Recreação deve ser prioridade e não "perda de tempo", orienta psicóloga
Descobertas e autoestima são proporcionadas por momentos de relaxamento e interação

Buscar momentos de fazer algo de que se gosta, brincar com os filhos, praticar esporte ou algum hobbie são atividades estruturais para a qualidade de vida das pessoas diante de uma sociedade que vive com pressa, recheada de compromissos sucessivos. A psicóloga infantil Juliana Carneiro, mestre em Análise do Comportamento Aplicado ao Transtorno do Espectro Autista (UFPA), observa que a recreação pode ser definida como o comportamento de brincar, em que o indivíduo emite comportamentos espontâneos e prazerosos para ele. "Durante esse momento, o indivíduo, de qualquer faixa etária está estimulando sua habilidade cognitiva, emocional, criativa e social. A recreação pode favorecer a aquisição de novos comportamentos, por meio da brincadeira em si ou da observação de outras pessoas que também estão participando do momento", observa.
No caso de uma pessoa com o Transtorno do Especto Autista (TEA), Juliana pontua que a recreação é fundamental principalmente para o desenvolvimento de habilidades sociais, visto que indivíduos com TEA apresentam déficits nessas habilidades. "Durante a recreação, é possivel ensinar regras sociais (como aguardar sua vez, compartilhar, cooperar para alcançar um objetivo), estimular a fala ( fazer e responder perguntas), estimular o seguimento de instruções (seguir as instrucoes de um jogo) e proporcionar momentos prazerosos para o indivíduo. Sendo importante conhecer cada indivíduo, entender suas habilidades e limitações, para inclui-lo da melhor forma na recreação", salienta a psicóloga. Em tempo, em 12 de setembro celebra-se o Dia Nacional da Recreação.
Na agenda
Juliana Carneiro constata que a sociedade mostra-se acelerada, "em que tirar um tempo de qualidade para ficar com os que amamos acaba ficando para 'quando tiver uma folga' ao invés de ser uma prioridade". "Eu digo para as familias das crianças que atendo que tirar um tempo para brincar com os filhos precisa estar na agenda, junto dos demais compromissos da semana. Esse comprometimento também deve ser estendido aos jovens, adultos e idosos. É importante encaixar em nossas agendas, um tempo para fazer algo que gostamos e não somente nossas obrigações", acrescenta.
A psicóloga destaca que este é o mês da conscientização contra o suicídio, e, então, deve-se abordar a saúde mental mais do que nunca. "E uma das formas de cultivar a nossa saúde mental, é sermos gentis conosco e proporcionar em nossa agenda esses momentos de recreação. É importante que olhemos para esses momentos como uma estratégia de dar mais leveza e prazer na nossa vida e evitar pensar que estamos “perdendo tempo”.
Integração
O casal Mariella Leal (publicitária) e Saullo Magalhães (assistente administrativo) tem um filho de três anos, com TEA. Mariella conta que fica muito satisfeita quando brinca com o filho Kalil, porque "quando ele está feliz eu fico feliz também". Ela ensina para o filho como descobrir e aproveitar os brinquedos. "A gente aproveita esse momento de recreação para ele (o filho) adquirir alguma habilidade", observa Saullo.
"A recreação contribui com a saúde mental, física da pessoa em qualquer idade", salienta Mariella. No caso da família, Saullo e Mariella revelam que gostam muito de dançar com o filho, de passear com o menino, indo tomar banho de piscina, igarapé, e outras atividades que propiciem bem-estar a todos.
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