CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Rainha das Rainhas 2020 fala sobre o reinado prolongado

Concurso não ocorrerá em 2021 por conta da pandemia de coronavírus

Eduardo Laviano
fonte

A Rainha das Rainhas 2020, Juliane Moraes, sonhou a vida toda com o dia que pisaria no palco do concurso e o venceria. Acabou virando o sonho de toda a família, que se reunia todos os anos para acompanhar o concurso pela TV.

"Eu, criança, ficava imitando as candidatas no espelho. Desde quando eu nasci, falavam que eu seria Rainha. Me criei assistindo o concurso. Nem consigo nomear uma participante favorita, pois eu era apaixonada por todas, achava tudo muito lindo. É um mundo que, até hoje, encaro como fantástico", diz ela, que se consagrou campeã na noite de 15 de fevereiro de 2020 - exatamente um mês antes da Organização Mundial da Saúde declarar a pandemia de coronavírus.

Juliane admite que jamais imaginou que o feito que ela se preparou a vida para conquistar seria concretizado em um cenário tão atípico. De imediato, ela chegou a ficar preocupada, pois as vencedoras do concurso vivem um ano de eventos, compromissos oficiais e diversas oportunidades de trabalho. Mas, apesar de tudo, ela avalia que não tem do que reclamar.

"Por ter um reinado em um ano tão difícil, perdi algumas coisas. Não fiz tudo o que as outras Rainhas fizeram, mas procurei aproveitar ao máximo o que o concurso proporcionou. Acho que, considerando as circunstâncias, consegui trabalhar muito, mesmo pela internet. Não me lamento ter perdido algo, pois sei que tudo que acontece é por conta do que Deus quer. Tenho certeza que aproveitei tudo o que tinha que aproveitar", conta ela, que tem 20 anos.

Parte desta tranquilidade é explicada por um êxtase prolongado que o título trouxe para Juliane - e que dura até hoje. Ela lembra que a vitória do concurso em si já foi uma realização para ela e toda a família, que sempre a apoiou.

"Quando cheguei em casa, vieram me contar que no momento em que fui anunciada campeã todos foram para a rua, compraram fogos de artifício e fizeram a maior comemoração. Eu dancei um tema afrobrasileiro de cunho religioso e até minha avó, que é bem adventista, apoiou. Ela me abençoou e eu fui. E ganhei", afirma, que interpretou Eparrei Iansã no palco do Hangar, em traje assinado por Gabriel Carvalho e André Chagas.

Juliane levou a Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Pará rumo a um título inédito, mas este não foi o único paradigma que ela quebrou. Por ser negra, da periferia e, nas palavras dela, baixinha (tem 1m55), não faltaram comentários negativos na internet, inclusive de cunho racista, por ela ser muito diferente das vencedoras dos anos anteriores.

"Eu mesma nem cheguei a ler os comentários racistas. Minha equipe que lia e me falava. Eu estava tão feliz e eufórica que isso não conseguiu me derrubar. Não vou dizer que não fiquei triste, mas não me abalou. Eu sabia que o problema não estava em mim, mas sim nas pessoas que não possuem respeito pelo próximo. É muito fácil julgar o trabalho dos outros pelas aparências, sem saber o que passamos até chegar lá", avalia.

Na opinião dela, muitas pessoas criaram uma concepção do concurso que não condiz com a realidade do Pará, especialmente quando o assunto é miscigenação, inclusão e diversidade.

"Não existem somente mulheres brancas, super altas e de olhos claros. Independente do padrão europeu ou amazônida, toda menina tem sua beleza e todas que pisam lá merecem. Mas, naquela noite, só uma poderia ganhar. Acabou sendo eu. Mas represento a garra de todas as concorrentes e de todas as mulheres do estado", afirma.

Ela, que começou a dançar aos quatro anos de idade, conta que está focada no curso de odontologia, uma oportunidade que o concurso deu a ela como um dos prêmios, mas admite que pensa em participar de outros concursos - só depois que coroar a sucessora, claro. 

"As pessoas pensam que o concurso de beleza é só o físico, mas o Rainha das Rainhas prova que é muito além disso. O psicológico é bem mais importante, pois se a mente não está bem, nada está. Falam muito da resistência corporal, por conta das fantasias, mas na hora é a resistência da mente que segura a gente. Levo essa lição para a vida", diz ela, que ao refletir sobre o reinado mais longo que o usual.

Em comunicado oficial divulgado nesta sexta-feira (12), o Grupo Liberal e o Sindiclubes anunciaram que a 75ª edição do Rainha das Rainhas do Carnaval não será realizada em 2021, pois, assim como a organização de "outros grandes eventos  carnavalescos pelo Brasil, o Grupo Liberal entende que a retomada de festas deste porte deve ser feita com responsabilidade", devido a pandemia de Covid-19.


"O Grupo Liberal agradece aos paraenses que fazem o Rainha das Rainhas ser o maior concurso de beleza e fantasia da Amazônia. E destaca que a coordenação, juntamente com o SindiClubes, diretoria dos clubes, estilistas, coreógrafos e maquiadores, trabalhará dedicadamente para realizar, em 2022, a edição que marcará a celebração dos 75 anos do Rainhas", diz a nota.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM