturais. Nós não usamos biscoitos recheados, nós não usamos bolo, achocolatado é uma vez só no mês, nossa polpa de frutas, frutas naturais, frutas mesmas da época, vemos a sazonalidade, então, a gente se preocupa muito com a qualidade da alimentação escolar", acrescenta.

São três cardápios salgados, ou seja, preparações que têm sal, mas em quantidade equilibrada, dada a preocupação com o teor do sódio nos alimentos. "Então, fiquei muito feliz em saber que o Estado do Pará está entre os menores índices de obesidade. Essa é uma preocupação nossa. Sabemos que para muitos alunos a alimentação na escola e, às vezes, a única refeição que eles recebem. Então a gente procura fazer com que ela seja o mais natural possível", frisa a nutricionista. No máximo, os estudantes recebem dois mingaus por mês. 

Exemplo

No CREI Professor Orlando Bitar, em sistema de tempo integral, a nutricionista Rita Figueiredo, 38 anos, acompanha de perto as atividades da filha Maya Souza, 4 anos, inclusive, a alimentação. "Na escola, tem uma atenção especial de preparar os alimentos de acordo com as diretrizes do bem alimentar, principalmente buscando não oferecer ultraprocessados e os alimentos são preparados sempre com baixa quantidade de sal e de açúcar, com bastante fruta, e isso para mim é muito importante, porque como ela fica o dia todo precisa de uma alimentação que seja de acordo com a alimentação das crianças", destaca. Rita observa que, nas famílias, a alimentação dos pais deve ser saudável para servir de referência para os filhos.

Para a nutricionista Josiana Kely Moreira da Silva, o exemplo faz toda diferença. "A família, os pais e/ou responsáveis pela criança devem fazer os ajustes necessários à alimentação, mostrando a importância de conhecer os alimentos  que necessitarão fazer parte do dia a dia familiar. É importante que a adoção do estilo de vida seja feita regulamente ajustando e organizando as refeições, principalmente com a inclusão de frutas nos lanches e sobremesas, a adição de verduras e legumes no almoço e jantar, a ingestão de água no decorrer, além de optar por variações entre os tubérculos, castanhas e cereais integrais, no cardápio", salienta. Josiana alerta que "os principais efeitos da obesidade infantil na vida adulta estão relacionados ao aparecimento de outras doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes mellitus, hipertensão arterial, alterações no colesterol, doenças hepáticas, doenças relacionadas ao sistema músculo esqueléticas, como artrose, e diversos tipos de câncer, além das doenças psicológicas, como a ansiedade e depressão", arremata. 

 

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